quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

MEDIANO

Nasci numa familia tardicional tijucana. A maioria das familias tradicionais tijucana, fruto de militares que comandavam seus exércitos e seus familiares na Tijuca, bairro carioca, educava seus filhos para ter um "futuro" brilhante como funcionário publico, principalmente do Banco do Brasil (Nelson Rodrigues sabia tanto disso que volta e meia um personagem seu vinha de uma TFT - tradicional familia tijucana - e trabalhava no BB) ou algum outro órgão governamental. Fugi à regra depois de ter cursado uma universidade publica e me ter virado Engenheiro Civil para alegria e gloria dos meus pais. Porém, esta alegria durou pouco, pois minha paixão pelos palcos me tornou produtor cultural.

O que isso tem a ver com "Mediano"? Tudo! "Mediano" fala exatamente desta ânsia dos pais em dar um futuro certo aos seus filhos e mal sabem eles que esse futuro "certo" pode corromper uma pessoa e transformá-la no mais corrupto dos politicos brasileiros. Corrompê-la ou aflorar seus desejos de corrupção?

"Mediano" é um texto genial de Otavio Martins tem de tudo que eu gosto: politica, religião, anseios, comédia e tragédia. E não é a grega, é a brasileira mesmo! Na peça, vamos um cidadão da tradicional familia brasileira, que passou num concurso publico, virar um politico "corrompido" pelo meio e depois que seu mundo desaba, por conta de uma maracutaia descoberta (temos todas no curriculo dos politicos brasileiros: compra de votos, verbas superfaturadas, dinheiro na cueca), renuncia de cargo, este se "apega" na religião para dar um cala-a-boca nos seus eleitores e na imprensa que o persegue. Tal e qual os bandidos dos presidios brasileiros, que se convertem em pastores, fazem para receber indulto natalino ou abrandar suas penas. Mas quem vai dizer que esta crença é só pra isso ou é crença mesmo?

Cenário e figurino, de Naum Alves de Souza e Marcello Jornan, e a luz de Wagner Freire, muito bons, estão ali para fazer brilhar Marco Antônio Pâmio, um ator excelente, de primeirissima qualidade que empresa todo o seu talento para dar vida a este brasileiro que merece mesmo ser enforcado em praça pública! A gente chega a rir de ódio do personagem por ele representar tão bem as sujeiras e nojeiras da politica brasileira. Nem é preciso citar nomes de politicos, pois temos presidente, ex-presidentes, governadores, prefeitos que foram acusados de certas politicagens que são muito bem representadas pelo Marco Antônio.

Como maestro nesta peça, Naum Alves de Souza exige do ator entrega total. Com mão firme, deixa o ator livre para criar e apara as arestas necessárias para que a peça ganhe um ritmo alucinante no último terço. Apenas sugiro ao diretor que observe o primeiro terço do espetáculo que por vezes me deixou um pouco cansado. Mas do segundo terço em diante, saravá, que beleza!

Um espetáculo que PRECISA ser visto por todos nós que ainda acreditamos neste país e quem sinceramente, de medianos não temos nada! Ou será que nossa inércia nos faz ser medianos a ponto de deixar que isso tudo ainda aconteça nos dias de hoje na nossa politica?

Espetáculo Obrigatório!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ADORÁVEL DESGRAÇADA

O bacana do teatro é que durante a peça a gente fica imaginando quem conhecemos que seja aquele personagem que estamos vendo. Faz um tempo, talvez 5 anos, morava sozinha no Rio uma mulher de meia idade, num qto e sala em Copacabana. Durante a peça eu fiquei me perguntando o que essa minha amiga sofreu, sentiu, viveu naquele apartamento, se falava sozinha, como era a sua comunicação com os amigos? Será que ela tinha sede de vingana pra cima de alguém? Pois nao é que um dia pegou fogo no apartamento dessa minha amiga e ela ficou sem casa? Sem grana pra pagar aluguel, voltou pra barra da saia da familia em São Paulo. E isso com 50 anos e la vai!

Pois passei a peça "Adoravel Desgraçada" inteira me lembrando desta amiga. E aí tive a grata surpresa de conhecer uma mulher também solitária, sofrida, com uma sobra de esperança no olhar e uma vontade de viver, ou re-viver, uma história ainda nao acabada. No papel de Guta, Débora Duarte vive. Nada de interpretação: é vida. Guta existe. E nos faz ter compaixão, pena, inveja, cumplicidade. Fiquei boquiaberto com a intensidade da entraga da Débora Duarte neste pepel instigante e desafiador. A variação das entonações e no timbre da voz nos faz ser intimos daquela mulher, podemos ouvir seus sussuros e entender prefeitamente o que ela diz. Adorável Debora.

Débora Duarte conta a história, criada por Leilah Assumpção, de Guta, Maribel, Tereza, o porteiro e Silveirinha. E o mais legal é que ela divide com a platéia seus pensamentos, como se nós fossemos uma televisao, uma planta, uma geladeira de sua casa. Guta conversa com Deus. Cobra Dele, e nao obtém respostas. Mas elas chegam aos solavancos. Sabe quando dizem que quando uma coisa ruim chega, sempre chegam juntas várias outras? Desgraça pouca, bobagem. Pois com Guta acontece isso. Coitada. Da pena. E a gente entende, e até se torna cumplice, do desfecho surpreendente da peça.

