domingo, 21 de novembro de 2010

MAIS RESPEITO QUE SOU TUA MÃE.

A função da familia é amparar. Sempre digo isso pra minha mãe, qdo ela fica irritada com alguem da familia por algum motivo. Passávamos férias em Iguaba Grande e as confusões sempre aconteciam. Levávamos amigos, casais com filhos, primos, tios. Dormiamos em colchonetes com ventiladores Arno, circuladores Eletrolux. Éramos felizes e sabíamos. Uma das tias batia com o pano de prato molhado no tio quando este bebia muito. Papai voltava cambaleante do bar. Caíamos de bicicleta, ralávamos joelho. "Reutilizávamos" o tíquete que comprávamos na padaria pela manhã para comprar o pão à tarde... er... bem... era o mesmo tiquete, entendeu?! A burra da atentende nunca desconfiou que nós, crianças, roubávamos a padaria, hoje falida, claro. A fila do Bamerindus, primeiro banco da Iguaba não tinha preferencial. Falar com vovó no posto telefônico, sempre aos domingos às 8h, porque depois, a fila ia longe. Mamãe era dona de um bordão: quando queria desligar e vovó não deixava, ela começava: "Fica com Deus, mamãe". Era repetido ao menos 8 vezes. "Lá vem dona Fica Com Deus Mamãe", um dia ouvi a mocinha falar para a amiga. Era mamãe. Sabe o que eu disse pra ela? "Mais respeito, ela é a minha mãe". Pra finalizar o parágrafo, mamãe uma vez brigou nas Lojas Americanas pois o atendente destratou vovó. Sabe o que ela disse? "Mais respeito, que ela não é a sua mãe, mas é a minha!". Familia.

Poucas vezes em teatro, e eu sei que este é o sinal, choro e rio ao mesmo tempo. Choro pela situação e rio com lágrimas nos olhos quando a piada fatal vem em seqüência. Isto é identificação. Em "Mais respeito que sou tua mãe!" isto aconteceu novamente. A peça é fruto de um blog que virou teatro na Espanha, Portugal, Argentina e agora Brasil. Por aqui, claro, só Miguel Falabella para traduzir melhor que ninguém a peça para o nosso universo. E faz perfeitamente. Sabe o tom certo para a hora de emocionar e a hora de fazer rir. Sem contar na vasta experiência em contar histórias de familias de subúrbio, principalmente o carioca. Miguel Falabella é uma marca, uma referencia de qualidade, talento e bom gosto.

É dele também a direção, o que facilita na hora de traduzir e vice-versa. Uma peça ágil, onde a protagonista, ora narradora, ora participante das cenas, conta para nós o que é ser aquela mulher. A opção por dividir com a platéia a humanidade da personagem é um acerto total, visto que o carisma de Cláudia Jimenez é contagiante. Acerto também para as cores de figurino e cenário, luz, fotografia nas cenas. Tudo perfeito.


Ao talento de Miguel somam-se profissionais de alto nivel. José Dias assina uma cenografia muito simpática, criativa, funcional e totalmente preparada para que a estrela seja a mãe. Não é à toa que é um mestre na área. O figurino de Sônia Soares é de extrema correção, bom gosto e adequado as cores da peça: tons preto e branco. Apenas uma cueca Calvin Klain com o elástico aparecendo a marca, destoa da familia pobre. Ficaria mais interessante se fosse uma cueca falsa, não uma original bem a mostra. Sônia é generosa com o figurino de Cláudia Jimenez e tudo que a atriz veste lhe cai muito bem. A luz de Carlos Lafert explora e embeleza mais ainda o cenário, as cenas e os atores. Gostei muito do contra-luz na janela da cozinha e o céu estrelado. A trilha sonora de Leandro Lapagesse é muito interessante, pois ilustra e abraça as cenas.

Compõem o elenco, atores em crescimento profissional: Frank Borges, Sara Freitas, Gabriel Borges e Séfora Rangel. Henrique Cesar faz um avô liberal muito divertido. Ernani Moraes é cúmplice, generoso, amigo e parceiro de Cláudia Jimenez faz tempo. A sintonia dos dois é muito boa. Ele é o próprio machão e pai de familia desempregado do suburbio carioca. Perfeito.

