sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

AS TRAÇAS DA PAIXÃO

Não sei se sou privilegiado, mas sonho todas as noites. Em cada sonho, uma aventura diferente. Ora fujo de um bandido, ora de uma polícia, procuro por alguém, dou risadas e acordo rindo, choro pela morte de alguém (e algum tempo depois sempre morre algum conhecido meu... premonição?), me atiro de um prédio e acordo num salto sobre a cama. Os sonhos q eu mais gosto são aqueles que eu alço vôos pela janela. Voando alto, ou perto do céu, estou a dois passos do paraíso.

Será que, assim como eu, a casa dos meus sonhos é sempre a casa da minha infância? Por que eu nunca sonho com a minha casa atual? É sempre lá, onde eu passei meus 30 anos. Depois, mudei-me pra sempre para a Zona Sul, mas meus sonhos são tijucanos... Noite passada, por exemplo, sonhei que pegava um barco, viajava até Cabo Frio, mas desembarcava na minha casa de Iguaba, que era o apartamento da Tijuca. Céus! E os personagens? Mamãe apareceu, trouxe uma amiga, que foi-se embora com o capitão do barco. Mamãe pegava sol na praia de Cabo Frio, que de fato era a lagoa de Iguaba e eu insistia que deveríamos entrar, pois um terremoto estava para acontecer. E nós corremos para dentro da casa (o apto da Tijuca) e ficamos aguardando o tal número da escala Richter. Aí, quando o terremoto veio, eu acordei aos pulos. Dizem que são os músculos relaxando. Sei lá. Tudo muito louco.

Pois não é que me vi dentro de um sonho ao assistir ao espetáculo "As Traças da Paixão"? É um sonho louco, uma brincadeira sobre uma verdade possível. Uma história tipo sessão da tarde com final feliz e o bom e velho The End. Alcides Nogueira, responsável por várias peças de teatro e programas de televisão, assina este sonho, esta loucura possivel, este devaneiro divertido.

A direção de Marco Antonio Braz entende que o caminho é da loucura do sonho gostoso e deixa os atores a vontade para criarem seus personagens e conduz o espetáculo para esta brincadeira gostosa. A utilização de todo o cenário pelos atores, a brincadeira com o teatro infantil e o teatrão das antigas e mal intrepretado, levam o espetáculo ao divertimento, principalmente ao divertimento dos atores.

O cenário e o figurino da Juliana Fernandes, junto com a direção de arte de Maíra Knox, são bem interessantes. Gosto muito do cenário do bar e principalmente da porta do bar que vira armário no quarto. Achei lindo o espelho com a luz embaixo iluminando o momento em que a princesa da rússia aparece no "sonho" dos persoangens. Só acho um pouco carnavalesca a entrada triunfal, quase no fim da peça, da propria princesa (ou seria rainha?) da rússia num carro alegórico totalmente carnavalesco e andando no palco, empurrado por um contra-regra. Não precisa. A menos que isto fosse um elemento existente no cenário, onde o palco, a alegoria, aparecesse, tipo o armário. Já o figurino é confortável e combina com o cenário do bar e do quarto, mas a camisa vermelha (rosa?) do ultimo terço da peça em diante nao combina com nada que se veio apresentando até aquele ponto. Ainda destaco o dorso nú do Maurício Machado que nao é necessário. Mas, como tudo é um sonho bom, cada um que sonhe de acordo com o seu inconsciente!

A luz do Roberto Cohen e Célia Pagan é LINDA. As vezes se faz de cenário, como na cena do galinheiro. Lindo. Divertido. Palmas para a criação e operação da luz. Destaco ainda o vermelho da gaiola do tamanduá. Lindo mesmo. A trilha sonora de Tunica pontua o sonho com belas canções, mas, já que é um sonho bom, senti falta de pequenos barulhinhos que ajudam a criar a comédia.

E são os atores os que mais brincam com este sonho. Lucélia está 100% à vontade. Se entrega, se distrai, abraça o personagem, sem medo de errar, "se joga" com prazer no sonho louco do bem que é este texto. E não menos importante, o Maurício Machado encara seu personagem como se fosse uma realidade possível. Ele fica bem mais a vontade quando entra no galinheiro e daí segue a loucura até o fim da peça, mas até chegar a este ponto, ele pode, e deve, brincar mais, se jogar mais, deixar este sonho bom tomar conta da história, e largar um pouco de mão a verdade com que interpreta o seu Paco inicial.

"As traças da paixão" é um grande sonho bom, uma sessão da tarde divertida, caprichada, onde, assim como os sonhos, pode ser que ao acordar você se lembre dessa história por pouco tempo. Mas se voltar a dormir, pode ser que a história continue no seu inconsciente, com outros personagens, outros nomes, outros finais felizes.