A cenografia (pena q nao tenha sabido de quem é) é um espetáculo. Sempre quis usar mangueirinhas de plástico transparentes em meus cenarios, mas nunca tive a idéia que o cenógrafo teve de fazer das mangueiras, paredes. Lindo! Gostei muito de ver Guta escrever na parede à giz!! E a iluminação do espetáculo entendeu o jogo do apartamento e tira partido da mangueira para criar sombras e brilhos. Um casamento perfeito. O figurino que ela usa, tem recortes e sobras de uma memória viva de Guta, a personagem de Débora. Gosto muito.

A direção do Otavio Muller é criativa e deixa Débora interpretar (melhor: dar vida) a Guta ao seu modo, ele nao interfere na ação de Guta que acontece naturalmente. Gostei muito de ver Guta tirar partido do cenário par fazer uma brincadeira de harpa em harmonia com a sonoplastia da peça. Alias, pausa na direçao para aplaudir a sonoplastia. Sons muito bem escolhidos, na medida, na altura, e nos decibéis necessários para que a peça seja um pedaço de vida e nao uma interpretação da vida. Ponto também para a direção que delicadamente conduz o espetáculo com respeito ao premiado texto (eleito o melhor texto teatral de 1994, segundo a Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA) e ao talendo grandioso da Débora Duarte.

Adoravel é o que melhor representa Guta. Desgraçada é a sua vida. E vamos rir e nos emocionar com esta mulher que pode ser uma amiga sua, uma vizinha, uma conhecida. Todas reais e verdadeiras.

Belissimo espetáculo que eu recomendo. Assitam, vale muito à pena. Aplausos de pé!

sábado, 31 de outubro de 2009

Debora Duarte no teatro

Débora Duarte estreia o monólogo "Adorável desgraçada", de Leilah Assumpção, no próximo dia 6, no Solar de Botafogo. É a primeira vez que a atriz estará sozinha em cena. Ela ainda vai conciliar a temporada teatral com as gravações da nova novela das 19h, "Tempos modernos", em que interpretará Tertuliana, mulher que ajudou a criar os filhos do personagem de Antonio Fagundes. Sobre o folhetim, ela diz:

- Amo de paixão o Zé Luiz (José Luiz Villamarim, diretor). O elenco é ótimo. Será incrível ficar oito meses ao lado daquelas pessoas

Fonte: patriciakogut.com

POR UMA NOITE

Já repararam que a capacidade de realização de um sonho, está sempre atrelada a arte? Seja um escultor que sonha em ter sua exposição realizada, um escritor que sonha em publicar seu livro, um cantor em gravar um disco... Deixar algo pronto, visto, lido, ouvido para que nunca se esqueçam 'da gente'. Talvez seja uma forma de nos mantermos imortais, inesqueciveis.

E assim é a ideia da peça "Por uma noite": realizar um espetáculo de teatro bastante representativo de um sonho. O sonho é da atriz protagonista em realizar um espetaculo que possa mostrar seu talento. E o sonho dos personagens em sairem do ostracismo de uma orquestra e virem a ser reconhecidos pelos seus talentos como artistas. Todos conseguem o sucesso. A peça é realizada (na realidade e na ficção) e o resultado é muito bom.

A Broadway é o sonho de consumo da maioria dos artistas de teatro do mundo. Todos que vivem de artes cenicas têm como referência as peças, musicais e encenações que por lá fazem sucesso. E, assim como no cinema, a música que atravessa as cortinas do teatro, ou as telas de projeção, se tornam eternas. Quem não conhece "you must remember this/a kiss is still a kiss...", quem nunca cantou algum trecho de um musical da Broadway que atire a primeira pedra! Eu ainda canto! Reunir as mais conhecidas músicas da Broadway, o mundo todo ja fez. E dai? Quem precisa de originalidade quando a qualidade vocal dos cantores-atores é grande? Fiquei muito feliz em ver o quarteto das cantoras Roberta Spindel (Ótima!!!), Rosana Chayin, Thati Lopes e Jéssica Dannemann cantando a plenos pulmões e intrepretando com graça e carisma seus personagens. Os meninos também não ficam atrás: Jules Vandystadt (nosso velho conhecido do Beatles Num Céu de Diamantes), Leandro Camacho e Rodrigo Cirne.

O corpo de baile dirigido por Ursula Mandina completa muito bem o espetáculo. Com coreografias que preenchem o palco, são engraçadas, criativas e de muito bom gosto, é um espetáculo à parte (mesmo muito bem integrado ao contexto). Os bailarinos, dançarinos, estão ótimos.

