terça-feira, 23 de junho de 2009

Estréia da peça A SECRETARIA DO PRESIDENTE

Eu sei q estou devendo comentários sobre as últimas peças que assisti, mas (tem sempre um mas...) como estou produzindo "A Secretária do Presidente" tá complicado parar pra escrever...

Já que toquei no assunto, a peça estréia dia 30 de junho no Teatro Cândido Mendes. Apresentações às terças e quartas às 21h, de 30 de junho a 16 de setembro.

Venha rir conosco.

E, claro, faça seus comentários!!!

Até já.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Peças que assisti

No fim de semana fui ver "O Zoológico de Vidro" (Ensaio aberto) e "Mal Entendido". Em breve conto pra vocês o que penso sobre os espetáculos, mas, para os curiosos, adianto que gostei muito das duas peças. Hoje passo o dia nos ensaios da peça "A Secretária do Presidente" que estréia dia 30 de junho no Teatro Cândido Mendes. E, como diria aquele personagem.,.. Levante e Brilhe!
Abraços!

sábado, 13 de junho de 2009

Basta de lero lero… (por Deolinda Vilhena)

Artigo de Deolinda Vilhena (jornalista, produtora, Doutora em Estudos teatrais pela Sorbonne, pós-doutoranda em Teatro na ECA/USP), publicado no terra, em 12/6/2009

Nada como ser coerente na vida, e em discípula de André Malraux que dizia em Les voix du silence que “a arte, como o amor, não é prazer mas paixão”, aproveito a data de hoje, Dia dos Namorados, para declarar minha eterna paixão pelo (bom!) teatro. Essa paixão alimenta minha eterna esperança, ainda que quase sempre termine em desilusão, com os rumos que ele toma nessa terra sem dono - para não dizer coisa pior, a exemplo do que disse o Carlos Minc, há uns dias atrás - em que se transformou esse nosso Brasil.

A acreditar na atual Constituição e nos deuses da Democracia, o atual governo chega ao fim em 31 de dezembro de 2010, ou seja, daqui a um e meio. Oito anos confiados a esse governo por uma significativa parcela da população, governo que entrará para a história do “nunca, jamais se viu nesse país” por ter passado seis anos e meio discutindo e rediscutindo as possíveis alterações de uma lei, a tal lei Rouanet.

Aliás, no lugar do Embaixador Sérgio Paulo Rouanet, eu já teria entrado com uma ação judicial exigindo que tirassem meu nome da dita cuja, porque do jeito que a coisa anda o coitado deve passar o dia com a orelha em chamas…

Faço parte da minoria que perdeu o jogo democrático, não elegi esse governo por não acreditar ser possível governar sem projeto, coisa que o Partido dos Trabalhadores ignorava. Incompetência ou prepotência o tempo dirá. Porém, se levarmos em conta as tentativas fracassadas de eleger um presidente, não se pode dizer que faltou tempo hábil para preparar um. E, se há uma pasta onde essa ausência de programa excedeu, ela pasta é a da Cultura, na qual vivemos há seis anos e meio em ritmo de “ensaio”, privando toda uma classe de “estreias”.

Desde que, há dois anos, fui obrigada a voltar do meu doce e voluntário exílio parisiense, perdi a conta dos e-mails, convites, abaixo-assinados e convocações que recebi para participar das “discussões” em torno das propostas de alteração na Lei Rouanet. Com medo de parecer “afrancesada”, e temendo ser malhada como de hábito acontece nesse país, mesmo não tendo vocação e muito menos talento para ser torturada como fizeram com a nossa “brazilian bombshell”, aceitei alguns convites. Na maioria das vezes sofri calada diante das sandices discutidas.

Confesso aqui, publicamente, o meu martírio. Essas discussões sem fim e sem conteúdo soavam (soam!) como um castigo para quem passou cinco anos e meio estudando num país - a França, berço do método e do cartesianismo - onde o debate é prática ensinada nas escolas, e onde qualquer criança de 10 anos dá um banho em 90% dos nossos pseudo-intelectuais, no quesito argumento, simplesmente porque a “berceuse” delas inclui uma boa dose de tese, antítese e síntese.