E Claudia Jimenez? Meu Deus, obrigado novamente por me permitir vê-la em cena (momento "eu sou fã"). O tempo de comédia, as caras, os olhares, a velocidade com que vira o rosto e solta a bomba da piada, a verve, o carisma, tudo é perfeito. Cláudia Jimenez, que já me fez rir muito em "Como encher um biquini selvagem", me fez rir com seu mau-humor em "Vida Alheia" e me fez chorar em "No Natal a gente vem te buscar", agora me faz rir e chorar ao mesmo tempo. Sinceramente, o prêmio de melhor atriz de 2010, pra mim é dela.

Familia. Ruim com eles, pior sem eles. As vezes é brabo, às vezes é bom. Não importa. É com eles que vamos contar sempre. "Mais Respeito que sou tua Mãe" é a melhor peça em cartaz atualmente no Rio. Já vi muita coisa. Todas excelentes, vocês acompanham por aqui meus comentários, mas nenhuma delas supera esta. Se existe perfeição em comédia, "Mais respeito que sou tua mãe" está aí para servir de exemplo.

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IMPERDIVEL MESMO!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mamma Mia em SP!

FONTE: O GLOBO

SÃO PAULO - Após ser visto por 45 milhões de pessoas, o espetáculo "Mamma mia!" estreia dia 11 de novembro no Teatro Abril, em São Paulo, com 32 atores e 10 músicos ao vivo. Mas, como ocorre nos 10 teatros onde está em cartaz pelo mundo, o musical não precisa de tecla SAP ou legendas para ser compreendido. Tudo é em bom e claro português, desde os diálogos às canções do grupo Abba, como "The winner takes it all", "Dancing queen" e "Take a chance on me", que dão o tom à comédia romântica.

A tarefa de fazer versões para os hits do quarteto sueco coube a Cláudio Botelho, outro nome forte na onda de musicais que vem conquistando o Brasil.

- É muito importante que em cada país o idioma do país consiga transmitir a emoção da história, é a melhor forma de a platéia se identificar com os personagens - diz o diretor musical David Holcenberg, que acompanhou os ensaios da peça ao lado de Robert McQueen (diretor associado) e Janet Rothernet (coreógrafa associada). O diretor e coreógrafo Floriano Nogueira serviu de elo entre elenco e os criadores estrangeiros, enquanto o maestro Paulo Nogueira cuidou de conservar nos arranjos os acordes originais de todas as canções, que são executadas e cantadas ao vivo em todas as sessões.

A montagem tem à frente dois dos nomes mais conhecidos do circuito musical brasileiro: Kiara Sasso e Saulo Vasconcelos. É da atriz de 31 anos o papel de Donna Sheridan, que na refilmagem para o cinema de 2008 foi desempenhado por Meryl Streep, então com 59 anos. Mas Kiara, até por conta dessa diferença de idade, por pouco não é escalada para a produção:

- Quando começaram a seleção do elenco, eu estava fora do país. Mas não me importei, já que me achava velha demais para fazer o papel de Sophie e nova demais para ser a mãe dela - conta a atriz.

Só que os diretores enxergaram nela a Donna perfeita assim que ela, motivada por colegas, fez teste para "Mamma mia!".

- A diferença principal agora é que eu, em vez de ser a mocinha, sou a mãe da mocinha - compara.

A mocinha no caso é a Sophie (Pati Amoroso), que, às vésperas de se casar, cisma de investigar quem é seu pai, segredo mantido a sete chaves pela mãe. Para isso, convida para a festa os três homens com quem Donna se relacionou na época em que engravidou: Sam Carmichael (Saulo Vasconcelos), Bill Austin (Carlos Arruza) e Harry Bright (Cleto Baccic).

Independentemente do desconforto que seu personagem tenha diante da situação, Saulo se sente em casa quando atua com Kiara.

- Eu e a Kiara temos um entrosamento muito grande, dentro e fora do palco. Aliás, este é o primeiro papel que faço sem máscara com ela neste teatro - lembra o ator, que foi o monstro de "A Bela e a Fera" (2002/2003) e o personagem-título de "O fantasma da ópera" (2005/2007). Em ambas os dois formaram par romântico, situação que se repetiu em "A noviça rebelde" (2008/2009), no Casagrande, Rio, e Teatro Alfa, em São Paulo.

O Teatro Abril fica na Av. Brigadeiro Luís Antônio 411, na Bela Vista, região central paulistana. Sessões às quartas, quintas e sextas, às 21h; sábs., às 17h e 21h; e dom., às 16h e 20h. Os ingressos, com preços entre R$ 80 (balcão, às quartas, quintas e domingos) e R$ 250 (setor VIP, às sextas e sábados), podem ser comprados pelo fone 4003-5588 (válido para todo o país).