O cenário de José Dias (as projeções funcionam muito bem e poderiam ser mais aproveitadas), o figurino de Marcelo Marques (ótimo para os bailarinos!) e a luz de Rogério Wiltgen (8 mooving lights!!!) dão o suporte necessário para que a beleza do espetáculo seja completa. A direção musical de Renato Tribuzi traz bons arranjos bem 'de Broadway' (um cadinho altos e cheios de sons misturados, que em 2 músicas não favorece aos cantores) que insitam a platéia a entrar no clima e cantar com os artistas.

Mas a capacidade de realização do todo é um conjunto de pequenas realizações pessoais. Seja da adaptação do livro pro palco, seja da artista principal, seja da direção, seja do coreógrafo. E talentos isolados sem um comando pode resultar em desastre. Porém, graças a Ligia Ferreira, parceira de quem sou fã, de quem tive ótimas aulas de teatro, com quem aprendi, e ainda aprendo, a arte cênica, todos os talentos isolados desta peça estão realizando com sucesso seus papéis. Palmas para a direção. Um trabalho árduo cujo resultado é muito bom mesmo.

O tema batido ficaria muito triste no palco se sua realização não fosse bem feita. Mas "Por Uma Noite" é uma competente e muito bem feita realização de conjunto. Parabéns a todos.

E pra quem quer rir, se emocionar, cantar e, quem sabe, dançar com as mais belas canções da Broadway, não pode deixar de assistir a este espetáculo no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea, terças e quartas às 21h, e se sentir um mega-star, um artista completo, mesmo que seja apenas "Por uma noite".

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

José Mauro Brant interpreta Charles Aznavour em "Dolores"

E quem disse que acabou?? Zé Mauro é também aniversariante do dia! Aplausos de pé para esse "garoto" que canta que é uma beleza, sem falar que atua tao bem quanto canta. E encanta por onde passa. Parabéns!!

Paulo Gustavo - Humor na Caneca

Adivinha quem faz aniversário hoje TAMBÉM??? É muita estrela pra um blog só... Isso aí, Paulo Gustavo! Genial comediante, um dos pouquissimos que me faz dar gargalhadas!! Paulo Gustavo, esse garoto, feliz aniversário!!!

Marya Bravo - Aniversariante de hoje

Esse video eu já postei no Blog, mas, para homenagear minha idala, Marya Bravo, aniversariante de hoje, vai novamente este vídeo. Marya, parabens!!

domingo, 18 de outubro de 2009

OUI, OUI... A FRANÇA É AQUI

Desde que o ano de 2009 começou, o titulo de "o Ano da França no Brasil" ganhou todas as manchetes dos jornais. E o ano ainda nem terminou assim como as homenages à França. Em março tive o prazer de acompanhar os agradecimentos da escola de samba Grande Rio aos patrocinadores franceses (e toma sotaque). Depois acompanhei meu amigo (aquele que eu troquei os móveis da casa ele de lugar lembram?) se mudar para a França, mais precisamente Rouen. E é pra ele, que faz ainversário esta semana, que escrevo sobre um espetáculo MARAVILHOSO, FORMIDABLE, chamado "Oui, Oui... a França é aqui". Sem duvida alguma, 'a revista do ano'.

De todas as homenagems que a França ganhou este ano, esta é a mais criativa, divertida e encantadora. Contar a história da "invasão" da França no Rio de Janeiro, ninguem tinha contado em teatro. E ainda mais misturando generos musicas muito cariocas, como samba de breque, marchinhas e até baião, passando por Gretchen (Je suis la femme!). E ainda por cima misturar uma historia de amor onde o Cristo Redentor, Sâo João Batista e a propria Torre Eiffel são os protagonistas. Surreal? Não, Teatro. E dos bons. O texto do Gustavo Gasparani e Eduardo Rieche no quesito história, na pesquisa, brinda a platéia com pérolas de humor super atual, não faltando nem Twitter no meio das palavas. Adorei a pesquisa histórica e mais ainda o bom humor com que a dupla criou os personagens centrais da trama. Adorei 'dona Rouanet'. Adorei!

Dá vontade de escrever muito para comentar todos os detalhes da peça, mas aí seria um livro, e não um blog com uma opinião sobre uma peça de teatro. Pra começar esta linda história de amor entre o Rio e a França, vou falar rapidinho (uma pena, adoraria falar muito) sobra a parte de criação. O maravilhoso cenário do Nello Marrese é LINDO, criativo e moderno. Destaco a cortina de espelhos de "R$ 1,99" e a bandeira do Brasil nas cores francesas. O figurino do Marcelo Olinto opta por uma roupa cariocamente básica onde são acrescidos acessorios hilários, coloridos, passando por um genial desfile fake dos maiores estilistas da alta costura francesa. Todos voltados para o teatro de revista. Excelentes! A luz linda de Paulo Cesar Medeiros dá vida ao cenário e ao figurino e usa canhão-seguidor nos números musicais, (mais revista impossivel). Lindas as passagens de tempo e mudanças de cores da luz. Direção musical (João Callado e Nando Duarte) e execução das musicas perfeitamente integrados ao espetáculo. Não dá pra deixar de incluir no rol das delicias da peça as coreografias de Sueli Guerra. Enfim, tudo funciona como um balé, um Can Can bem ensaiado.