Mas depois de dois anos de mordaça voluntária, decidi abrir a boca, soltar o verbo e desde já peço desculpas aos navegantes usando a máxima de Montaigne, “je donne mon avis non comme bon mais comme mien”. Algo como, dou a minha opinião não como boa, mas como minha…

Em primeiro lugar gostaria que alguém me explicasse e/ou justificasse o baixíssimo, para não dizer irrisório, orçamento do ministério da Cultura? Isso não tem nada a ver com a existência das Leis de Incentivo. Isso é a prova cabal do desinteresse dos governantes desse país pelo quesito cultura.

Contraditório desinteresse uma vez que, o mesmo governo permite que empresas como a Petrobras, o Banco do Brasil e o BNDES, juntos, invistam mais em cultura do que o próprio ministério por ela responsável.

Não podemos negar que a Lei Sarney, ancestral da combalida Lei Rouanet, foi na visão de muitos - e entre eles o grande Celso Furtado, cuja única mancha na biografia foi ter sido ministro da Cultura de José Sarney - foi uma grande conquista da sociedade brasileira num momento difícil de transição democrática, pois tinha como objetivo permitir à sociedade escolher diretamente o que ela queria ver produzido.

Mas, a ilusão durou pouco, e o que se viu em seguida foi um Estado transferindo suas obrigações, seus deveres e last bu not least seu próprio fundo de caixa para as mais diversas empresas, entre as quais muitas estatais, como as citadas pouco acima.

Constato, sem saudosismo algum e muita vergonha, que os ditadores desse país foram os únicos a esboçar, um arremedo talvez, políticas públicas nesse país na área da cultura. Porque ao contrário da esquerda mundial que via a cultura como uma estratégia para o desenvolvimento social e econômico de uma nação, no Brasil essa visão pertenceu sempre à direita no que ela tinha de pior, a ditadura Vargas e a ditadura militar, talvez porque mesmo de maneira equivocada eles tivessem um projeto de Nação.

Teixeira Coelho disse em um artigo que “as ditaduras não gostam de projetos que transferem, do Estado para a sociedade civil, parte do poder de decidir o que vai ser feito em cultura”. Concordo com a afirmação dele, mas discordo da solução encontrada pelo governo. Com que direito se dá à iniciativa privada o poder de decidir o que será feito em matéria de cultura no país, e, mais grave, fazendo isso com dinheiro público?

A iniciativa privada pode - e deve - produzir o que ela bem entender. Desde que o faça, com o seu próprio dinheiro.

Longe de mim, incentivar a criação de uma arte oficial, mas acho ridículo se falar dos riscos do dirigismo cultural que corre nossa frágil democracia. Cá entre nós vocês acham que a França é um país onde existe arte oficial ou dirigismo cultural? Nem o mais insano dos insanos ousaria afirmar isso, e, no entanto, a França é o país onde o Estado mais investe em cultura por habitante no mundo.

Mas se é para encarar o dirigismo cultural, confesso que nessa matéria integro a turma que acredita que o menos nocivo dos mecenas ainda é o Estado, desde que democrático de direito. Ao dirigismo cultural implantado pelo marketing coorporativo prefiro o do Estado. Talvez porque tenha compreendido há muito que a democracia nunca será culturalmente pluralista, contrariamente ao que se imagina, porque haverá sempre uma preferência a determinar uma moda, além da opinião pública.

Infelizmente o pluralismo não existe nesta matéria. Há o politicamente correto. Eu desejaria que fosse pluralista, mas não creio que seja possível e sei que haverá sempre escolhas abusivas. Todos os ministérios sempre fizeram e todos os grupos de pressão sempre fizeram escolhas abusivas. Mesmo boas escolhas são escolhas abusivas. Mesmo no século XVII quando Luís XIV apóia Molière, Corneille, Racine, ele é abusivo porque muitos foram preteridos e, talvez não fossem tão bons quanto, mas tivessem também valor.

E o sistema continua abusivo, continua sendo a escolha de uma época e de um grupo de pressão que até pode impor qualidade, mas que impõe o seu gosto. Infelizmente a democracia não é democrática em matéria de cultura contrariamente ao que se crê porque, com efeito, há sempre um grupo social que dirige os outros e que impõe, contra os quais as pessoas não ousam ir contra, com isso não se pode dizer que a democracia é pluralista em matéria de cultura.

Ariane Mnouchkine costuma dizer que o teatro irriga necessariamente a sociedade como um todo, talvez por isso as grandes empresas não se interessem por ele, mas com certeza isso legitima, sem complexo, o modo de financiamento público do teatro. E, Mnouchkine diz mais: “não é ilegítimo nem ilógico pensar que a cultura deveria ser subvencionada por todos os ministérios aos quais presta serviços incomensuráveis. É notório que somos bons para a saúde mental, que somos preventivos contra a delinqüência e a violência, eficazes contra a ignorância, portador da honrosa imagem da França no exterior, nós somos, por conseguinte, indispensáveis aos ministérios da Saúde, da Justiça, do Interior, da Educação nacional, do Turismo e das Relações exteriores, sem esquecer a Juventude e os Desportos e os Assuntos sociais”.

Entretanto, ao menos no nosso Brasil, ainda que a Constituição brasileira de 1988 no artigo 215 diga: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”, a realidade é bem distinta.

Tudo está errado desde a origem. A criação das leis de incentivo fiscal tinha como objetivos trazer recursos da iniciativa privada como um paliativo para a incapacidade do governo de assumir suas responsabilidades. Nesse país onde a perversão parece endêmica, o que fez o Estado? Liberou geral. Transferiu para a iniciativa privada a responsabilidade pela criação/gestão de uma política cultural, em comum acordo com a classe artística dominante que, estabeleceu de imediato excelentes relações com os diretores de marketing.

Não vou citar exemplos, mas Deus é testemunha do beija-mão promovido pelos artistas e seus captadores de recurso nos escritórios desses diretores de marketing. Não é preciso esperar a abertura da caixa preta do Ministério da Cultura - aliás, já permitiram o acesso aos arquivos da ditadura? - para conferir os nomes dos principais ídolos nacionais envolvidos. Basta conferir nos programas das peças patrocinadas pelas principais empresas nos anos 80/90 e descobrir quem estava de conluio com quem. Tinha gente que achava que patrocínio era renda vitalícia. Os captadores de recursos fizeram a festa. Sei de gente que com cinco anos de profissão construiu um patrimônio que inclui apartamentos no Leblon, casa em Búzios…em compensação, sei de gente, que com mais de 30 anos de teatro não conseguiu comprar um kitchenette na Prado Júnior.

Essas discussões de hoje são - grosso modo - um bate boca entre duas correntes da classe artística nacional, a dominante - que não quer perder privilégios, e a dominada - cansada de apanhar e disposta a brigar pelo seu quinhão.

De um lado, a classe dominante, a que tem acesso aos diretores de marketing, dona dos espetáculos que integram a chamada “indústria cultural” cujo objetivo principal é o lucro; não quer que se mexa na Lei porque não se mexe em time que está ganhando.

Do outro, a classe dominada, cansada de viver à margem produzindo espetáculos engajados com a pesquisa de novas linguagens cênicas, a elaboração de uma estética, normalmente frutos de meses de ensaios regados a sanduíches e café.

Depois de seis anos e meio de bate boca, de incompetência, aliadas a tal perversão endêmica da qual falei linhas acima, chegou a hora da solução. E, essa solução passa obrigatoriamente, pela definição de um conjunto de regras claras e rigorosas a serem aplicadas e respeitadas. Pois como dizia Albert Camus em A Queda “quando as pessoas não têm caráter, é importante que haja um método”.

E esse método deve levar em consideração alguns tópicos ausentes desse debate quase tão inepto quanto ininterrupto: não existe criação artística sem educação artística e não existe teatro sem público.

No lugar de brigarmos por Leis de Incentivos deveríamos nos empenhar em lutas que obrigassem o Estado a assumir suas responsabilidades. Formando professores, fazendo valer a obrigação dos cursos de Educação artística nas escolas, do maternal ao último do Ensino médio, permitindo a formação de platéias, que garantirão num futuro distante, talvez, mas seguro, que os teatros desse país não mais vivam à míngua e, os que dele vivem percam essa postura de mendigos.

Assim como no lugar de brigar por cotas e dividir um país deveríamos lutar para que a escola pública fosse o melhor destino para todos, sem distinção de classe ou de cor de pele. Que o exemplo fosse dado de cima, obrigando vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, governadores, ministros de estado e presidente da república a educarem seus filhos e netos nas escolas municipais, estaduais e federais.