Um espetáculo divertido.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

AS CONCHAMBRANÇAS DE QUADERNA

Sempre costumo contar uma historinha da minha vida que coincide com a história da peça que assito no teatro. E aí, traçado o paralelo e identificadas as coincidências, comento o que gostei e o que penso possa ser melhorado para que o espetáculo fique impecável (a meu ver, claro).

Segundo informações do programa da peça "As conchambranças de Quaderna", "conchambranças" é uma corruptela (tá bom, vá ao dicionário) de conchamblança, que significa conchavo, ajuste, combinação. O texto de Ariano Suassuna me lembrou muito os conchavos que Moliére e Feydeau escreveram em seus espetáculos de teatro, onde as combinações dão tão certo que os espectadores torcem para mocinhos e bandidos ao mesmo tempo para que, como diria Shakespeare, "tudo acabar bem, quando terminar bem".

Duas histórias, muito bem contadas pelo protagonista, começam com a armação do furdunço. Parecem confusas de início, mas é normal, pois até a gente entender o que significa "aquela gente pronta pra guerra", numa história que nos (platéia) está sendo participada naquele momento, demora um pouco. Sabe quando aquele seu amigo (vizinhos, conhados, parentes) chegam até a gente com uma história pronta pra gente dar a nossa opinião? Até a gente entender todos os detalhes demora um tempo. É essa sensação. Mas, depois que estamos apresentados aos personagens, tudo fica uma delicia só. Não vou contar nada sobre as histórias, voces vão ter que ver.

Começo a série de elogios pelo Leonardo Brício. Rapaz... a última vez que o vi no palco, ele era filho do Fagundes, numa peça com Cassia Kiss. Brício está muito maduro como ator e interpreta Quaderna com segurança, graça, sotaques e trejeitos tipicos de um nordestino. Quase um clown. Mas sem exageros! Totalmente seguro e confiante no que faz. Arrisco a dizer que ele merece ser indicado a um Prêmio Shell pelo seu trabalho.

Ainda pelos atores, Débora Lamm ("Cilada") e Dani Barros ("Inventário") dão um show à parte. São as responsáveis pelos momentos mais cômicos do espetáculo. É um prazer ver as duas atrizes duelando no palco, cada uma querendo que sua personagem ganhe mais vida que a outra e, no final, quem é beneficiado é o espectador. Eu ria só de ficar olhando as duas!

Completam o elenco Zé Wendel, Iano Salomão, Diogo Camargos e Junior Dantas , que dão o suporte que o espetáculo precisa. Já Ricardo Souzedo e Viviane Câmara também têm méritos nas suas atuações, porém ficam abaixo da média dos outros atores, principalmente na segunda história.

O cenário do Nello Marrese faz alusão ao nordeste brasileiro com as bandeiras e a sua contribuição para os painéis que se movem é a boa confecção dos mesmos. O figurino de Flávio Souza (Obrigado Jéssica! Desculpa, Flávio, errei seu nome e já consertei!) está adequado ao nordeste brasileiro e deixa os atores à vontade em cena. Assim como a luz de Renato Machado, que contribui, e muito, para o enriquecimento do cenário e das cenas marcadas pela direção.

Não foi de propósito que deixei para comentar a direção de Inez Viana. Acompanho seu trabalho não é de hoje, sou seu fã incondicional e me emocionei muito vendo “A mulher que escreveu a bíblia”. Inez dirige com competência. Sabe muito bem conduzir a peça para o objetivo do entretenimento. Seu uso de painéis andarilhos na primeira história é de uma criatividade incrível. Sensacional. A segunda história é que merece uma atenção especial, principalmente quanto se está mostrando ao público o furdunço que vem pela frente. Por termos rido muito na primeira história, a segunda começa e ficamos achando que ela não será tão boa quanto a primeira, o que não é verdade. Acredito que, com o tempo, este inicio da segunda história ganhará novas formas e aí sim tudo ficará mais divertido ainda. As duas histórias dignas de riso solto com qualidade e Inez tem todos os méritos positivos nesta montagem. Adorei.

Este espetáculo é imperdível. Aplausos de pé, com louvor a toda a equipe.

Parabéns a Inez Viana por manter vivo Ariano Suassuna em nossos palcos! Viva!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Rap da Fofoca

Amigos, estreou hoje, no Teatro Clara Nunes a peça FOFOCA. Infelizmente não pude ir, pois reuniões sempre atrasam mais que o normal... pra vocês, o Rap da Fofoca! Vamos ao teatro ver a peça?

SOPROS DE VIDA

Coloque-se na seguinte posição: você é casada há 25 anos e desconfia que ele tem uma amante. A desconfiança se concretiza, pois, de tando procurar, acaba achando, e passa a relevar a amante, visto que em casa, seu marido é um bom pai, bota o pão de cada dia na mesa e vc... bem, vai-se vivendo. O tesão já nao é mais o mesmo, e faz tempo ele nao "te procura". E quando faz, vc se assusta, mas gosta. Aí acontece o temido. Ele te larga pra ficar com a outra. Vc enlouquece de vez. Passado o tempo, ele também larga a outra e fica a vontade de ir conhecê-la, saber o que é que ela tem que você nao tem.

Passam-se alguns anos e vc resolve ir a casa dela saber "de coisas". Vc mente, dizendo que vai escrever esta história "para exorcisar o assunto" apenas para que ela conte, com riqueza de detalhes, sórdidos ou não, a história deles dois. Desde o primeiro "oi" até o último "tchau". Você se anuncia com um dia de antecedência, chega meio que de supetão e pronto, frente a frente, as duas resolvem se perguntar, se ouvir e, quem sabe lavarem uma boa roupa suja.

Esta é a idéia da peça "Sopros de vida". Confesso que fiquei esperando pelo menos um barraco entre as duas. Nao queria tapa na cara, mas queria frases mais fortes, acusações mais plausíveis, revelações surpreendentes. Não teve nada. Foi uma conversa cordial, poucas acusações, pra nao dizer blasé e elegante. Tá certo que as duas "madames" são elegantes, mas "esse homem foi meu, eu vi primeiro, ele te largou por minha causa", são frases ditas em todas as camadas sociais mundiais! Nada. Nada. É apenas um tete-à-tete para colocar pingos nos "is" e... cai o pano.

A peça tem vários méritos. Em primeirissimo lugar Nathália Timberg e Rosamaria Murtinho, que seguram a atenção da platéia e falam com verdade aquele texto que não nos comove nem empolga, mas elas estão alí, defendendo com unhas e dentes suas personagens. Elas são o espetáculo. Uma aula de interpretações.

Como dirigente, Naum Alves de Souza, marca as atrizes com belas fotografias. Da platéia, se tirarmos diversas fotos do espetáculo, todas ficarão prontas para serem adcionadas a um belo livro de fotos. Excelente mesmo as fotografias da peça. Marcação dinâmica para um assunto sem emoção.

O cenário (Celina Richers) é uma sala de uma casa numa ilha da Inglaterra. É bem decorado sim, é bem cuidado, tem carinho, mas não sei se esta casa seria decorada daquela maneira, ainda mais por se tratar de uma mulher que estuda a arte africana. Ou pelo menos foi isso que eu entendi. Talvez as janelas de aluminio não sejam as "originais de fábrica" da construção. E faltou o rodapé em todo cenário. Mas isso é uma bobagem, quem vai se preocupar com o rodapé? Eu, claro. Se a história prendesse com força o espectador, ele certamente não ia se preoucupar com o rodapé.

O figurino da Beth Filipecki é sempre elegante e confortável como deve ser para aquelas mulheres que moram no frio e estão em uma casa à beira do mar. Bonitos e leves.

E é a luz da peça (Wilson Reiz) que tem um brilho especial. Da janela vemos o dia e a noite passarem diante dos nossos olhos e as luzes da casa não ofuscam as personagens e ainda deixam tudo muito bem iluminado. Gostei muito do carinho do iluminador em colocar bambolinas para esconder os refletores em cima do palco, nao ofuscando a vista dos espectadores e iluminando muito bem as atrizes. Notei que a luz faz uma sombra nas atrizes e simula que a luz venha da janela. Gostei deste carinho, deste detalhe.

Um espetáculo que vale a pena ser visto pelo que comentei acima, mas fiquei com a sensação de que uma das mulheres perdeu tempo em visitar a outra. São de fato sopros de vida, mas eu queria tempestadas de vidas! Se era para ir lá e as duas falarem como conheceram o mesmo homem, podiam ter feito isto por email. Seria mais barato! Ok, entendo que a curiosidade feminina seria a responsável pelo encontro, mas mesmo assim, faltou ao texto um climax, um suspense, um assunto, uma "qualquer coisa" muito forte que justificasse aquela visita.

O encontro de Nathália e Rosamaria no palco é sempre imperdível!

Abraços

domingo, 17 de janeiro de 2010

NO PIANO DA PATROA

Aos nove anos de idade minha avó subiu pela primeira vez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro para sua primeira audição de piano com orquestra. Segundo relatos da própria, ela ensaiava mais de 8 horas de piano por dia! O tempo passou, ela casou, e seu primeiro marido deu o primeiro ultimato, ou o piano ou eu. Foi o primeiro golpe na vida da minha avó. Ela, nascida em 1915 e criada sob a rigidez da primeira metade do século XX, abaixou a cabeça para o marido e adeus palcos. Início de sua loucura.

Vovó teve mamãe, que me teve. Primeiro filho, primeiro neto, primeiro sobrinho. Primeiro tudo. Logicamente, "meu neto tem q tocar piano". Lá fui eu apresentado ao piano Essenfelder da minha vó. Estudei, ensaiei, treinei, conheci Bach, Mozart, Lizt, Shubert, Strauss e tantos outros compositores por poucos meses. O suficiente para aprender a ler partitura, tocar o bife, dois prelúdios, uma mazurca, duas melodias e "Pour Elise", de Beethoven. Alias, vovó ficava puta, pois tudo nas minhas mãos, e no piano, virava can-can... E eu ficava puto quando tinha que tocar piano no Natal para mostrar o que sabia. Até a primeira musica eu ia, mas depois... Can Can!

Tivemos um piano de armário e papai e eu tiramos "de ouvido" várias canções, entre elas "Anos Dourados", de Tom Jobim. Parei de estudar piano, vovó mudou de apartamento e vi seu Essenfelder de 1/4 de cauda subir janela à cima , pelo lado de fora do prédio da rua Afonso Pena, na Tijuca. Aplausos na pracinha, na rua, no prédio, no apartamento. Vovó morreu e herdamos o piano. Vendemo-no. Ele foi morar numa cobertura na Atlântica. Depois, foi para o Horto e por fim voltou para a Atlântica. Perdi o contato com aquele piano da vovó, mas, cravado em sua tampa está o nome dela para sempre, Honorina Silva, até que alguem retire a plaquinha e, por fim, os dois se separem de vez.

Assisti ao espetáculo No Piano da Patrôa, no Centro Cultural Correios, do Rio, que conta a história de um piano. Antigamente, este instrumento musical era o mais popular e vários artistas de nome como Sinhô, Villa Lobos, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga - vários outros - costumavam participar de saraus em torno do instrumento. Assim também acontece na peça. O piano é a estrela e o protagonista da peça. O texto, as musicas, os arranjos e a direção musical da peça é do apaixonado Roberto Bürgel. Tão apaixonado que vemos nos seus olhos o brilho da alegria em poder dividir sua paixão pelo piano com a platéia.

Mas a paixão as vezes causa tropeços que podem macular a imagem dos enamorados. Quantas vezes não damos presentes de mais, abraços excessivos, falamos coisas q nao deveríamos, tudo porque estamos apaixonados? Pois No Piano da Patroa tem miseros, pequeninissimos, "senões" que se consertados (ok, isto é a minha opinião) podem trensformar o namoro em casamento eterno. Por vezes temos um pianinho a mais durante uma fala atrapalha um pouco. Fala é fala, não precisa de sonoplastia. E o piano acaba atrapalhando. Outra situação é o casamento letra-musica. Em determinada canção, se nao me engano a primeira, os atores-cantores correm tanto com a letra, pra caber na musica, que perdemos parte do que estão falando. Por fim, a musica inicial da peça é um pouquinho longa. Bobagem minha? Tomara.

O cenário é excelente. Palmas para Natália Lana. Um piano visto de cima preenchendo o palco. A cenografia tira proveito de teclas para se transformarem em estantes, banco, mudando o cenário. Lindo. O figurino do Nello Marrese é bem de acordo com a época. Mas atenção ao alfaiate que confeccionou as calças dos atores, pois estão com um saco de batatas entre as pernas. Fora isso, é um lindo figurino, harmônico, elegante. E a luz do Rogério Wiltgen, como sempre, perfeita, tirando partido das teclas do piano e iluminando o piano da patroa por dentro com várias cores.

Falar da competência dos atores seria redundante. Todos estão bem em seus papéis e eu detaco a atriz que faz a patroa e a atendente da biblioteca (ou seria loja de partituras?). Parabéns aos atores pela dedicação e o belo trabalho harmonico do conjunto.

A direção da Lena Horn é leve e arruma a casa com carinho. Atenção em algumas marcas, pois vi atores falando em direção à platéia quando estavam conversando entre si... se estao falando um com o outro, olhem-se!

E sem sombra de duvida é a direção de movimento da Regina Miranda quem tem um brilho especial neste espetáculo. Palmas para a cena do momento Charleston quando se homenageia o cinema. Sem falar na harmonia de gestos e coreografias dos atores no palco. Palmas de pé.

No Piano da Patroa me emocionou pela paixão do autor Roberto Bürgel pelo piano. E me fez ficar mais um tempo ao lado da minha avó que já partiu para tocar outros pianos no céu. É um belo espetáculo, que eu gostei, um bom divertimento. Eu recomendo a todos para assistirem.

Abraços!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ENTREVISTA COM LOUSE CARDOSO



Fonte: O Globo

RIO - Ela já fez nove lipoaspirações, aplica Botox, tem tatuagens no corpo, malha o dia todo, faz natação, dança de salão, boxe e funk, não pode ouvir falar de uma novidade na ginástica que já quer experimentar. A personagem de Louise Cardoso na peça "Velha é a mãe!" tem 70 anos, mas aparenta pouco mais de 50. É casada com um médico de 85 anos, que um dia resolve largá-la. Quando sua filha, Alice (Ana Baird), vai visitá-la, numa tentativa de consolá-la, elas trocam farpas e carinhos. Com direção de João Fonseca e texto de Fábio Porchat, a peça estreia nesta sexta, às 21h, no Sesi.

Você não faz comédia há oito anos, desde "Sylvia", com direção de Aderbal Freire-Filho. Por que voltou agora?

LOUISE CARDOSO: Há muito tempo eu vinha procurando uma peça que sacudisse as pessoas na cadeira de tanto rir. Não gosto de comédia preconceituosa, que fala de judeu, negro, gay. Apareciam muitas peças assim, com as quais eu não me identificava. Até que li o texto do Fábio (Porchat) no computador. Eu dava gargalhadas.

A peça teve três ensaios abertos, na sexta, no sábado e no domingo. Como foi a reação da plateia?

LOUISE: Eu não conseguia falar. Tinha que interromper a apresentação e esperar o público parar de rir. A peça tem 67 minutos, mas levou 75 minutos, de tanta parada que teve. O Fábio está no Egito e ligou perguntando: "Alguém riu?". Falei: "Diz para ele que não estou conseguindo fazer a peça, o texto está atrapalhando." A plateia se identifica. Uma senhora falou: "Eu tenho sete ponto cinco, e tudo o que está escrito é verdade."

Por que ela é tão obcecada com exercícios e plásticas?

LOUISE: Ela quer chamar a atenção do marido. Mas acaba sendo trocada. Ela acha que é trocada por uma ninfetinha de 20 anos e aos poucos vai descobrindo a verdade.

Você já teve que dizer: "Velha é a mãe!"?

LOUISE: Não, nunca me chamaram de velha. (Risos) Nunca precisei dizer: "Velha é a mãe!".

Você já foi trocada?

LOUISE: Já, mas não vai rir. Eu tinha 40 e poucos anos, estava apaixonada, namorando há dois meses, quando ele chegou e disse: "Eu gosto é de mulata." Trocou-me por uma mulata de 20 anos. Aí não tinha como competir. Menos da metade da minha idade e mulata, que são as mulheres mais lindas do mundo! Eu, branquinha desse jeito... Liguei para um amigo chorando, e ele começou a rir. Eu me esqueci que ele era português e adora mulata.

A personagem é extremamente vaidosa. E você?

LOUISE: Sou pouquíssimo vaidosa. Nunca fiz plástica. Minha vaidade é mais intelectual e espiritual.

A personagem tem pavor de envelhecer. E você?

LOUISE: A personagem não tem nome, é como se fossem todas as mulheres que desistiram de envelhecer. Tem uma frase dela na peça: "Ficar velha é uma merda." Não sou dessa opinião, não fico revoltada. Não saio por aí espalhando que tenho 55 anos, mas, se me perguntarem, eu digo. (Risos) Sou muito antenada com o que está acontecendo. Tenho amigos de 15, 16 anos. Agora então com "Malhação" (ela é a Tia Filó da novela), eles me ligam o dia todo. Mas o bom é que a peça não julga a personagem.

Como se deu sua aproximação com João Fonseca?

LOUISE: Eu via que tudo de que ele fazia eu gostava. Ele não erra, seja comédia, drama ou musical. Falei: "Meu próximo trabalho vai ser com você." Começamos a ler várias comédias até chegar ao texto do Fábio. Eu e ele temos mania de mãe. Ele faz "Minha mãe é uma peça", eu fiz "Mãe Coragem", e agora estamos fazendo "Velha é a mãe!". Quero fazer outra peça de mãe com ele, sobre mãe judia.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

SOBRE O SHELL.

Vendo a lista dos indicados ao Prêmio Shell senti falta da Débora Duarte na indicação para melhor atriz pela peça "Adoravel Desgraçada". Ela merece. Está no mesmo nível da Beth Goulart. E ainda sobre este espetáculo, senti falta do cenário da Bia Lessa.

Merecia também uma indicação a Ana Berttinez pela peça "Quando as Máquinas Param". Excelente atuação.

No lado dos homens, senti falta do Marco Antônio Pâmio por sua atuação em "Mediano" e do Edson Fieschi por "Estranho Casal", cuja direção de Celso Nunes merecia ser lembrada.

Aos indicados, parabens. Vi suas atuações e trabalhos e estou totalmente de acordo! Destaco a indicação do João Fonseca por "Oui, oui, a França é aqui" que eu cantei a bola dia 19 de outubro do ano passado quando fui assistir a uma apresentação. Acertei na mosca!

Fim de semana promete. Devo assistir a 3 peças. Vou comentar! Ai, meu Deus!

Até já!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

INDICADOS AO PRÊMIO SHELL

Eu não te disse, João Fonseca?!

FONTE: O GLOBO

O musical "O despertar da primavera", dirigido por Charles Möeller e Cláudio Botelho, é o líder em indicações ao Prêmio Shell de Teatro, que elegerá em março os melhores espetáculos que passaram pelo Rio de Janeiro em 2009.

O musical de Duncan Sheik e Steven Sater, adaptado para o Brasil pela dupla Möeller e Botelho, concorre em cinco categorias, entre elas a de melhor direção e de melhor ator, para Rodrigo Pandolfo. O espetáculo concorre ainda por cenário (Rogério Falcão), figurino (Marcelo Pies) e iluminação (Paulo César Medeiros).

Em seguida, com quatro indicações, está outro musical: "Oui oui... A França é aqui". João Fonseca está na disputa pela direção, Solange Badin pela atuação, João Callado e Nando Duarte pela música. Pelo mesmo espetáculo, Gustavo Gasparani e Eduardo Rieche concorrem na categoria autor.

Pela atuação, disputam também Chico Diaz por "Moby Dick" e Michel Bercovitch por "Gorda". Já no quesito interpretação feminina, além de Solange Badin, as indicadas são Beth Goulart por "Simplemente eu, Clarice Lispector" e Cristina Pereira por "A tartaruga de Darwin".

Na Categoria Especial, concorrem o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), pelos 20 anos de incentivo ao teatro e demais atividades artísticas, e Márcia Rubin, pelas coreografias de "Miranda por Miranda".

A homenagem desta edição do Prêmio Shell de Teatro será prestada à atriz Eva Todor por sua trajetória no cenário artístico brasileiro.

Em julho do ano passado, foram divulgados os indicados do primeiro semestre de 2009. A peça "Avenida Q" liderou as indicações, concorrendo por direção (Charles Möeller), atriz (Sabrina Korgut), ator (André Dias) e iluminação (Paulo César Medeiros). Claudio Botelho ainda foi indicado na categoria especial, pela versão brasileira da trilha sonora do espetáculo.

Já a peça "Farsa da boa preguiça", além de disputar com "Avenida Q" nas categorias direção (João das Neves) e atriz (Bianca Byington), concorre pelo melhor figurino (Rodrigo Cohen) e música (Alexandre Elias).

Confira a lista completa dos indicados:

Autor:
(2º semestre)
- Gustavo Gasparani e Eduardo Rieche por "Oui oui... A França é aqui"
- Flávio Marinho por "Além do arco-íris"

(1º semestre)
- Lícia Manzo por "A História de Nós 2"
- Rodrigo Nogueira por "Play"

Direção:
(2º semestre)
- Bruce Gomlevesky por "Festa de família"
- Charles Möeller por "O despertar da primavera"
- João Fonseca por "Oui oui... A França é aqui"

(1º semestre)
- Charles Möeller por "Avenida Q"
- Enrique Diaz por "In on It"
- João das Neves por "Farsa da boa preguiça"

Ator:
(2º semestre)
- Chico Diaz por "Moby Dick"
- Michel Bercovitch por "Gorda"
- Rodrigo Pandolfo por "O despertar da primavera"

(1º semestre)
- André Dias por "Avenida Q"
- Fernando Eiras por "In on It"
- Otávio Augusto por "Rock N' Roll"

Atriz:
(2º semestre)
- Beth Goulart por "Simplemente eu, Clarice Lispector"
- Cristina Pereira por "A tartaruga de Darwin"
- Solange Badin por "Oui oui... A França é aqui"

(1º semestre)
- Bianca Byington por "Farsa da boa preguiça"
- Marília Pêra por "Gloriosa"
- Sabrina Korgut por "Avenida Q"

Cenário:
(2º semestre)
- Camila Toledo e Bia Lessa por "Formas breves"
- Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque por "Moby Dick"
- Rogério Falcão por "O despertar da primavera"

(1º semestre)
- Alberto Renault por "Dois irmãos"
- Carlos Alberto Nunes por "A chegada de lampião no inferno"

Figurino:
(2º semestre)
- Beth Filipecki por "As meninas"
- Marcelo Pies por "O despertar da primavera"

(1º semestre)
- Kalma Murtinho por "Gloriosa"
- Rodrigo Cohen por "Farsa da boa preguiça"

Iluminação:
(2º semestre)
- Maneco Quinderé por "Simplemente eu, Clarice Lispector"
- Paulo César Medeiros por "O despertar da primavera"

(1º semestre)
- Paulo César Medeiros por "Avenida Q"
- Renato Machado por "A chegada de lampião no inferno"

Música:
(2º semestre)
- Tim Rescala pela direção musical e arranjos de "Miranda por Miranda"
- João Callado e Nando Duarte por ""Oui oui... A França é aqui"

(1º semestre)
- Alexandre Elias por "Farsa da boa preguiça"
- Liliane Secco por "Esta nossa canção"

Categoria especial:
(2º semestre)
- CCBB pelos 20 anos de incentivo ao teatro e demais atividades artísticas
- Márcia Rubin pelas coreografias de "Miranda por Miranda"

(1º semestre)
- Claudio Botelho pela versão das músicas de "Avenida Q"
- Galpão Aplauso pela inclusão social no teatro de forma dinâmica e produtiva, através do espetáculo "Todo mundo é mundo"
- Cia. Movimento Carioca de Teatro pelo projeto de montagem de "Espia uma mulher que se mata" por sua importância para o intercâmbio cultural com o teatro latino-americano

Homenagem: Eva Todor por sua trajetória no cenário artístico brasileiro

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Hiperativo



FONTE: O GLOBO

Após quatro anos em cartaz com uma peça vista por mais de 500 mil pessoas, você imagina que ela já passou, pelo menos, pelas capitais do país. Mas Paulo Gustavo está há quatro anos e um público desses com "Minha mãe é uma peça" só no Rio.

- Não me deixam sair daqui! - brinca ele. - O público não para de aparecer, então não sai de cartaz. E quem já viu sempre me pergunta: "Quando vai vir seu próximo espetáculo?".

Neste sábado. É quando o ator que conseguiu o feito de se tornar popular sem nunca ter posto a cara na TV estreia "Hiperativo" (confira a programação), na Sala Fernanda Montenegro do Teatro do Leblon, com direção de Fernando Caruso. Em cena, haverá só Gustavo, que, hiperativo, vai fazer a nova montagem sem parar de apresentar "Minha mãe é uma peça".

"Hiperativo" é uma stand-up comedy, mas o ator não a vê como uma adesão sua à onda atual de stand-ups no Rio:

- Faço stand-up desde que nasci. Agora, só estou levando meu cotidiano ao palco - diz ele, que na primeira experiência em cinema, em "Divã", roubou a cena com só duas aparições, como o cabeleireiro René, tanto que essas duas únicas cenas foram para o trailer do longa.

De fato, é de cotidiano que o humor de Paulo Gustavo é feito. Não só porque as histórias que conta vêm da sua capacidade de observar as pessoas e a vida que o cercam, mas também porque o modo como ele as conta é mais engraçado quanto mais comezinho parece.

- Sou totalmente contra o riso pelo riso. Não gosto de comédia escrachada demais, nem de piada. Tem gente que é engraçadinho no bar e acha que, por isso, sabe fazer comédia. O humor vem, para mim, nas cenas do dia a dia. E, no palco, também procuro isso: descrevo, de modo sério, situações do cotidiano, e as pessoas riem - diz o niteroiense, de 31 anos de idade e seis de teatro profissional, filho de funcionários públicos e de uma família "de muito carinho e muita porrada".

A nova peça de Paulo Gustavo tem cinco blocos. No primeiro, ele fala das confusões por que já passou por não falar inglês direito. Numa, por exemplo, ele e a atriz Ingrid Guimarães, amigos, tentaram explicar numa loja em Nova York que eles só queriam comprar um edredom.

O segundo bloco mostra o ator discutindo seu complexo de patinho feio.

- Sempre achei que não sou bonito, ou que, por ser engraçado, chamo atenção mais pelo humor que pela beleza. Na peça, pergunto à plateia: "Tenho olho verde. Vocês estão vendo? Não, né? Viu, tô na merda". Na noite, do lado de um sarado de cabelo espetado, pareço um garçom - conta Paulo Gustavo, que no terceiro bloco demonstra a teoria de que ele é "para-raios de maluco". - Os malucos se reconhecem. Vêm atrás de mim tanto o agitado que nem eu quanto o maluco mudo, que gosta de mim porque falo por nós dois.

O quarto bloco é uma reunião de histórias sobre mãe que o ator tinha mas não incluiu em "Minha mãe é uma peça". E o quinto traz Paulo Gustavo exorcizando seu medo de avião:

- Só não dá tanto medo se vejo que tem artista importante, porque aí não cai. Uma vez, estava o Miguel Falabella. Deu uma garantida no voo. Numa outra, encontrei no avião a Fernanda Montenegro e pensei: "Nesse posso até pular".

Macbeth



FONTE: O GLOBO

Aderbal Freire-Filho quis fazer uma roda de leitura. O tema era poesia e prosa poética, e os atores que estavam na roda levaram Manuel Bandeira, Drummond, Leminski, alguns franceses. Daniel Dantas leu Cummings em inglês. Renata Sorrah não deixou por menos, e foi de Goethe no original, afinal ela fala alemão. Então, o grupo passou para Shakespeare. As leituras foram o modo escolhido pelo diretor de romances em cena como "O que diz Molero" e "O púcaro búlgaro" para iniciar a preparação de seu elenco em "Macbeth", montagem que estreia dia 15 no Teatro Tom Jobim, dentro do Jardim Botânico. Nos dias 8, 9 e 10, haverá ensaio aberto, a R$ 10. A obra traz Daniel Dantas no atormentado papel-título às voltas com um assassinato, e Renata Sorrah de Lady Macbeth, a manipuladora mulher que ajuda a atormentá-lo.

A encenação desta obra de Shakespeare é projeto antigo de Dantas, que, para a direção, convidou Freire-Filho, com quem já trabalhara em "Tio Vânia". Calhou de o convite chegar próximo a outro trabalho recente do diretor na seara de Shakespeare, "Hamlet", protagonizado por Wagner Moura.

- Foi bom os dois projetos terem vindo juntos. Mergulhei no universo de Shakespeare para "Hamlet" e pude continuar nele com "Macbeth" - conta Freire-Filho, na sua terceira experiência como diretor da obra do autor inglês, a primeira foi "As you like it", em 1985. - Comecei a ver já na tradução (que ele fez com João Dantas, filho de Daniel Dantas) essa vantagem de emendar os trabalhos com Shakespeare. Ter traduzido "Hamlet" me deu confiança para a tradução de agora. Pude me armar de ferramentas, de um glossário shakespeariano. Comecei a ter uma certa intimidade com a palavra de Shakespeare, que é uma palavra de metáforas, e generosa, porque permite vários níveis de leitura. Você percebe claramente que ele usa mais de um adjetivo para definir a mesma coisa: um adjetivo é para um público mais popular, outro, para uma plateia mais culta. O discurso dele é simples sem ser simplificador.

Nem coloquial, nem reverente

Peça 'Macbeth', com direção de Aderbal Freire-Filho e os atores Renata Sorrah e Daniel Dantas. Foto Divulgação

É daí que vêm, para Freire-Filho, os problemas de tradução que muitas vezes acometem a obra shakespeariana: querem traduzi-la levando em conta apenas um desses níveis de leitura, o supostamente mais culto, porque um dramaturgo importante como ele não poderia apenas contar uma história.

Para o diretor, porém, Shakespeare, o autor popular de seu tempo, era justamente um contador de histórias. É esse tom mais simples que Freire-Filho procura nas suas montagens do dramaturgo:

- O verdadeiramente culto e sofisticado é isso. Durante as apresentações de "Hamlet", o que eu mais gostava de fazer era ver, do fundo da plateia, o público tomar poesia na veia ao ficar ligado nas voltas daquela história.

Chegamos à poesia na roda de leitura lá do início. Freire-Filho considera que a palavra de Shakespeare também é poética e, por isso, quis acostumar o elenco de "Macbeth" com essa linguagem. Principalmente, quis que eles se habituassem a dizê-la sem declamação, para que não a tratassem "nem de forma coloquial, nem de forma reverente".

Outra forma encontrada por Freire-Filho para expressar sua visão de Shakespeare foi pela cenografia, assinada por Fernando Mello da Costa (reeditando uma parceria com o diretor que já ocorrera em peças como "As centenárias", "Moby Dick" e "Sonata de outono"). A equipe aproveitou o espaço amplo e pouco tradicional do Teatro Tom Jobim ("É um erro, mas sempre parto do teatro onde vou estrear para criar o conceito da obra; depois eu resolvo o que fazer se tiver de ir para outro lugar", afirma o diretor) para desenvolver um cenário formado por quatro palcos de 3 x 2m cada. As cenas transcorrem tanto em cima desses tablados quanto nos corredores entre eles.

Além disso, os atores sobem e descem dos quatro palcos por meio de cadeiras postas na hora por outros atores que não estejam naquela cena. Essa participação do elenco na ação, mesmo quando não está interpretando, é uma característica do trabalho de Aderbal Freire-Filho que já estava presente em "Hamlet" - onde todos os atores permaneciam sempre à vista da plateia - e mesmo antes dele, na fase dos romances em cena (livros levados para o palco):

- É um jogo de ilusão, que faz com que o público reconheça quando o ator é esse ou aquele personagem, e quando ele é ele próprio. Busco isso desde antes dos romances em cena, mas foi algo que aprimorei neles. É a consciência da ilusão, que, para mim, é a natureza do teatro. O palco naturalista é completo em si, o cinema também. O teatro, para mim não naturalista, é o que só se completa com a imaginação do espectador. Só se realiza com ela.