Maio de 2012, cidade
de São Paulo, Vale do Anhangabaú. O terceiro show da série “As Belas Tardes”,
uma produção minha com Sônia de Paula, apresentava Wanderléa para o público de 5mil pessoas. Foi o maior show da minha
carreira de produtor. Ângela Maria nunca tinha
cantado na rua para um publico tão grande. Jerry Adriani e Wanderley Cardoso
estavam, junto com Wanderléa revivendo aquelas belas tardes que encantavam as
TV’s dos anos 60. Neste dia, Wanderléa chegou, se instalou no camarim e sua apresentação foi
inesquecível. Meu amor por Wanderléa e por São Paulo estava,
para sempre, marcado na história de cada um de nós. Outra passagem rápida: no Sambódromo de SP, uma escola homenageava Ziraldo. Wanderléa estava lá no carro alegórico. Eu a levei até a concentração e antes de subir ela me deu seus anéis para segurar. Ao fim do desfile fui buscá-la na dispersão e ela, tensa, perguntou pelos anés. Estavam sãos e salvos nos meus dedos!
Conheci Frederico Reder nas apresentações do Circo Reder,
que inundava de crianças o Teatro dos Quatro, enquanto nós incendiávamos com
outras crianças o Teatro Clara Nunes, com Dona Baratinha. Dali em diante surgiu
uma admiração e um respeito e, sempre que estamos perto, o carinho e afeto não
nos faltam! De lá do circo pra cá, Fred devolveu ao Rio o Teatro Tereza
Rachel, rebatizado de Theatro Net Rio, ocupando a vaga de melhor teatro da cidade e
trazendo para Copacabana as melhores peças.
Fred sabe que a maioria do público que ocupa as plateias
nos dias de hoje é a terceira idade. Além disso, sabe
que Copacabana é o bairro favorito desta turma. Ora, o que faz um homem inteligente
como ele? Se junta com Marcos Nauer e cria um espetáculo diferente, inovador,
bonito, emocionante falando da melhor época daqueles que ocupam as poltronas do teatro. Um Documentário Musical, sério,
que reúne os mais importantes acontecimentos de uma década. Assim surge “60! Década de Arromba - doc.musical"
O espetáculo é um documentário com números musicais, onde
Frederico Reder, criador com Marcos Nauer, bebe na fonte do circo - magia, riso - e tem como a cereja do bolo uma estrela nacional para arrebatar os corações. Tudo isto você encontra neste doc.musical. Um novo gênero teatral acaba de surgir. A década de 60
passada em 3 horas, divertindo, emocionando, relembrando a riqueza daquele período.
A equipe técnica é da melhor qualidade: excelentes
figurinos de Bruno Perlato – bem confeccionados, estampas bonitas, perfeição na
recomposição da época; o competente e colorido cenário de Natália Lana, se
fazendo presente na grande tela de tv na boca de cena e nos adereços colocados
na entrada do balcão, com destaque para o cinema; as projeções e vídeos de Thiago Stauffer retratando os
melhores momentos da década; e tudo isto muito bem iluminado por Daniela
Sanches, que sabe a importância das projeções e painel de LED e consegue
integrar o elenco nos vídeos como se estivessem neles. Um show de talentos!
Fred se juntou com os dois nomes mais em evidência do teatro
musical brasileiro: Victor Maia nas coreografias e Tony Lucchesi na direção
musical. Sem medo de errar, este é o melhor
trabalho de Victor Maia em coreografia de musicais. Acompanho sua evolução e, aqui, Victor
está seguro, apaixonado pela sua arte e consegue nos fazer dançar sentados nas
poltronas junto com o elenco. Tony conduz a alma das canções,
dirigindo os músicos que são os órgãos vitais para que as canções sejam um
sucesso. E consegue. Dois profissionais que estão ali de corpo e alma,
dedicados, emocionados e felizes com as suas realizações.
O numeroso elenco reflete dedicação e alegria visíveis. Tenho que
destacar Analu Pimenta, Cassia Raquel, Erika Affonso, Leo Araujo, Rodrigo Naice
e Tauã Delmiro. A todos o meu aplauso de pé.
E quando você pensa que já se emocionou com a Barbie, o Ken,
a Tropicália, a Bossa Nova, a Jovem Guarda, Elis, as mortes brutas, os
artistas que nos deixaram, a feiura da ditadura, a liberdade de Hair, eis que
surge, no topo da escada, Wanderléa! Linda, forte, lenda viva, cantando! A
plateia vem abaixo! Impossível não se emocionar com a aparição. São os anos 60
voltando com força total, personificados em Wanderléa, que nos acolhe, nos
abraça com seu olhar, sua alegria. Musa, diva, rainha, deusa, elas gritam! E Wanderléa é isto e
muito mais.
Obrigado Frederico
Reder e Marcos Nauer. Obrigado Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr. Obrigado Victor
Maia e Tony Lucchesi, toda equipe de criação, músicos e atores, por este espetáculo
lindo, de bom gosto, divertido, emocionante e que valoriza a cultura
brasileira, mostra um pouco do que foram os anos 60. Só o amor nos dá forças para passarmos por esta fase
conturbada do mundo. Nosso país desmoronando, o conservadorismo crescendo. É o
tempo do amor! Viva o doc.musical 60! Que o amor com que todos os envolvidos
demonstram em seu trabalho se espalhe por toda a plateia que assistir ao
musical. Aplausos de pé emocionados.
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