Mas nesse país quando algo funciona os picaretas se reúnem para destruí-la. É mais fácil acabar com o exame da Ordem dos Advogados do Brasil sob pretexto de que o alto índice de reprovação é prejudicial aos pseudos-advogados formados pelos “trocentos” cursos das pseudo-faculdades criadas com o aval do Governo do que fechar todos os cursos, valorizando o bom, valorizando a meritocracia, princípio republicano básico.

Mas lá vou eu fugindo do nosso tema…

Uma das provas da nossa imaturidade, e ingenuidade, no tema chegou ao meu conhecimento numa discussão recente na Escola de Belas Artes na Bahia. Fui surpreendida por uma informação de que existe há anos uma luta para que a Cultura receba o equivalente a 2% do orçamento da União. Expus à platéia a minha surpresa, explicando que a França desde 1936 e mais intensamente desde 1947 graças a um homem chamado Jean Vilar lutou durante décadas para que 1% do seu orçamento fosse destinado à Cultura. Fato que só seria possível em meados da década de 80, após a eleição presidencial de maio de 1981, de François Mitterrand que deu a Jack Lang, primeiro ministro da Cultura socialista, carta branca para tornar realidade esse sonho. E, mesmo depois de mais de meio século de lutas, na França de hoje a realidade não é mais essa. Como podemos nós, engatinhando, saindo das fraldas nessa questão, acreditar que podemos obter os tais 2%? É a hora de usar aquele conhecido bordão “menos, gente…menos”.

Na verdade o que falta ao nosso Brasil, além de maturidade da classe envolvida nessa história, são homens da envergadura de André Malraux, François Mitterrand e Jack Lang. Homens que por voluntarismo político e crença nas artes mudaram o rumo da história das políticas públicas na área da cultura na França fazendo da exceção cultural francesa um exemplo mundial.

Por que falo tanto da França? Porque é o país do primeiro ministério da Cultura, que esse ano comemora 50 anos, o país no qual o Estado mais investe em cultura por habitante no mundo, e a parte do Estado não vem apenas do ministério da Cultura, mas do ministério des Affaires étrangères et européennes, como eles chamam o ministério das Relações Exteriores, lembrem-se que a diplomacia cultural é uma invenção francesa e tem sido usada com frequência como arma de charme; do Ministério da Educação, pois como formar platéias sem passar pela Educação e vários outros.

Sou francófona e francófila assumida, mas não perdi o senso crítico, sei que existem proporções a serem guardadas, que o modelo francês não é reprodutível, e que o paraíso não existe. Mas, a política cultural francesa deveria ser, se não um exemplo, um modelo. E, como tal, ser analisado e não copiado, mas aperfeiçoado e adequado aos nossos tristes trópicos. Costumo comparar a política cultural francesa à democracia, o regime que na prática se demonstra o mais perto possível do ideal.

No dia em que um dos nossos políticos for capaz de pronunciar um discurso como o de Jack Lang, então com apenas 42 anos de idade, no dia 17 de novembro de 1981 diante da Assembléia Nacional francesa (veja aqui o site) e anunciar que o orçamento do Ministério da Cultura vai ser dobrado, que será fixada uma data objetivo para alcançar o sonhado 1%, para lembrar que toda ação governamental é cultural; que não deve existe apenas um, mas 27 ministros da Cultura no governo; para lembrar que todos os brasileiros e não apenas uma única classe social, tem direito à cultura, para identificar o combate da esquerda a um manifesto cultural e colocar o ministério pelo qual ele é o responsável “a serviço de um projeto de civilização”, nesse dia nós teremos percorrido a metade do caminho em busca da implementação de uma verdadeira política pública para o teatro brasileiro.

Enquanto não formos capazes de produzir e eleger homens com a envergadura de Malraux, Mitterrand e Lang, enquanto nosso Congresso Nacional tiver a cara que vemos diariamente nas televisões e nos jornais, nós vamos continuar discutindo, discutindo, discutindo… e nossas políticas públicas na área da cultura farão companhia ao sonho do Brasil país do futuro, que como dizia uma canção de Toquinho, “futuro que insiste em não vir por aqui”.

PS - Não poderia fechar a coluna de hoje sem falar da tragédia do AF-447. Para isso faço minhas as palavras de Antoine Pouillieute, Embaixador da França no Brasil: “O Ano da França no Brasil é um ano de partilha, de alegrias e de tristezas. Hoje, este evento está de luto pelo desaparecimento do voo AF-447. Nossos pensamentos devem se voltar para as 228 vítimas desta tragédia. Eles devem também dirigir-se a sua família a quem devemos a verdade e fraternidade: a verdade ao dizer o que nós sabemos, tudo o que sabemos; a fraternidade para ajudá-los a superar o inaceitável e fazer de um conjunto de destinos destruídos uma humanidade superior. Os desaparecidos do voo AF-447 estão em nossos corações: tenhamos um instante de recolhimento por eles. Obrigado, Antoine Pouillieute, Embaixador da França no Brasil”

Deolinda Vilhena é jornalista, produtora, Doutora em Estudos teatrais pela Sorbonne, pós-doutoranda em Teatro na ECA/USP com bolsa da FAPESP

quinta-feira, 11 de junho de 2009

ADIVINHA QUEM É??

Hairspray Broadway Musical Tour Montage

Enquanto a versão brasileira não chega, data prevista pra dia 06 de julho, fica aqui um aperitivo. Na montagem brasileira, que vai estrear no Oi Casa Grande, Edson Celulari vai fazer o papel de John Travolta. Bem... na verdade fará o papel da mãe da gordinha protagonista. Vamos rir muito disso!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

ESTRANHO CASAL




Quem na vida nunca teve q abrigar um amigo necessitado? Nem q fosse por uma noite? E se essa noite virasse semana, um mês, um ano? Loucura total seria? Pois quando estive em Lisboa, hospedado na casa do meu amigo-irmão, a primeira coisa q fiz quando cheguei na casa dele foi trocar os móveis da sala de lugar e arrumar todos os seus sapatos num lugar distante do quarto dele. Claro que quando ele chegou tomou um susto! Queria os sapatos mais perto dele! Já os móveis... bem, ficaram como eu deixei. Durante o mês em que lá estive, fiz o possivel pra não incomodá-lo. Lavei louça, fiz almoço e jantar, lavamos roupa... ei... pera ai! Isso parece tema da peça "Estranho Casal"!

Pois está em cartaz no Teatro do Leblon, a comédia Estranho Casal, de Neil Simon. A peça é mais ou menos o que relato acima, apenas difere da minha história pelo fato de que os dois homens estão separados de suas mulheres e precisam morar juntos. Um toma pra si as tarefas domésticas enquanto o outro toma pra si a tarefa de desarrumar tudo. Na verdade, o bagunceiro está adorando isso tudo. E o arrumadinho também. Porém quando o assunto é mulher na jogada, literalmente, pois eles adoram um jogo de pôker, a coisa muda de figura. E é aí que as frustrações, cobranças, diferenças de comportamentos, começam a aflorar e as brigas de casal se tornam uma constante.

Toda a equipe técnica é escolhida a dedo. Cenários de José Dias, figurino de Ney Madeira, luz de Paulo Cesar Medeiros e trilha sonora de Billy Forghieri. E, logicamente, o resultado nao poderia ser outro. Tudo funciona. Tudo é muito bem escolhido, pensado e executado.

A tradução da peça é do autor de novelas Gilberto Braga, que segue à risca a necessidade de velocidade do texto e consegue utilizar palavras que nos é muito familiar, e, com isso, nos faz ficar cada vez mais perto daquela história, como se estivéssemos inseridos naquele apartamento.

A direção de Celso Nunes, que como bem disse um dos meus amigos que foram comigo à peça, é um primor: "ainda bem que existe um diretor que sabe dirigir comédia". Ele foi além: "é tão bem dirigido que todos os atores estão fazendo a mesma peça". É isso mesmo. Às vezes vamos ao teatro e cada ator está fazendo um espetáculo, um tempo diferente dos demais, cada um na sua. Aqui não. É tudo sincronizado. Todos estão se entregando aos seus papéis e não se preocupando em aparecer mais que o outro. A direção vai ganhar o prêmio Shell de teatro. Anote aí.

