sexta-feira, 29 de abril de 2011

NEW YORK, NEW YORK

Em uma breve temporada em São Paulo neste abril varonil, pude acompanhar duas peças que já estiveram em cartaz por aqui. Uma, "Toc Toc" (Teatro Gazeta), onde os personagens divertem a platéia com suas manias, numa inesperada terapia coletiva; e "Mais respeito que sou tua mãe" (Teatro Procópio Ferreira), com Cláudia Jimenez esbanjando competência e, infelizmente, esquecida dos prêmios de teatro. Pra mim, a melhor atriz de 2010 foi Cláudia Jimenez.

Mas nem só de comédia vivem os palcos paulistas. Atualmente, três grandes musicais estão lotando os não menos gigantescos teatros. "Mamma Mia" (Teatro Abril) já é a veterna, e recentemente "Evita" (Teatro Alfa) atrai um público fiel. O terceiro grande musical estreou dia 14 de abril, chama-se "New York, New York", no gigantesco e super confortável Teatro Bradesco.

O musical é uma adaptação do livro de Earl Mac Rauch, e que depois o próprio escritor adaptou para o cinema, com direção de Martin Scorcese. A história é a mais batida possivel: o romance entre a uma cantora e um saxofonista. Os ingredientes são os mesmos de sempre: a cantada boboca, a negação da mocinha, o rapido e inexplicavel interesse da mocinha pelo músico, o abandono do romance para uma turnée nacional, ele vai atras dela, ganha a vaga de diretor da Big Band, fazem certo sucesso, vem o fracasso, brigam, e no fim, a cantora faz um show com uma musica linda e inédita criada por ele. A música? New York, New York. Reconciliação e final feliz.

O elenco tem 54 artistas, onde 13 são bailarinos, 16 atores/cantores e 25 músicos, que formam uma legítima Big Band americana. A direção musical está a cargo de Fábio Gomes de Oliveira, e é um belo show de competência.

A direção de José Possi Neto é segura e elegante, como tudo que ele faz. Consegue ligar os numeros musicais aos momentos de apenas texto, sabe como dar a importância necessária a cada ator/bailarino e propõe à platéia embarcar naquela história de coração aberto.

A cenografia é de J.C. Serroni e aplausos de pé para todos os envolvidos nesta arte de cenografar. Serroni usa tudo: madeira, ferro, tecido, projeção, rodinhas, adesivo, enfim, tudo que é material possivel para dar vida aos diversos cenários. Destaco a cena do hotel e as projeções dos grandes salões de baile. Os figurinos, lindíssimos, são assinados por Miko Hashimoto e são muito favoráveis aos protagonistas. A iluminação é bastante competente também, mas, claro, com a quantidade de refletores disponiveis no Teatro Bradesco, criar a luz é que é o X da questão.

O elenco principal é composto por Juan Alba, que interpreta com segurança o músico saxofonista e canta muito bem; Simone Guitierrez aparece em pequenos papéis, mas sempre presente no palco, como uma coringa. Um papel criado especificamente para ela, para dar o humor ao espetáculo. Juliane Daud interpreta muito rapidamente uma Carmen Miranda, mas poderia ousar mais, se soltar mais.

E é Alessandra Maestrini a responsável pelos mais brilhantes e emocionantes momentos do musical. Uma atriz completa, Alessandra interpreta com emoção, tem uma voz linda, canta para os Deuses do teatro aplaudirem de pé, e tem um senso de humor incrivel, vide sua participação no "Toma Lá, Da Cá". Quem diria que aquela Bozena é uma excelente cantora? Tá duvidando? Corra para São Paulo e veja New York New York.

Impossivel também deixar de aplaudir os números de sapateado, principalmente de Cristiane Matallo com sua black power peruca branca. Excelente.

Ta bem, vc não mora em São Paulo e não tem a mínima idéia de como poderá assistir a esta peça... ok, então, visite São Paulo, vá jantar no Spot, hospede-se no Braston Hotel, na Martins Fontes, caminhe pela feirinha da Benedito Calixto e depois de assistir ao musical New York, New York no gigantesco Teatro Bradesco, termine sua noite com bons pedaços de pizza no balcão da Casa de Pães Bella Paulista. É programa pra ninguém botar defeito!

Nenhum comentário: