Não, eu não copiei a ideia da pauta do jornal O Globo de hoje
(08/07/2015). Mas, o que é bom tem que
ser divulgado.
As ideias estão aí em cima, num plano que não nos é permitido
ver, mas, de vez em quando, elas “escolhem” em quem encarnar. Algumas vezes encarnam
em duas ou mais pessoas e aí pode parecer que um copiou o outro. Nada disso. A
ideia é que quer ser divulgada. Deve existir uma assessoria de imprensa no
cosmos dizendo, entubando, insights para "pessoas chave" a fim de que produzam
alguma coisa que se relacionem. Às vezes as ideias são únicas, dando origem aos gênios. Às vezes as ideias são apresentadas em comum para uma ou mais pessoas, e aí vira sucesso!
O CEFTEM - Centro de Estudos e Formação em Teatro Musical - é um curso preparatório exclusivamente para o teatro musical, reunindo os
profissionais mais premiados e respeitados da classe teatral carioca,
idealizado pelo ator Reiner Tenente. Assim como na UNI-Rio, a montagem de fim
do curso é o resultado do aprendizado. As semelhanças são grandes,
principalmente no excelente trabalho apresentado como resultado final. Na primeira, instituição federal, o projeto tem 10 anos
e o CEFTEM apenas 2 anos.
Está em cartaz, todas as quartas-feiras de julho, no Teatro Ipanema o musical GODSPELL,
resultado do trabalho árduo de uma turma que se dedica aos musicais, mercado
que está em franca atividade, e expansão, pelo Brasil. Acredite, São Paulo é o
quarto mercado mundial de produção neste gênero (NY, Londres e Buenos Aires são
os top da lista). Então, trabalho é o que não vai faltar para esta turma. Pode
faltar patrocínio no momento, mas trabalho, não. Tomara que, em breve, o Rio
também seja incluído nesta listagem. Nosso problema são os espaços cênicos que
não permitem muita movimentação de cenários e malabarismos da direção. GODSPELL é um resumo de passagens na vida de Jesus, com ensinamentos bíblicos, na sua
idade adulta, culminando com sua crucificação.
A direção do João Fonseca dá vida nova ao trabalho quando insere
músicas da atualidade, ouvidas à exaustão nas rádios, como arranjo para as
letras do musical. Facilmente identificamos uma Beyoncé e uma Katy Parry, mas o
fantástico é transformar em samba enredo um número inteiro. Direção musical de
Tony Lucchesi, que embarcou na proposta e o resultado ficou ótimo! Sem falar que João é craque na ocupação do
espaço cênico. O Teatro Ipanema tem um palco limitado, mas nem isso impede o
trabalho de todos. Aplausos para a cena final onde blocos de madeira formam a
cruz onde Jesus é pregado. Impossível conter as lágrimas.
Por falar em cenário, Caio Loki, com orientação do fodástico Nello
Marrese, coloca à disposição da direção e atores cubos de madeira e tábuas.
Nada além do material básico predominante em todos os cenários, a madeira.
Assim como todos os estudantes que ali estão, em busca da lapidação, do melhor
para sua arte bruta, seu material básico individual, para que o resultado final
seja a melhor marchetaria possível (Agora falei bonito! Pareci até um crítico
de jornal daqueles que ninguém entende o que escreve!). O figurino, também
assinado por Caio, mostra o cidadão comum, seja povo de Jerusalém
ou de Belém do Pará, não importa, somos todos iguais quando o assunto é Jesus. A
coreografia de Victor Maia é sempre bem criativa e de qualidade. E a luz do
Luiz Paulo Nenén induz ao clima que a peça pede, dentro das limitações de
equipamentos e infraestrutura do teatro. Os músicos também merecem o
reconhecimento, jovens que estão mostrando seus talentos.
No dia que assisti, a apresentação foi realizada por metade dos 20
alunos do curso, uma vez que, no elenco, só cabem 10 atores. A outra metade
entra em cena na semana seguinte, e assim, neste revezamento, mostram seu aprendizado.
No palco estavam Giovanna Rangel, Laura Zenet, Deborah Marins, Ugo Cappelli,
Alain Catein, Carolina Botelho, Claire Nativel, Erick De Luca, Leo Bahia e Raphael
Rossatto. Todos os atores são talentosos e estão bem dirigidos. Vão se
soltando, voz e corpo, ao longo do espetáculo e, ao final, uma apoteose de
talentos em cena. Claro que tem dia em que um tá mais atacado que o outro, isto
é normal. Neste dia específico, Leo Bahia (embora novo em idade, já é macaco
velho nos musicais estudantis e agora profissionais) empresta seu talento,
juventude e experiência ao espetáculo, sendo responsável por parte das
gargalhadas. Mas Deborah Marins estava inspirada! Atriz e cantora da melhor
qualidade, sabe o momento de brilhar sozinha e emprestar seu talento para que o
companheiro seja o foco da atenção.
O que chama atenção na montagem, assim como nas outras que vi na
UNI-Rio, é a garra de todos em cena. Os atores se doando, aparecendo quando são
solicitados, um grupo forte que não perde a diversão e a seriedade em cena.
Empregando o que lhes foi ensinado, sem medo de errar. E se errar, que sirva de
lição.
Se a proposta é formar novos artistas disponíveis para os espetáculos
musicais, o alvo está bem na mira. O objetivo está sendo atingido. Aplausos de
pé para Reiner Tenente e João Fonseca, que deram um ar renovador para GODSPELL,
falando a língua de Deus na língua dos jovens. Vida longa
ao CEFTEM, vida longa a GODSPELL!
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