Tudo isso não teria acontecido se Edson Fieschi e Carmo Dalla Veccia, os protagonista, nao tivessem lido a peça, visto o filme e reunído um elenco engraçadissimo de homens (Leonardo Netto, Marcelo Varzea, Marcos Ácher e Rogério Freitas) e um elenco hilariante e brilhante de mulheres (Bel Garcia e Susana Ribeiro) que roubam a peça como duas gaúchas gostosonas. Edson e Carmo, como os amigos que dividem apartamento, estão excepcionalmente bem em seus papéis. Totalmente à vontade como se a peça fosse escrita para eles.

Um espetáculo para vários prêmios de teatro. Totalmente profissional que não deixa a menor duvida na platéia de que o ingresso pago vai ser devolvido em gragalhadas inesquecíveis.

Este é imperdível. Uma aula de teatro.

O Zoológico de Vidro (The Glass Menagerie)

Estréia esta semana, no Teatro Maison de France.
Vamos todos?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

QUANDO AS MÁQUINAS PARAM

Está em cartaz na sala Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim, a peça "Quando as máquinas param", de Plinio Marcos, escrita em 1967. Mas parece q foi escrita em dezembro de 2008, quando a crise economica mundial, atual desculpa para demissoes, diminuição de verbas, aumento dos lucros dos empresários, passou a ser manchete dos jornais do mundo todo. O drama vivido pelo casal pode perfeitamente estar inserido em qualquer classe social hoje de qualquer país do mundo. Seja em Portugal, ou no Rio de Janeiro, ter um cobrador batendo à porta, ou um telefonema dizendo q sua conta de celular nao foi paga, não é mais motivo de vergonha pra ninguém. A industria da cobrança veio justamente nos mostrar que todos, absolutamente todos nós, estamos consumindo mais, as crises estao cada vez mais presentes e, por incrivel que pareça, as dividas de todos nós só faz aumentar.

Comigo nao é diferente. Me identifiquei com os cobradores, com a falta de um salário fixo (ok, sou produtor, e as vezes os trabalhos somem, as vezes são tantos q nem dá pra dar conta) e com o pagar fiado pra poder continuar vivendo, ou sobrevivendo.

O texto é atualissimo. Mesmo nas discussoes entre mulher e homem, sobre a vergonha do palavrao e do que o vizinho vai achar, está tudo muito atual. Até o marido descontar suas frustrações em cima da mulher, também é atual. Nao é à toa que o numero de mulheres que fazem denuncias para a delegacia de mulheres contra agressoes sofridas pelos seus companheiros só aumenta.

Sobre a peça, a dupla de atores está muito bem em seus papéis. A atriz Ana Berttinez está tão envolvida no personagem que chega a chorar de verdade ao fim da peça. É uma otima atriz que domina totalmente a cena. Comovente. E ao seu lado, Rômulo Rodrigues dá conta do recado, só precisando melhorar um pouco algumas entonações das palavras e acreditar mais em si mesmo. Algumas vezes seu personagem escapa das suas mãos, mas ele consegue domar a fera.

O cenário e a luz estão num casamento perfeito. Adorei as lâmpadas incandescentes iluminando os atores. Mas cuidado com o excesso de jornal no piso. É gratuito? É pra incomodar? Eles sao pobres sim, mas sao limpinhos.... logo, muito jornal acaba atrapalhando até aos atores. Gosto da disposição do cenário, dos móveis de época, das "paredes" que criam uma saida estratégica. Muito bem pensado. Mas o figurino realemnte é um achado. As cores, as escolhas das roupas, a superposição de peças dizendo que são roupas doadas, e ao mesmo tempo trabalhadas" para aqueles personagens, o escudo do Corintias, a camisa azul q mais parece um uniforme, ótimo. Muito bem construído.

A direção da encenação as vezes cria uns movimentos que nao tinham necessidade, como a gafieira rapidamente dançada pelos dois atores, mas quem sou eu pra achar alguma coisa?? Só acho que nao precisava ter ação nesse momento, já q as palavras dizem tudo. Gosto do "mini flash back" de quando a mulher diz ao marido q está gravida e ele faz um comentário. A vida dos dois passa em revista, aos olhos da mulher, em segundos. Gosto disso. Gosto também das cadeiras colocadas em lugares diferentes do "olho no olho". Mas, se estivessem os atores realmente se olhando nos olhos, o rendimento deles seria muito maior. Gosto da ousadia. E gosto da fuga do lugar comum.