Claro que o grande mestre disto tudo é o diretor João Fonseca. A parceria com Garparani vem desde Opereta Carioca e agora eles se superaram. Vem trilogia por ai? João consegue fazer o espetáculo caminhar com paixao, com agilidade mas sem pressa, com garra, com prazer em todos os momentos; consegue costurar com pequenas cenas hilárias, criadas para dar tempo dos atores trocarem de figurino, uma história e a História; consegue tirar partido da cenografia, do figurino, da luz e, principalmente, do potencial de interpretação dos atores. Vem Shell por aí. Anote.

E os atores, hein? Todos os elogios feitos até aqui são para eles também. Marya Bravo (Marya!, Marya!, Que Fascinação), Gottsha (Non, Je Ne Regrette Rien...), Solange Badim (Que voz, Que "torre Eiffel"), Cristiano Gualda (é ele abrir a boca cantando a meus olhos ficam cheios de lágrimas), César Augusto (Que Zeus, Que pai inesquecivel!) e (não menos importante), Gustavo Gasparani (jogando nas 11 posições do futebol e fazendo vários gols) estão ótimos em suas intrepretações, vocais, gestuais e entonações.

Aplausos de pé para os músicos, que não só executam cançoes, mas dão vida a sonoplastia da peça.

Tem muita coisa boa pra ver neste espetáculo. É riquissimo em detalhes culturais, historicos, humoristicos e musical e interpretativo e... Rico como é a cultura carioca e a vida francesa. Ah, como seria bom se a colonização carioca tivesse sido francesa... será? Não, acho que não. É muito bom passear pelo Rio e "ver" Lisboa. Mas é muito bom também dar de cara com a Praça Paris, o Teatro Municipal, a balaustrada de ferro do Hotel Gloria e tantas outras referências francesas que por cá fomos brindados.

Amigo, feliz aniversário dia 21 de outubro. Esta peça nos fez ficar juntos em pensamento , pois me lembrou você o tempo todo. Rio e França unidos no teatro. Rio e Paris unidos por uma amizade dessa e de outras vidas. Quero muito que você assista esta peça quando vier ao Rio. É... acho q vou ter que passar meu carnaval debaixo da "neve francesa"!

Sim, sim. Oui, oui, a França, realmente, é aqui.

(Teatro Maison de France, de quinta a domingo).

domingo, 9 de agosto de 2009

5 PEÇAS DE TEATRO INESQUECÍVEIS

Pegando carona na Revista do O Globo, cito as minhas 5 melhores peças de teatro, assistidas por mim nesses dez anos em que trabalho com, e para, o teatro.

1- "O Mistério de Irma Vap", com Nanini e Latorraca, direção de Maríia Pêra (onde descobri o meu amor pelo Teatro), no Teatro Casa Grande;

2- "Company", o primeiro (??) musical da dupla Charles Möller e Cláudio Botelho, reconhecido pela crítica, no Teatro Villa Lobos;

3- "Avenida Dropsie", Felipe Hirsch fez chover por 10 minutos no palco com o brilhante cenário de Daniela Thomas, no Teatro Carlos Gomes;

4- "Rei Lear", com Raul Cortêz interpretando o Rei, e com o lindo cenário do J.C. Serroni, no Teatro VIlla Lobos;

5 - "A Mulher que escreveu a Bíblia", direção do Guilherme Piva, com Inês Vianna sozinha e completa no palco, no Teatro dos Quatro.

Claro que tiveram outras peças maravilhosas que eu assisti, e se essas aí em cima foram as que me vieram agora, é porque realmente marcaram fundo.

Façam as suas escolhas!
Abraços

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Despertar da Primavera - Clip 4

Clipe de lançamento da peça "O Despertar da Primevera". Mais uma produção, mais um musical, de Charles Möller e Claudio Botelho. Vencedor de 8 premios Tonny de Teatro.
Estréia em 3 semanas.
Preparem-se!!!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

MOBY DICK


Todos nós temos, em algum momento da nossa vida, uma obstinação, uma fixação por algum assunto, ou por algum objetivo que se quer atingir a qualquer preço. Seja subir no emprego, comprar determinado bem, atormentar a vida daquele namorado que te largou, ou ainda, correr atrás daquela mulher que é a da sua vida, mas ela ainda não sabe. Obstinação, determinação. E nem adianta um amigo chegar para você e dizer "cara, acorda, isso não vai te levar a lugar algum, volta pra sua vida... esquece isso". Não adianta. A gente só para quando quebra a cara, ou percebe que o objetivo mudou.

Assim é a história de Moby Dick. Bem, na verdade Ismael, o perseguidor implacável da baleia cachalote que arrancou sua perna. Ele quer a todo custo "se vingar da bicha". E não há santo que o faça demover da idéia.

Está em cartaz no Teatro Poeira a mais nova produção do proprio teatro com direção do Aderbal Freire Filho, que também assina a adaptação do livro do autor americano Herman Melville.

