Recebi pelo facebook um texto
(traduzido para o português) de Heidi Priebe, onde é dito que “Nem sempre nós
ficamos com os amores das nossas vidas”. Assim como ela, eu acredito nos
grandes amores, pois já o conheci. Tive três amores verdadeiros e um, maior que
todos, que me faz acreditar em vida após a morte, predestinação, além disso
tudo aqui que vivemos. No texto, Heidi diz que “nem sempre chegamos a ficar com
os amores das nossas vidas, porque o amor não é tudo que existe. (...) Às
vezes tu tens um mundo inteiro para explorar e ele tem medo de se aventurar
fora do seu quintal”. E por aí vai. Leia mais no link abaixo.
http://jafoste.net/nem-sempre-nos-ficamos-com-os-amores-das-nossas-vidas/
http://jafoste.net/nem-sempre-nos-ficamos-com-os-amores-das-nossas-vidas/
A ótima surpresa da temporada carioca é o espetáculo Entregue seu Coração no Recuo da Bateria, em cartaz até fim de novembro no Centro Cultural da Justiça Federal, e depois irá para o Teatro Miguel Falabella, em dezembro.
Na peça, texto de Marcus Galiña e
Pedro Monteiro, uma passagem na história de um casal de Mestre-Sala e
Porta-Bandeira, em momento de crise conjugal, nos faz torcer, ora para um, ora
para o outro, por um final feliz. O amor entre os dois é inegável. Mas ele, como
bom malandro carioca, nascido e criado nas rodas de samba e nas quadras dos
grêmios recreativos, se comporta exatamente como a sociedade local o criou: o
machão viril que não dispensa uma boa saia, mesmo tendo que arrumar desculpas
para engabelar a amada. E ela, cansada disso tudo, do machismo, da falta de
respeito, das mentiras do seu amor, está ali, pronta para uma DR (discussão de
relação) definitiva, em busca da verdade, da manutenção do seu amor, salvar sua relação.
A trama acontece durante o desfile
da escola de samba, onde ambos defendem o lábaro, a bandeira, as cores da
escola. A cada jurado, uma nova tensão. A cada intervalo entre as cabines dos
jurados – são 4 – situações dramáticas acontecem, o passado vem à tona, a roupa
suja é lavada, a declaração de amor é feita, os votos de casamento pedidos.
Será que mais uma vez o garanhão irá iludir a amada e tudo ficará como antes,
ou dessa vez ela aprendeu a lição e seguirá seu caminho deixando o amado roer
beira de calçada e provar que ela é o que importa para ele?
Com cenário e figurino de Marieta
Spada, ótimos nos figurinos e simples no cenário (mas de bom gosto), Marieta dá espaço, leveza, brilho e beleza nas cores harmônicas do
figurino, e na certeza de que o cenário está ali para completar um romance, e
não concorrer com ele. A luz, de Fernanda e Tiago Mantovani é sempre bonita e
competente. A direção musical e trilha sonora, de Marcelo Alonso Neves bebe na
fonte dos maiores hits dos sambas-enredo e nos faz ter a certeza de que o Rio de
Janeiro é a capital do samba. Que prazer escutar e relembrar cada desfile
vencedor, cujo refrão tem tudo a ver com a cena que estamos assistindo.
Gabriela Estevão, a Porta-Bandeira, mostra seu poder de convencimento na primeira fala, do lado de
fora do teatro, na concentração da escola, deixando a plateia boquiaberta com
sua força de interpretação. Pedro Monteiro, o Mestre-Sala, capricha na
cafajestagem, no naturalismo em que interpreta as tentativas de reconquistar a
amada, na verdade do amor que aquele personagem sente por ela. É difícil não
torcer pelo amor quando temos estes dois atores dedicados e parceiros no palco.
Jorge Luiz Jeronymo é o elo de ligação, às vezes narrador, às vezes personagem
principal, conduzindo os dois representantes máximos da agremiação no amor pela escola. É dele os momentos em que a plateia se põe a pensar, a
conhecer o passado de cada personagem. Como um preparador dos passistas, como um
pai, como um amigo fiel, seu personagem é aquele que queremos abraçar no fim e
agradecer por tudo que foi ensinado.
Joana Lebreiro é a diretora.
Fugindo da sua forma de dirigir - e olha que considero Joana uma das melhores diretoras
de teatro da atualidade - neste espetáculo ela se reinventa, traça caminhos não
óbvios, acalma a história, deixa fluir na cadência do samba o passo dos
personagens e o tempo necessário para que se consiga atingir os objetivos de
cada cena. Joana entendeu a rigidez do ato de ser Mestre-Sala e Porta-Bandeira
e se rendeu aos jurados imaginários do desfile de escola de samba, e faz o
espetáculo passar pela avenida do palco aclamado pelo publico nas arquibancadas.
O amor existe, eu garanto a você,
leitor. E é para poucos o prazer de encontrar a metade da laranja e viver com
ela. Só encontrar o seu amor, entre 7 bilhões de pessoas no planeta já é uma
vitória. Mantê-lo ao lado é uma dádiva. “Talvez nós devêssemos simplesmente ser
gratos por termos encontrado essas pessoas. Por termos chegado a amá-las. Por
termos aprendido com elas. (...)”. Declare o seu amor, nem que seja no recuo a
bateria. Mas o faça. Entregue o seu coração na platéia do teatro. Deixe-se envolver com um
dos melhores espetáculos de 2016!
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