E como sempre digo, quando há verdade no trabalho, tanto dos atores, quanto de toda a ficha técnica, a gente ve logo. Sabemos que ali existe uma verdade, uma busca por acertar, uma vontade de fazer bem feito, uma dedicação. E a recompensa é ver este ótimo trabalho de equipe que eu recomendo a todos que assistam. Uma peça extremamente atual, feita com competência, segurança e respeito, nao só com o publico, mas com o texto e com o autor que se está propondo a encenar.

Aplausos de pé.
Até já!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O FILHO DA MÃE

Quando um assunto vira uma peça de teatro de sucesso, parece que algumas pessoas querem pegar carona na cauda do foguete. E algumas peças caroneiras conseguem alçar vôos proprios com propriedade e independencia. Falar sobre mãe é mais do que batido, mas a forma de se falar desse assunto é que transforma este ou aquele episódio teatral, o famoso "diferencial", em alguma coisa nova e divertida e emocionante.

Fui assisti ao espetáculo "O filho da mãe", que estava em cartaz no Teatro Ipanema. E deve, com certeza, passar para algum outro teatro muito em breve. A peça, escrita pela Regiana Antonini é a historia de uma mãe que mora com o filho e, como toda mãe que se preocupa com a felicidade do filho, acaba por mimá-lo e quase sufocá-lo. Com pequenas passagens de tempo, pontuadas por objetos encontrados durante a arrumação da mala de viagem do filho, a peça conta uma pequena passagem na vida desses cumplices, amigos, confidentes, controladores, enfim, amigos apesar de mãe e filho, que têm uma estrada, cada um no teu tempo, ainda a percorrer pela frente. É claro que algumas piadas foram escritas para arrancar o riso a qualquer preço da platéia, e as vezes fica um cadinho de mais da conta, uai, o excesso de vontade de fazer graça.

A peça eu digo, com todo carinho, q começa a pegar o espectador depois do primeiro 1/3 do espetáculo. Até lá, a gente fica um pouco com birra daquela mãe louca, que pensa, é inteligente e lança questões. No segundo terço da peça a gente ri de se acabar com a cena da mãe bebada e do teste da revista pra saber se o filho é ou nao é gay. E no terceiro terço, a gente se emociona, torce por eles, quer a felicidade, se lembra da nossa mãe. E como a peça é uma comédia, tem um final surpreendente, inteligente e... que lança questões.

Dentre os pontos positivos da peça, estão a propria autora, e atriz, Regiana Antonini, divertidissima como mãe, do também talentoso Pedro Nercessian. Palmas também para os deliciosos e espalhafatosos figurinos do Marcelo Marques para a mãe. Mostra bem a loucura e a suavidade que é aquela mãe. Ah, outro ponto mais que positivo, e que eu adoro, é a existencia do bordão. Depois da terceira vez que o bordão é dito, a platéia já fala sozinha, basta o personagem começar a falar.

Uma sugestao para a direção é arrumar aquela mesa cheia de copos, laptop, flores... os copos chegam em uma cena e ficam até o fim. Poderiam ser retirados sem problema, pois a mae entra e sai de cena diversas vezes. Outra sugestão é marcar mais as passagens de tempo, pois nao é só o figurino que consegue nos fazer entender que voltamos ao tempo. Um trabalho mais em cima da luz ou da sonoplatia ia auxiliar na compreensao dessas mudanças. E também como sugestão, usar mais o belo cenário do Marcelo Marques, pois tem muita beleza pra ser apenas uma composição.

Sem dúvida o patrocínio recebido foi muito bem empregado. Nós da platéia vemos que ali tem diversos trabalhos com o objetivo de colocar a peça em cartaz com qualidade e talento. Existe um trabalho caprichado, de bom gosto, feito com carinho e respeito ao publico. Eu me emocionei, eu ri, me diverti e, se voce gosta de um espetáculo leve para esquecer seu dia-a-dia, vá ver a peça e com certeza, saia de lá lançando suas proprias questões.

Até a proxima.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Que é que tá faltando?

Uma nova pérola do excelente Paulo Gustavo. Um dos poucos comediantes que me faz rir tanto que chego às lágrimas!
Divirtam-se