O elenco embarca na montagem do Aderbal. André Mattos divertindo a todos com sua imitação de Paulo Francis, no melhor momento da peça, atua com total segurança do seu papel; Isio Ghelman, sempre competente, embarca em nova aventura, já iniciada com O Pucaro Bulgaro; Orã Figueiredo, também abraçando o papel de marujo à caça da baleia, em um tom um pouquinho acima dos demais, pode baixar a voz que ficará excelente; e Chico Dias ótimo como o perseverante Ismael e, claro, como a propria Moby Dick.

O cenário... bem... minha paixão diz que é excelente. Um barco no centro, as vezes se passando por sala de reunião. Tudo com caixinhas onde os atores guardam arpões, roupas, livros, caixinhas essas com dobradiças, tudo muito bem envelhecido pelo tempo, com o apoio de cordas de cisal, algodão igualmente e carinhosamente envelhecidas. Merece aplauso de pé este cenário de Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque.

O figurino de Kika Lopes, como sempre, é correto e acerta nas cores, no frio mar do Atlântico Norte, nas boinas, enfim, transforma os atores realmente em marujos e em personagens que contam uma história sobre a vontade de se alcançar o objetivo.

A luz do Maneco quinderá é linda, principalmente nos momentos da baleia branca, em que Chico Dias parece liberar para a platéia mais luz do que o normal. A trilha sonora do Tato Taborda, como sempre no ponto certo, volume correto, barulhinho correto. Uma salada de sons gostosa de se escutar.

E, no comando desta orquestra, Aderbal, que faz uso de suas ultimas peças dirigidas no Poeira em benefício de uma história nova.

O mal de se ir ao teatro muitas vezes, assistir a muitas peças, é que a gente descobre recursos cênicos de direção já utilizados por diretores e atores em outras peças. Mas até que ponto isto nao é a marca do diretor? Até que ponto o proprio diretor se permite usar uma marca já bastante fixada em outras peças, a favor deste novo trabalho? Claro que criatividade não falta, basta ver a peça. Mas eu vi marcas iguais as do Pucaro Bulgaro.

A peça é realmente uma aula de produção. Tudo é otimo. Interpretações, equipe técnica competente com resultados lindos em cena, mas a peça, talvez por causa do texto, ou mesmo das repetições de marcas já vistas, me deixou com um ar de "eu ja vi isso antes, mas era outro assunto" e confesso que fiquei um pouquinho (só um pouco viu?) decepcionado com a peça.

Sem sombra de dúvidas a peça é uma aula de teatro. Obrigatório para quem gosta deste entretenimento, admira a equipe técnica e tem como objetivos chegar a ser algum dia alguem na vida artisitica carioca.

Vá ver. Vale a pena.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

ESTRÉIAS e ÚLTIMOS DIAS

Esta semana as peças abaixo dão adeus aos palcos atuais, mas nada impede de serem vistas logo logo por aí em novas temporadas:

- Mob Dick - direção do Adebal. Aqui do lado de casa, no Teatro Poeira. Com Chico Dias, Isio Ghelman, Orã Figueiredo e André Matos.

- Por um fio - com Reginaa Braga e Rodolfo Vaz. A direção é do Moacir Chaves e o texto é baseado no livro de mesmo nome de Drauzio Varela. Teatro SESC Ginástico.

- O Especulador - no Teatro Municipal de Niterói - Dirigido por José Henrique, a peça tem no elenco Sério Fonta, Élcio Romar, Nedira Campos e mais outros atores. A adaptação é de João Bethencourt. Esta mesma peça está aqui no Teatro do SESI, de terça a quinta.

E quem sai, e deixa saudade, são as peças

- Avenida Q - no Teatro Clara Nunes - musical do Charles Möeller e Cláudio Botelho.
- Decameron, a arte de fornicar - no Teatro das Artes, com Fabiana Karla, Zéu Brito e mais outros atores ótimos.
- Rock'n'roll - no Teatro Villa Lobos, com Otávio Augusto, Giséle Fróes, Tiago Fragoso e outros.
- Comédia em Pé - com o Fábio Porchat, Claudio Torres Gonzaga, Fernando Caruso e outros. Tanto no Teatro dos Grandes Atores quanto no das Artes.
- Zoológico de Vidro - com Cássia Kiss, Kiko Mascarenhas, Eron Cordeiro e Karen Coelho.

Todas as peças imperdíveis!

domingo, 5 de julho de 2009

ZOOLÓGICO DE VIDRO

Está em cartaz no Teatro Maison de France o excelente espetáculo Zoológico de Vidro, de Tennessee Williamns. E desde já digo: quem gosta de teatro nao pode perder esta peça.

Faz tempo a peça foi encenada por aqui como A Margem da Vida, e conta a historia de uma familia que vive à sombra de um pai-marido que fuigiu e largou mulher e filhos pra trás, numa decadencia sem fim. E o filho tem q sustentar toda uma casa com um misero salário e ainda por cima ser o "homem da casa" no sentido emocional da palavra.

