quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

AMOR CONFESSO

Amor, eu confesso, confessei e confessarei sempre que ele se fizer presente! Sempre que o centro das atenções for a história de um casal, lá estarei para assistir. Sou romântico, creiam! Torço pelo amor, pelo bem, pelos mocinhos, pelo final feliz.

E felicidade é assistir, depois de tantas re-estreias em diferentes palcos, a peça Amor Confesso, no excelente Teatro Cesgranrio. O espetáculo reúne contos do escritor e dramaturgo Arthur Azevedo, muito bem costurados pela direção, incluindo aí a ordem em que são apresentados. Nos contos, o amor é um tanto conturbado, não existe o final feliz em todas as oito histórias, mas o que liga tudo é a relação entre casais, a tentativa da felicidade constante, aventuras amorosas e tragédias sentimentais (como bem escreveu Rodrigo Monteiro, o craque das análises teatrais).

No palco, a luz de Paulo Cesar Medeiros auxilia e muito nas marcas da direção. O cenário de Carlos Alberto Nunes é composto de dois manequins vestidos como casal e duas cadeiras. Parece pouco? Mas saiba que eles fazem milagre com isto! Carlos Alberto também assina o figurino de um casal de noivos e seu pianista da festa de casamento. Roberto Bahal é o ótimo músico e coadjuvante auxiliando nas peripécias deste casal, cuja direção musical é do xará Marcelo Alonso Neves, um gênio também.

Cláudia Ventura é engraçada até calada de olhos fechados. E além disso, canta que é uma beleza! Seu bom humor cênico, inteligência de atriz, tempo de comédia, pausas dramáticas, capacidade de criar vozes e entonações para diferentes personagens, são fantásticos. Uma atriz preparada, completa e brilhante em cena. Ao seu lado, Alexandre Dantas, que não fica atrás, corresponde ao solicitado, se impõe quando necessário, acompanha e conduz Claudia, esposa na vida real, colega de cena, para que o sucesso do espetáculo seja o riso e o aplauso efusivo ao final. Uma dupla amável, competente, generosa, sábia, divertida e que dá um prazer imenso assistir em cena.

A gênia Inêz Viana comanda, costura, dirige o espetáculo. Incrível sua capacidade de mudar totalmente a direção de um conto para o outro, explorando cadeiras, vozes, gestual, ocupando o palco, usando ópera, cordel, rimas, carioquês, num espetáculo ágil, dinâmico, rápido que deve fazer os atores perderem quilos de gordura. Uma gostosa gincana em cena, onde o amor e suas agruras são o prato principal. Acompanho Inêz não é de hoje e a cada vez que vejo um trabalho seu fica claro que sua criatividade não tem limites.


Amor Confesso é daqueles espetáculos que precisam ficar em cartaz por muito tempo. Pela literatura, por Arthur Azevedo, pela Brasilidade, pela competência e genialidade dos atores e direção, pelo carisma, diversão inteligente, entretenimento de primeiríssima qualidade. Que prazer assistir a este trabalho!!! Aplausos de pé efusivos!