segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Hiperativo



FONTE: O GLOBO

Após quatro anos em cartaz com uma peça vista por mais de 500 mil pessoas, você imagina que ela já passou, pelo menos, pelas capitais do país. Mas Paulo Gustavo está há quatro anos e um público desses com "Minha mãe é uma peça" só no Rio.

- Não me deixam sair daqui! - brinca ele. - O público não para de aparecer, então não sai de cartaz. E quem já viu sempre me pergunta: "Quando vai vir seu próximo espetáculo?".

Neste sábado. É quando o ator que conseguiu o feito de se tornar popular sem nunca ter posto a cara na TV estreia "Hiperativo" (confira a programação), na Sala Fernanda Montenegro do Teatro do Leblon, com direção de Fernando Caruso. Em cena, haverá só Gustavo, que, hiperativo, vai fazer a nova montagem sem parar de apresentar "Minha mãe é uma peça".

"Hiperativo" é uma stand-up comedy, mas o ator não a vê como uma adesão sua à onda atual de stand-ups no Rio:

- Faço stand-up desde que nasci. Agora, só estou levando meu cotidiano ao palco - diz ele, que na primeira experiência em cinema, em "Divã", roubou a cena com só duas aparições, como o cabeleireiro René, tanto que essas duas únicas cenas foram para o trailer do longa.

De fato, é de cotidiano que o humor de Paulo Gustavo é feito. Não só porque as histórias que conta vêm da sua capacidade de observar as pessoas e a vida que o cercam, mas também porque o modo como ele as conta é mais engraçado quanto mais comezinho parece.

- Sou totalmente contra o riso pelo riso. Não gosto de comédia escrachada demais, nem de piada. Tem gente que é engraçadinho no bar e acha que, por isso, sabe fazer comédia. O humor vem, para mim, nas cenas do dia a dia. E, no palco, também procuro isso: descrevo, de modo sério, situações do cotidiano, e as pessoas riem - diz o niteroiense, de 31 anos de idade e seis de teatro profissional, filho de funcionários públicos e de uma família "de muito carinho e muita porrada".

A nova peça de Paulo Gustavo tem cinco blocos. No primeiro, ele fala das confusões por que já passou por não falar inglês direito. Numa, por exemplo, ele e a atriz Ingrid Guimarães, amigos, tentaram explicar numa loja em Nova York que eles só queriam comprar um edredom.

O segundo bloco mostra o ator discutindo seu complexo de patinho feio.

- Sempre achei que não sou bonito, ou que, por ser engraçado, chamo atenção mais pelo humor que pela beleza. Na peça, pergunto à plateia: "Tenho olho verde. Vocês estão vendo? Não, né? Viu, tô na merda". Na noite, do lado de um sarado de cabelo espetado, pareço um garçom - conta Paulo Gustavo, que no terceiro bloco demonstra a teoria de que ele é "para-raios de maluco". - Os malucos se reconhecem. Vêm atrás de mim tanto o agitado que nem eu quanto o maluco mudo, que gosta de mim porque falo por nós dois.

O quarto bloco é uma reunião de histórias sobre mãe que o ator tinha mas não incluiu em "Minha mãe é uma peça". E o quinto traz Paulo Gustavo exorcizando seu medo de avião:

- Só não dá tanto medo se vejo que tem artista importante, porque aí não cai. Uma vez, estava o Miguel Falabella. Deu uma garantida no voo. Numa outra, encontrei no avião a Fernanda Montenegro e pensei: "Nesse posso até pular".

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