Atualmente costumo fazer comentários pessoais meus que acabam se ligando ao espetáculo que estou comentando. Seja uma historinha minha vivida ou sabida de um amigo. E Zoológico de Vidro a gente pode ver ainda hoje em qualquer favela do RIo de Janeiro, ou até mesmo numa regiao de baixa renda no Nordeste, onde o pai-marido larga a familia para ir à luta em busca do sustento proprio e da esperança de dar uma vida melhor aos filhos-esposa largados para trás. No caso do Zoológico, o marido-pai, se cansa daquela vidinha mais ou menos e vai a luta da sua propria vida e abandona o lar.

Sobre a peça, há muito que elogiar. Principalmente os atores. Já vi Kiko Mascarelhas diversas vezes atuando, seja em teatro ou tv, mas dessa vez acredito q seja seu melhor trabalho. Uma aula de interpretação onde certamente merece uma indicação a um premio de teatro. Cassia Kiss sempre maravilhosa, tem nesta peça uma construção de personagem muito similar à sua brilhante Ilka Tibiriçá (delicioso personagem de Fera Ferida). Naquela novela, Cassia Kiss criou um personagem completo: gestos, fala, andar, pensamento, figurino. Agora, em Zoológico de Vidro, vemos esta nova criação completa de seu personagem. Uma interpretação irrepreensivel. Ainda no elenco Karen Coelho apresente sua personagem Laura com uma delicadeza irrepreensivel. Gosto muito da forma como ela manca e como se faz passar por nervosa e ansiosa quando tem que encarar o amigo do irmão. E por fim, mas nao menos importante, Erom Cordeiro, representando Jim, o amigo que vem para o jantar. Uma atuação correta e caprichada.

Claro q tudo isso tem a mão de ferro e generosa de Ulisses Cruz. Também considero uma indicação a um premio de teatro. Um trabalho de primeirissima qualidade, com respeito ao texto, aos atores e principalmente ao autor. Detalhista e caprichado, o espetáculo é uma costura bem feita de som, luz, imagem, cenário, figurino e interpetações.

Sobre o cenário, é bem bonito mesmo, super bem contruido e pomposo. Apenas acho a foto do pai um tanto grande demais, com uma importancia muito grande no fundo do palco. E nao fica claro se eles moram em um porão, ou apartamento subsolo ou térreo. Mas isso tudo é bobagem minha. Sao apenas observações.

A luz é muito bonita, nos dando delicadas informações sobre lua, noite, dia, medo, esperança... um elemento realmente importante na construção da peça.

O figurino da Beth Filipek (Prêmio Shell) é também um personagem à parte. Muito bem confeccionado e lindo de se ver, principalmente no vestido de baile que é guardado num baú e usado naquela ocasiao do jantar. Vamos perfeitamente que é uma roupa gasta pelo tempo e que teve seu áureo tempo de uso num passado longínquo. Lindo vestido.

Mas o que mais me impressionou nesta peça, e foi a primeira vez que eu vi numa peça de teatro e numa sala de teatro no Rio de Janeiro, um som surround, tipo cinema, em que o cachorro late atrás das nossas cabeças, a gaveta bate do lado direito, o zoológico de vidro tilinta do lado esquerdo. Gostei muito dessa novidade e com certeza contribuiu muito para todo o entendimento da peça e para a maravilha de espetáculo apresentado.

São realmente elogios sinceros. Quem gosta de teatro tem que ver a peça. E quem não tem o habito de ir a teatro, ou só vai ver peças do gênero comédia, precisa ver este espetáculo de primeirissima qualidade pra entender que teatro também é a maior diversão e pode se tornar uma paixão nacional.

Parabéns a todos da produção.

sábado, 4 de julho de 2009

SILVIA MACHETE - Toda Bêbada Canta

Fui ver a cantante Silvia Machete no Teatro RIval e a moça é puro teatro, circo e afins. Canta afinadamente bem, se comunica imensamente com o publico, faz acrobacias... é um show completo. Virei fã.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

MALENTENDIDO

Sempre procuro ler as criticas de cinema e de teatro avaliando o que há de bom no texto escrito e se com isso vale a pena ir ao cinema ou a um teatro perto de você. As vezes nao acho nada no texto que me atraia a ir buscar o entretenimento. Leio criticas de peças de teatro em que estas sao consideradas "da classe das boas intenções". E como se isso fosse uma coisa ruim. Ok, de boas intenções o infrerno está cheio. Mas se existe uma boa intenção ela tem q ser valorizada. Recentemente fiz um diagnóstico de um espetáculo em que não gostei de nada e olhando bem pra peça, nao existia nenhuma boa intenção no que se mostrava. Daí, escrevi e colhi boas e más respostas. Aprendi. Quando nao existir a boa intenção e tudo for ruim, a gente simplesmente ignora. É melhor.

Mas voltando às boas intenções. Bons espetáculos nao necessáriamente precisam ser ótimos para serem vistos pela população que gosta de teatro. Uma peça boa é muito bom! Infelizmente pra alguns criticos ser bom nao basta. E aí... pau na peça e no filme. Mas o bom existe e merece ser aplaudido. E as boas intenções que transformam uma peça em "bom espetáculo" também merecem ser vistas.

