Na maioria das vezes, quando vou assistir a um espetáculo,
nunca leio o programa, nem a sinopse, antes. Sempre me coloco desarmado diante
do que será apresentado. Assim, de peito aberto, me envolvo com a história,
mergulho na vida dos personagens e procuro tirar algo que me toca, me modifica.
Está em cartaz no Teatro Poeira a peça As Crianças, texto de Lucy Kirkwood, traduzido por Diego Teza. A história é, resumidamente, a chegada de uma antiga colega de profissão na casa de um casal. Eles não se veem há 40 anos. Depois de um acidente nuclear, o casal se isola do mundo e a amiga aparece para bagunçar a zona de conforto daquelas vidas e, melhor, fazer um pedido inusitado. Diego Teza adaptou o espetáculo para nossa língua, traduziu com cuidado e capricho, uma história tensa, misteriosa, cheia de pessoas vivendo nas suas zonas de conforto e ao mesmo tempo se enganando, mas que, no fundo, no fundo, são boas almas e só querem o bem.
No palco, o cenário de Rodrigo Portella e Julia Deccache é o necessário para contar a história, limpo e “sonoro”, pois as pedrinhas no chão – cada um interprete como quiser! – dão o barulho necessário para as caminhadas de silêncio. O figurino de Rita Murtinho é confortável e perfeito para aquelas pessoas. A luz de Paulo Cesar Medeiros é belíssima! Usando sombras e mudanças de humor na hora certa. Gosto também da trilha sonora de Marcelo H e Federico Puppi.
Rodrigo Portela é o diretor do momento. Gênio. Conhecia pouco seu trabalho, admito. Seu currículo é cercado de indicações e prêmios, mas foi com Tom na Fazenda que ficou conhecido do grande público. E, realmente, seu trabalho é minucioso, detalhista, ousado e seguro. Rodrigo sabe valorizar uma cena, tirar partido de um momento em que não se tem muito assunto e ele cria algo para levantar o espetáculo, nunca deixa barriga. Surpreende no fim. Destaque para a cena final, em cima da mesa. Ousadia, confiança, competência e talento.
Está em cartaz no Teatro Poeira a peça As Crianças, texto de Lucy Kirkwood, traduzido por Diego Teza. A história é, resumidamente, a chegada de uma antiga colega de profissão na casa de um casal. Eles não se veem há 40 anos. Depois de um acidente nuclear, o casal se isola do mundo e a amiga aparece para bagunçar a zona de conforto daquelas vidas e, melhor, fazer um pedido inusitado. Diego Teza adaptou o espetáculo para nossa língua, traduziu com cuidado e capricho, uma história tensa, misteriosa, cheia de pessoas vivendo nas suas zonas de conforto e ao mesmo tempo se enganando, mas que, no fundo, no fundo, são boas almas e só querem o bem.
No palco, o cenário de Rodrigo Portella e Julia Deccache é o necessário para contar a história, limpo e “sonoro”, pois as pedrinhas no chão – cada um interprete como quiser! – dão o barulho necessário para as caminhadas de silêncio. O figurino de Rita Murtinho é confortável e perfeito para aquelas pessoas. A luz de Paulo Cesar Medeiros é belíssima! Usando sombras e mudanças de humor na hora certa. Gosto também da trilha sonora de Marcelo H e Federico Puppi.
Rodrigo Portela é o diretor do momento. Gênio. Conhecia pouco seu trabalho, admito. Seu currículo é cercado de indicações e prêmios, mas foi com Tom na Fazenda que ficou conhecido do grande público. E, realmente, seu trabalho é minucioso, detalhista, ousado e seguro. Rodrigo sabe valorizar uma cena, tirar partido de um momento em que não se tem muito assunto e ele cria algo para levantar o espetáculo, nunca deixa barriga. Surpreende no fim. Destaque para a cena final, em cima da mesa. Ousadia, confiança, competência e talento.
O elenco de três atores é mais que fantástico. Analu Prestes
é Dayse, a esposa. Sou suspeito para falar de Analu. Vejo todos os seus
trabalhos, é uma artista completa. Mãos de fada no artesanato, voz doce e
firme, antenada, moderna. Sua Dayse é segura e insegura ao mesmo tempo! Como
pode? Analu faz isso com excelência! Stela Freitas é Rosa. Também sou fã.
Acompanho seus trabalhos, a maioria voltados para a comédia. Stela é de um
humor impagável, uma ironia que encanta, mas em As Crianças, é séria, é humana,
é honesta. Um dos seus melhores papeis em teatro. Alias um papel à altura de
seu talento que tem, nesta peça – e na direção deste espetáculo – um trabalho
maravilhoso. Mário Borges é Robin, o marido. Sempre ótimo, Mário é generoso e
sabe que, nesta peça, quem brilha é o outro. É colega no melhor sentido. Ele dá
de bandeja, e vibra com isso, quando Analu e Stela defendem suas personagens. É
generosidade entre os três, é companheirismo, é carinho, respeito e amor à
arte.
O que tirei desta história? Que nos momentos em que estamos na nossa zona de conforto escondemos angústias e que o preço é alto quando somos chamados à realidade. Ajudar ao próximo, empatia, vida útil, mudar o mundo enquanto estamos vivos... tudo isso passou pela minha cabeça durante e depois da peça.
As Crianças é obrigatório. Foi a primeira peça que assisti em 2019 e, sem medo de errar, já é um dos melhores espetáculos do ano. Parabéns e obrigado!!
O que tirei desta história? Que nos momentos em que estamos na nossa zona de conforto escondemos angústias e que o preço é alto quando somos chamados à realidade. Ajudar ao próximo, empatia, vida útil, mudar o mundo enquanto estamos vivos... tudo isso passou pela minha cabeça durante e depois da peça.
As Crianças é obrigatório. Foi a primeira peça que assisti em 2019 e, sem medo de errar, já é um dos melhores espetáculos do ano. Parabéns e obrigado!!
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