quarta-feira, 29 de abril de 2009

A CASA DA MADRINHA

Fui na estréia da peça infantil e... prefiro não comentar. Assim a gente não faz inimigos.
Mas, como toda produção tem seu mérito, vá ver a peça, descubra os méritos e tire suas conclusões.
Abraços.

OS ESTONIANOS

No meu vizinho Teatro Poeira (o teatro da Andréa Beltrão e da Marieta Severo, em Botafogo) está em cartaz até fim de maio "Os Estonianos".

O texto da Julia Espadaccini é muito ágil, divertido, interessante e rico em detalhes e em situações atuais sobre, também, relacionamentos, duvidas freudianas e a vontade de se livrar da prisão em que nós mesmos nos inserimos. Como diz o psiquiatra Paulo Rebelato, em entrevista para a revistga gaúcha Red 32, o máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisao na qual quer viver. E é desta prisão que os personagens querem se libertar. Quem sabe achando que ir morar na Estônia seja a solução?

A direção do Jorge Caetano é segura e eficiente. Pontua as cenas com boas e divertidas marcas, deixando os atores preocupados apenas com o texto e com suas proprias atuações. Sem grandes balés no palco. Claro que tudo isso é pontuado por cenas deliciosas de comédia, e o diretor faz isso muito bem. Pequenos toques que fazem toda a diferença no espetáculo.

O cenário é composto por "bancos" (ok, nem tudo é banco, mas tudo é sentável) de onde saem e entram os objetos de cena e parte do figurino. Muito bem construídos e muito bem escolhidos.

O figurino é bom. O bacana é que todos os atores têm alguma peça de roupa que os incomoda, assim como nas suas vidas. E no fim da peça, esta peça de roupa é retirada. Para alivio geral e individual.

Eu gosto muito da luz. É da Ana Kutner, uma das atrizes da peça. Usa os refletores com sabedoria e competencia.

Os atores estão todos muito bem. Todos com verdade e entrega aos seus papéis. Eu destaco Jorge Caetano. Talvez por ser o diretor da peça e da Cia de Teatro Casa de Jorge, ele tem dominio total sobre o texto e sobre as cenas. Sempre que abre a boca, nao se ouve uma mosca no teatro.

Um espetáculo delicioso. Dei várias gargalhadas, daquelas minhas que contagia a platéia. Vá ver. É muito bom.

Até já!

MARIA STUART

Quase no fim da temporada da peça Maria Stuart, no CCBB, vai minha opinião.

A historia a gente ja sabe. O texto é de Frederich Schiller e conta a boa e velha historia da rainha da escócia que foi aprisionada pela rainha da inglaterra. Esta ultima, por ciume ou dispeito, e por grana, claro, resolve matar a rival escocesa. Mais ou menos isso. Se quiser saber vá ver a peça. É muito texto, disso nao podemos deixar de falar, e muito bem traduzido por Manuel Bandeira. Tudo bem datado, como "ide" em vez do simples "vá", só pra dar exemplo. Mas soa bem aos ouvidos. A gente entende toda a trama e nao perde uma palavra sequer.

A direção do Antônio Gilberto é limpa, sem salamaleques, segura e, posso ousar dizer, elegante. Conduz com maestria os atores principais, dá agilidade às cenas, mesmo com bifões gigantescos, e por incrivel que parece nao nos dá sono. So peço que atente para alguns atores que estão comendo as ultimas silabas das palavras. Varias vezes aconteceu durante a récita que assistimos.

O cenário do Helio Eichibauer conta apenas de um super praticável (tablado) e uma cadeira de Rainha. Este praticável serve para tudo: masmorra, trono, colina, mesa... otimo casamento da direção com o cenário. Muito bem construido por sinal.

A luz do Tomás Ribas é o grande cenário e o grande feito da peça. Linda luz. Usando sempre branco, amarelo e vermelho, divide as cenas, auxilia, ilumina, brilha, esconde, gera dúvida, enfim, tudo que o texto pede e a direção solicita. Linda luz, parabéns.