Voltando às boas intenções, uma mãe e uma filha que têm boas intenções em aceitar cavalheiros em sua pensão e matar para roubar o hóspede, nao é definitivamente uma boa intenção. Ainda mais quando se espera pela volta de um filho homem à casa que abandonou faz tempo. E nessa esperança da volta, a cada morte matada, fica a duvida se este morto era o filho. Até que isto realmente acontece. Hi, falei!

O texto de Albert Camus eu nao tenho competencia para comentar. Gosto dos diálogos, mas acho a argumentação, a idéia da peça escrita, sem muito nexo. Pra mim nao ficou claro, no texto, se a intenção era matar os hóspedes por prazer ou por vingança. Nao entendi bem o porquê de se matar a todos. E se elas matavam a todos... Mas quem sou eu pra entender um autor clássico de teatro?

Gosto da direção do espetáculo. Calma, com respeito ao texto e aos atores. Claro que de tanto ir ao teatro, já decorei algumas marcas clássicas que os diretores e atores usam para se sentirem seguros no palco com o texto a ser dito. Mas isso nao diminui nem invalida o uso de marcas rotineiras. Todo mundo usa sal na comida. O dificil é a dosagem. E nesta peça, a dosagem de marcas rotineiras é boa.

O cenário do Marcelo Marques é um achado! Conversei com ele após a peça e apaixonado pelas excelentes mudanças ocorridas durante a peça, o cenário gira, sem girar... como? Só vendo! Os móveis muito bem escolhidos, como sempre pelo bom gosto do Marcelo. Gosto muito do fundo do palco simulando a área externa da casa, resultado de uma grata contribuição de uma demolição na casa de um amigo da produção. Muito bem colocado e explorado pelo diretor e pela iluminação.

O figurino é de ótimo gosto totalmente de acordo com a época, estilo da peça, e classe economica dos personagens. Também de Marcelo Marques.

A luz do Renato Machado sempre abusando do fog, também é muito bela. Sombras e focos que dão o clima sórdido do espetáculo.

E é no elenco que encontramos todas as boas intenções reunídas. A começar pela idealização da atriz Carolina Virgües que está bem no papel da filha "esquecida" pela mãe, que se preocupa mais com o filho q foi, do que com a filha que ficou e se tornou a empregada do lugar. Carolina passa para nós um sofrimento contido que explode em uma catarse final onde todas as mágoas sao "vomitadas" sem poupar coração (como diria Nana Caymmi...). Senti um pouco de frieza nos momentos em que era necessária uma emoção maior. E se a peça continuar em cartaz certamente Carolina vai dar uma pequena adoçada na personagem, pq esta filha, apesar de ser muito castigada, quer mesmo é ser amada pela mãe e arrumar um bom partido.

Já a mãe, interpretada por Maria Esmeralda Forte é genial. Segura, firma, nos passa uma verdade e uma entraga total ao personagem construido. Maltrata a filha com pequenos gestos, espera o filho eternamente. Dor, sofrimento, angustia. Tudo vemos num simples olhar.

Completam o elenco Alexandre Dantas, como o filho e Ludmila Wischansky. Percebemos o esforço dos atores para acertarem seus personagens e se entregarem de corpo e alma a eles. Pra ficar melhor, só é preciso esquecerem-se de que estão interpretando e aturarem como se eles fossem mesmo aqueles personagens. Mas, sem duvida nenhuma, a vontade de fazer o melhor está lá. E ainda, no papel do criado, Pedro Farah. Fico na dúvida se este ator era o personagem "Múmia Paralitica" do "Balança mas nao cai" que dividia a cena com Agildo Ribeiro no quadro do Professor de Mitologia. Pra quem nao se lembra, era o cara q tocava uma sineta de hotel sempre q Agildo abusava de saliencias. Acho que o personagem está muito rígido a marcas. E, desculpe-me senhor autor e senhor diretor, mas nao sei pra que esse personagem...

Volto a dizer: um espetáculo cheio de boas intenções é um espetáculo q merece ser visto. E ser da classe das boas peças de teatro, sim, é pra se comemorar.

Pra quem gosta de drama, afinal teatro é comédia e drama, vá ver esta peça. Um excelente exemplar do que o drama no palco pode mudar um pouco a vida dos espectadores.

Abraços!

PERAÍ QUE EU VÔ...

QUer dar boas gargalhadas? Entao vá ver a peça "PERA AÍ QUE EU VOU", no Teatro Gláucio Gil. Todas as quartas de julho! Imperdível!
Te vejo lá!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Estréia da peça A SECRETARIA DO PRESIDENTE

Eu sei q estou devendo comentários sobre as últimas peças que assisti, mas (tem sempre um mas...) como estou produzindo "A Secretária do Presidente" tá complicado parar pra escrever...

Já que toquei no assunto, a peça estréia dia 30 de junho no Teatro Cândido Mendes. Apresentações às terças e quartas às 21h, de 30 de junho a 16 de setembro.

Venha rir conosco.

E, claro, faça seus comentários!!!

