Desafio qualquer um a ficar
parado diante da bateria de uma escola de samba. Tenho certeza que pelo menos
seu coração irá bater mais forte. Comigo é sempre assim quando vejo a comissão de
frente e a água da Portela. Algo que não se explica. Lágrimas aparecem do nada,
sem pedir autorização e rolam com facilidade. Amor? Condicionamento? Não se
explica, sente-se.
É com todo conhecimento de causa
que Gustavo Gasparani apresenta no Rio mais um belíssimo espetáculo sobre sambas.
Não há dúvidas do amor que Gustavo sente pelo ritmo. Desde 2005 vem se
dedicando a pesquisas sobre uma dramaturgia genuinamente brasileira. Como resultado,
em 2010 lançou, com Eduardo Rieche, parceiro de outros musicais, o livro “Em
busca de um teatro musical carioca” (Ed. Imprensa Oficial – SP), um apanhado
dos textos de musicais sobre o tema, resultado da pesquisa. Estão na lista “Otelo da Mangueira” (2006), “Opereta Carioca” (2008), “Oui, oui... A
França é Aqui!! - A Revista do Ano,” (2010), “As Mimosas da Praça Tiradentes”
(2012). “Samba Futebol Clube” (2014) foi o mais recente apresentado. Todos
tendo o samba como foco.
Aproveitando as comemorações do centenário
do ritmo, surgiu SamBRA, em parceria com a Aventura Entretenimento e a
Musickeria. É claro que o ritmo jamais vai morrer. Sempre haverá uma roda de pagode,
um compositor novo, um padrinho de olhos e ouvidos atentos, e o mais
importante: público ávido por novidades.
Tudo é perfeito em SamBRA.
Texto, ritmo, direção, elenco, cenário, figurino, projeções, coreografia,
músicos, direção musical, coreografias, técnica, produção. Tudo, tudo e tudo é
de alto nível e de excelente qualidade. As escolhas das músicas, a organização
do roteiro, bebendo nas melhores fontes, recortando letras e transformando em
texto, é um resultado contagiante.
Gustavo, além de assinar o
texto, também é o diretor do musical. Esta atividade rendeu indicações e
premios no musical sobre a união do samba com futebol, duas paixões nacionais.
Não há dúvidas de que indicações virão por SamBra. Entradas e saídas de cena,
tanto de cenário quanto elenco, ocupação de todo o palco, alternância de
artistas protagonizando cenas, escolha dos momentos de emoção levadas ao
extremo. Sábio trabalho.
A equipe é de craques. Vai vendo
os nomes: cenário, Helio Eichibauer, figurino de Marília Carneiro e Reinaldo
Elias, luz de Paulo Cesar Medeiros, direção musical de Nando Duarte, coreografia e direção de movimento de Renato Vieira, vídeos de Thiago Stauffer. Tudo é harmonioso, bonito e funciona a tempo e a hora com exatidão.
O elenco reúne os nomes mais aclamados, talentosos, afinados e presentes em vários musicais: Gustavo Gasparani, Alan Rocha, Ana Velloso, Beatriz Rabello, Bruno
Quixote, Édio Nunes, Lilian Valeska, Mauricio Detoni, Patrícia Costa e Wladimir
Pinheiro, que encabeçam o conjunto, com mais 7 integrantes. E o melhor: todos sabem sambar!!
Sem mais delongas, SamBRA fica em cartaz até dia 06 de dezembro (dia do meu aniversário - anotem!). Tempo
suficiente para conferir, no Teatro João Caetano, Praça Tiradentes, um dos
berços do samba, esta homenagem ao ritmo tipicamente brasileiro (e por que não,
carioca?) que está no DNA de todos nós. Ótima oportunidade para assistir a um
musical de qualidade, com tema nacional e que valoriza algo que é nosso. O Rio precisa da volta dos antigos espetáculos para turistas e moradores, que falam sobre samba e SamBRA ocupa esta lacuna com mais competência. Torço para que esteja em cartaz durante as Olimpíadas! Vida longa a SamBRA!
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