Trabalhamos juntos na peça “Avós, mulheres e couves portuguesas”, uma adaptação para teatro de um livro de uma amiga. Joana Lebreiro brilhantemente dirigiu a peça e foi dela a indicação para convidar Rita Elmôr a participar. Eu já a conhecia de outro espetáculo e foi admiração à primeira vista. Na peça, Rita trazia a força da mulher balzaquiana ao interpretar Nana Pirez, uma portuguesa.
Tive, ainda, o prazer de assistir Rita em Pai, espetáculo
solo no Galpão do Espaço Tom Jobim. Mais um show de Rita. E minha admiração e
respeito só aumentaram.
Está em cartaz no Teatro Poeirinha, de quinta a domingo, até
fim de outubro, o espetáculo ”Clarice Lispector e eu – o mundo não é chato.” .
Misturando histórias de vida de Rita e contos de Clarice Lispector, a mistura é
tão bem feita que não sabemos onde começa a Clarice e onde termina Rita. A fusão das duas começa com a ótima história
sobre um retrato de Rita Elmôr, caracterizada de Clarice que, até hoje, é
confundido como sendo de Clarice. Na época da foto, Rita interpretava a
escritora e foi premiada pelo seu ótimo trabalho.
No palco, a projeção mapeada e as duas cadeiras – criação de
Paulo Denizot – servem de apoio para as histórias. O figurino de Mel Akerman
não poderia ser mais bonito e elegante. A luz, também de Denizot, contribui
para a definição dos espaços cênicos e para a delicadeza do espetáculo.
Rubens Camelo é o diretor. Com marcações bem definidas,
gosto muito da preocupação em valorizar o texto e as nuances das palavras,
gosto mais ainda de ficar na dúvida se aqui é Clarice ou se é Rita. Acerto para
a velocidade em certos textos e calmaria e silêncio ilustrado por projeções.
Destaque para a cena em que a personagem dá carona a uma outra mulher durante
um temporal em Copacabana.
Rita está linda e excelente em cena. Solta, segura e
esperta, tem o domínio da plateia, do texto e do palco. Tudo está sob seu
controle e não há um deslize sequer. Todas as palavras são aproveitadas com
clareza e entonação, que nos faz querer saber mais de Clarice, querer abraçar e
ser amigo de Rita. É um prazer ver a sua garra, talento e competência cênica
fazendo do pequeno teatro Poeira um universo de criatividade e imaginação.
Clarice Lispector, traduzida hoje para meio mundo, está
entre os 100 escritores mais lidos na nossa era. O mundo está descobrindo
Clarice. E Rita Elmôr está nos dando de presente a chance de conhecer, a fundo,
e com inteligência, o poder de Clarice e os motivos que a tornam tão genial.
“Clarice Lispector e eu – o mundo não é chato” é um dos
melhores espetáculos de teatro em cartaz na cidade do Rio de Janeiro. Corra e
garanta já seu ingresso, pois são poucos lugares por apresentação e a casa já
está cheia! Rita Elmôr está brilhante e o espetáculo é imperdível. Aplausos de
pé.
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