O figurino do Marcelo Pies é muito interessante. Todos em tons de vermelho para os seguidores da Rainha, e tons de preto para os seguidores de Mary Stuart. Mas nada tão vermelho assim. Alguns personagens, em momentos de dúvida se apoiam ou nao uma ou outra "rainha" têm seu figurino manchado de vermelho, para os que usam preto, e manchados de preto, para os que seguem a Rainha da Inglaterra e estao vestidos de vermelho. Sábia intenção. Ninguem é 100% a favor desta ou daquela versão dos fatos. Sempre há a dúvida. E as borras nos tecidos, vestimentas, é exatamente isso. Ou será que to viajando? Mas assim entendi.

Já o elenco, primeiro os homens. Variando entre o fraquissimo e o excelente, é muito desigual. Destaque para os atores mais experientes, que dominam a cena e conduzem com maestria as cenas. Gosto do Mario Borges, mas o acho um pouco exagerado. Só um pouco. Gosto muito de Ednei Giovernazzi, que entra em cena e arrebenta!

Das atrizes, Amélia Bittencourt é a ama de Mary Stuart, confidente e amiga, quase a mãe da Rainha, e está otima. Sabe fazer este papel com diginidade. Menos satisfatória é Clarice Niskier, que nao está de toda ruim, mas tem frases que merecem ser esquecidas para nao manchar sua carreira de atriz, como na cena em que brada "Eu sou a Rainha da Inglaterra"... minha vontade era me esconder de vergonha.

Já Julia Lemmertz, esta sim, uma brilhante atriz. Sabe tudo. Domina cada frase com maestria. Tem todas as intenções das vírgulas na ponta da língua! É uma atriz completa. Corpo, voz, interpretação, dedicação. Um exemplo para todas as gerações. A peça é ela!

Pra quem gosta de teatro, o espetáculo é imperdível. Três horas sentados numa poltrona apertada do CCBB é pra quem gosta muito de teatro. E como vivo disso, e amo Teatro, fiquei muito feliz em ver a peça.

Vá e tire suas proprias conclusões. Eu recomento.

RELAÇÕES

Até dia 10 de maio está em cartaz a peça Relações, do meu amigo Leandro Muniz, no Teatro da Casa da Gávea. Se você gosta da discussão, muito bem humorada, de como está o comportamento das pessoas quando se diz "num relacionamento", não perca. É diversão na certa.

O texto é ágil, rapido, engraçado e pontua todos os tipos de relações entra casais, suas brigas, encontros, desencontros e acertos. Tudo muito bem escrito e pensado para que o ator, atores, possam dizer o texto com fluência. A direção do proprio Leandro, opta por valorizar o texto e deixa os atores sem definir personagens, mas isso nao importa, pois as relações é que são as estrelas da peça. Por isso é um espetaculo divertidissimo.

Nao tem cenário, nem figurino, e nem luz. As unicas referencias de figurino sao simples e que apenas completam o texto.

Os atores estão todos dedicadissimos ao espetáculo e se encaixam perfeitamente no jogo de palavras proposto pelo autor-diretor.

Vale muito mesmo à pena ver a peça do Leandro. Cada vez melhor na escrita, ele nos brinda com hilarios e inteligentes diálogos.

Nao Perca!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

3 peças vistas e 2 a serem vistas

Leitores,sei que voces sao assiduos, porem como nao os conheço, nao faço ideia de quantos sao. Isso nao importa. O q importa é que fui ver as peças "A casa da madrinha" - infantil, e as adultas "Relações" e "Maria Stuart". Em breve farei os comentários sobre as três. Este fim de semana vou assistir a 2 peças e também publicarei comentários sobre as mesmas.
Aguardem!
Abraços

sábado, 4 de abril de 2009

RISO SOLTO e RINGUE DA COMÉDIA

Dois espetáculos, mesmo teatro (Vanucci), quatro atores. Três do Ringue, um do Riso. Começando pelo Ringue.

Ringue da Comédia é mais um espetaculo de esquetes ao estilo Terça Insana, Os Pândegos, PoutpourRir, Cócegas, Surto... mais um. Nada além, nada além de uma ilusao... So posso criticar os atores, pq nao tem cenário nem luz e o figurino é bem simples para cada um dos personagens criados. O ator mais seguro é o André Silveira, conhecido pelo seu trocador de onibus que se apresentou no Domingão do Faustão. Mas tirando o trocador, seus outros personagens nao merecem grandes destaques. Tem uma atriz, que infelizmente nao sei o nome, que está ótima no personagem que imita Marisa Monte. Essa menina vai longe, pois tem voz, canta bem e seus personagens sao completamente diferentes um do outro. Tem ainda uma lourinha que só destaco um personagem que ela faz imitando uma ninfeta cuja fala é problemática e a gente nem entende muito o que ela fala. Muito bom. De resto, é mais uma comédia neste ringue que é nossa vida teatral carioca.

Riso Solto é o solo do Alessandro do Vale. Ele está excepcionalmente seguro no palco. Acompanho o Alessandro há pelo menos 3 anos e vi seu amadurecimento e sua perseverança. Eu sempre acredito que o exercício da presença no palco é o único remédio para se conseguir um ótimo desempenho diante das câmeras de TV. E Alessandro ouviu meus conselhos há muito tempo ditos. A peça é uma bobagem, também costura de pequenos esquetes. É o que chamamos de “show de humor”, onde, pra variar, o Zé Povinho se amarra. As velhas piadas sobre homossexuais estão lá. E todos se acabam de rir. As velhas piadas sobre Deus estão lá e... adivinhem? Idem! Ponto pro Zé Povinho. E com essa troca entre Alessandro e o publico, quem ganha é o espetáculo. É a diversão. A peça tem até cenário, muito bem construído e desenhado, que abriga todo o figurino que Alessandro usa em cena para divertir o publico no seu show de humor. É, sem duvida, um show feito com amor. Amor pela arte de divertir a platéia, amor pelo seu oficio. O texto deixa a desejar, mas o que me importa seu carinho agora... e por aí vai. E se agrada ao Zé Povinho... como diria Ancelmo Góis... deve ser terrível... você sabe.

Não deixem de assistir aos espetáculos e de tirarem suas próprias conclusões. Pra quem não quer pensar e apenas dar uns risos soltos aqui e acolá, neste ringue da comédia que é nossa vida, vá ao Teatro Vanucci e divirta-se!

Abraços!

ESSA NOSSA CANÇÃO

O musical "Essa nossa canção", em cartaz na Maison de France, é um excelente espetaculo sobre o amor, as doenças dos amores, as alegrias e, acima de tudo, é um musical sobre a possibilidade da realização de um sonho. Uma letrista anonima encontra um musico famoso e resolvem fazer uma parceria, que vira um casamento profissional e pessoal também. O texto é muito divertido, com piadas rapidas e engraçadas. Mas o melhor mesmo é que as musicas da peça se encaixam perfeitamente no andar da carruagem do espetáculo.

A cenografia é ótima! Os objetos escolhidos para identificar o lugar, o país, o tempo histórico, estao muito bem definidas, bem construidas e muito bem resolvidas. Destaco as projeções que, no momento do apartamento em NY, nos mostra um Andy Warroll tradicional de Marilin Monroe. Lindo. Porém os figurinos, do Ney Madeira, sao o grande destaque desta parte técnica. ÒTIMOS!! Divertidos, bem confeccionados e imponentes. A luz muito bme desenhada, com exploração dos mooving lights dá o tom do "show" que é o espetaculo nos numeros musicais.

A direção musical da Liliane Seco, que comanda toda uma gama de musicos, é ótima. Os arranjos modernos e gostosos de ouvir nos faz querer subir ao palco e cantar junto com os protagonistas.

A direção do espetaculo é mais que segura, pois a peça veio da broadway junto com o diretor. Entao... tranquilo. Ele ja sabe o que dá certo e melhora o que nao dá certo. Mas tudo dá certo, e por isso é bom.

Os atores principais, Tadeu Aguiar e Amanda Costa estao muito seguros no palco. Amanda canta divinamente bem e parece que o musical foi feito para os dois, escrito para eles. É uma delicia vê-los em cena.

O musical, apesar de ser uma superprodução, tem uma historia bem simples e despretenciosa. Nao se está discutindo nada além do amor à profissao e ao proximo. Mas o que importa é que diverte, e muito, o publico, que, definitivamente aplaude de pé oe spetaculo no final. Eu também.

Até já;