quarta-feira, 19 de agosto de 2015

LISBELA E O PRISIONEIRO - O MUSICAL


Conheci o Frederico Reder quando estávamos, ao mesmo tempo, em cartaz no Shopping da Gávea. Eu produzindo O Casamento de Dona Baratinha, ele O Circo Reder. Era um sucesso. Quando o teatro de um lotava, doávamos publico para lotar o do outro. E nesta função ficamos mais de 2 meses com as casas cheias. Bons tempos em que o teatro infantil bombava na Gávea. De lá, Frederico abriu o Net Rio, trazendo o Teatro Tereza Rachel de volta para os cariocas. Uma das melhores salas de espetáculo da cidade, não há dúvida.

Quando pequeno, costumávamos ir aos circos, lá na Praça Onze, onde o recém falecido Orlando Orfei pousava a sua lona e fascinava as crianças cariocas. Foi ali que me apaixonei por trapezistas, mágicos e palhaços. Talvez daí venha também meu lado bufão, que tem por prazer fazer os amigos rirem.

Juntando as duas histórias acima, fui assistir, no Teatro Net Rio – Sala Tereza Rachel, o simpático espetáculo Lisbela e o Prisioneiro – o Musical. A história, adaptada por Francisca Braga, conta a vinda de Leléu, um artista de circo, a uma cidade do interior, com sua trupe, após ter ser envolvido com a esposa de um matador. Nesta cidade, conhece Lisbela, noiva de Douglas, recém chegado do Rio de Janeiro. Leléu e Lisbela se apaixonam. E o furdunço começa. É matador pagando promessa, é noivo em busca do romance perdido, é pai bastante preocupado com a filha... Tudo bem temperado com humor, gírias e sotaques. Faz um tempo história de Osman Lins teve montagem dirigida por Guel Arraes no teatro e no cinema.

O circo fica muito bem integrado no espetáculo. Temos o prazer de assistir a números de tecido, argolas, correntes, chicotes e palhaços, a maioria pelos ares! É louvável o casamento do circo com o teatro. E, de volta às origens, Frederico Reder traz para o seu teatro um espetáculo com o circo, ao vivo, no palco. Um encanto para todas as idades.

Além dos números musicais, a história é amparadas por canções executadas ao vivo por uma banda. Estão ali Caetano (que havia composto uma musica especialmente para o filme), Pixinguinha, Zé Ramalho, Dominguinhos, entre outros. A plateia canta junto.

Luiz Araújo é Leléu, dono do circo e “o prisioneiro”. Um ótimo ator com preparo físico e vocal, dedicado ao espetáculo. Lígia Paula Machado é Lisbela. Carismática, bonita, também muito preparada e estudada. Ligia se preparou e arriscou mostrar seu talento para quem não a conhecia. O publico torce para que Lisbela consiga se desfazer das amarras e cair nos braços de Leléu. Beto Marden é Douglas, o carioca-noivo. Hilário!! Construiu muito bem seu personagem coadjuvante que rouba as cenas, mesmo calado, só com o olhar. É o responsável pelas gargalhadas da plateia. Nill de Padua é o pai da mocinha e defende com bravura sua rebenta! Milene Vianna é a meiga Fransisquinha, namorada do atrapalhado Cabo Citonho, personagem de Jonatan Motta, que também toca violino em cena. Dan Rosseto é o bandidão que veio vingar o par de chifres que ganhou de sua mulher Inaura, interpretado por Millene Ramalho. Todos estão muito bem em seus papéis e mostram que são um grupo unido. Completando o elenco, os acrobatas Roger Pedenzza e Tarik Henrique


A cenografia é composta por duas escadas em curva que levam ao topo de uma boca-de-cena, como nos circos antigos. Tudo com rodízios, permitindo diferentes configurações para as cenas, números musicais e circenses. Criação de Kleber Montanheiro que também assina o figurino e a iluminação.

Dirigindo o espetáculo, Ligia Paula Machado e Dan Rosseto conseguem mesclar, com sucesso, teatro, circo e dança, sem prejudicar o andamento do espetáculo. Utilizam com confiança o palco, mas, por causa da altura do palco, os números circenses ficam prejudicados. Porém não tira o brilho da peça. Ainda apoiando a direção, a coreografia, assinada pela dupla, é bem executada. Dyonisio Moreno é o diretor musical comandando sete músicos!


Se o objetivo do grupo era mostrar-se preparado para encarar tanto a cena teatral paulista quanto a carioca, acertaram em cheio. Sou fã de quem “empurra o mundo pra frente”, se produz, e não fica acomodado esperando um convite cair do céu. Com esta peça, temos um grupo unido e preparado para estar em qualquer musical, peça comercial, clássicos, programas de televisão e filmes nacionais. Este é um espetáculo que comprova a qualidade de cada um. Lisbela e o Prisioneiro – o Musical, consegue reunir, com méritos, circo, teatro, dança e música. Agrada a crianças e adultos. Um espetáculo para toda a família e que merece todo nosso aplauso.

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