Até já.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Peças que assisti

No fim de semana fui ver "O Zoológico de Vidro" (Ensaio aberto) e "Mal Entendido". Em breve conto pra vocês o que penso sobre os espetáculos, mas, para os curiosos, adianto que gostei muito das duas peças. Hoje passo o dia nos ensaios da peça "A Secretária do Presidente" que estréia dia 30 de junho no Teatro Cândido Mendes. E, como diria aquele personagem.,.. Levante e Brilhe!
Abraços!

sábado, 13 de junho de 2009

Basta de lero lero… (por Deolinda Vilhena)

Artigo de Deolinda Vilhena (jornalista, produtora, Doutora em Estudos teatrais pela Sorbonne, pós-doutoranda em Teatro na ECA/USP), publicado no terra, em 12/6/2009

Nada como ser coerente na vida, e em discípula de André Malraux que dizia em Les voix du silence que “a arte, como o amor, não é prazer mas paixão”, aproveito a data de hoje, Dia dos Namorados, para declarar minha eterna paixão pelo (bom!) teatro. Essa paixão alimenta minha eterna esperança, ainda que quase sempre termine em desilusão, com os rumos que ele toma nessa terra sem dono - para não dizer coisa pior, a exemplo do que disse o Carlos Minc, há uns dias atrás - em que se transformou esse nosso Brasil.

A acreditar na atual Constituição e nos deuses da Democracia, o atual governo chega ao fim em 31 de dezembro de 2010, ou seja, daqui a um e meio. Oito anos confiados a esse governo por uma significativa parcela da população, governo que entrará para a história do “nunca, jamais se viu nesse país” por ter passado seis anos e meio discutindo e rediscutindo as possíveis alterações de uma lei, a tal lei Rouanet.

Aliás, no lugar do Embaixador Sérgio Paulo Rouanet, eu já teria entrado com uma ação judicial exigindo que tirassem meu nome da dita cuja, porque do jeito que a coisa anda o coitado deve passar o dia com a orelha em chamas…

Faço parte da minoria que perdeu o jogo democrático, não elegi esse governo por não acreditar ser possível governar sem projeto, coisa que o Partido dos Trabalhadores ignorava. Incompetência ou prepotência o tempo dirá. Porém, se levarmos em conta as tentativas fracassadas de eleger um presidente, não se pode dizer que faltou tempo hábil para preparar um. E, se há uma pasta onde essa ausência de programa excedeu, ela pasta é a da Cultura, na qual vivemos há seis anos e meio em ritmo de “ensaio”, privando toda uma classe de “estreias”.

Desde que, há dois anos, fui obrigada a voltar do meu doce e voluntário exílio parisiense, perdi a conta dos e-mails, convites, abaixo-assinados e convocações que recebi para participar das “discussões” em torno das propostas de alteração na Lei Rouanet. Com medo de parecer “afrancesada”, e temendo ser malhada como de hábito acontece nesse país, mesmo não tendo vocação e muito menos talento para ser torturada como fizeram com a nossa “brazilian bombshell”, aceitei alguns convites. Na maioria das vezes sofri calada diante das sandices discutidas.

Confesso aqui, publicamente, o meu martírio. Essas discussões sem fim e sem conteúdo soavam (soam!) como um castigo para quem passou cinco anos e meio estudando num país - a França, berço do método e do cartesianismo - onde o debate é prática ensinada nas escolas, e onde qualquer criança de 10 anos dá um banho em 90% dos nossos pseudo-intelectuais, no quesito argumento, simplesmente porque a “berceuse” delas inclui uma boa dose de tese, antítese e síntese.

Mas depois de dois anos de mordaça voluntária, decidi abrir a boca, soltar o verbo e desde já peço desculpas aos navegantes usando a máxima de Montaigne, “je donne mon avis non comme bon mais comme mien”. Algo como, dou a minha opinião não como boa, mas como minha…

Em primeiro lugar gostaria que alguém me explicasse e/ou justificasse o baixíssimo, para não dizer irrisório, orçamento do ministério da Cultura? Isso não tem nada a ver com a existência das Leis de Incentivo. Isso é a prova cabal do desinteresse dos governantes desse país pelo quesito cultura.

Contraditório desinteresse uma vez que, o mesmo governo permite que empresas como a Petrobras, o Banco do Brasil e o BNDES, juntos, invistam mais em cultura do que o próprio ministério por ela responsável.

Não podemos negar que a Lei Sarney, ancestral da combalida Lei Rouanet, foi na visão de muitos - e entre eles o grande Celso Furtado, cuja única mancha na biografia foi ter sido ministro da Cultura de José Sarney - foi uma grande conquista da sociedade brasileira num momento difícil de transição democrática, pois tinha como objetivo permitir à sociedade escolher diretamente o que ela queria ver produzido.

Mas, a ilusão durou pouco, e o que se viu em seguida foi um Estado transferindo suas obrigações, seus deveres e last bu not least seu próprio fundo de caixa para as mais diversas empresas, entre as quais muitas estatais, como as citadas pouco acima.

Constato, sem saudosismo algum e muita vergonha, que os ditadores desse país foram os únicos a esboçar, um arremedo talvez, políticas públicas nesse país na área da cultura. Porque ao contrário da esquerda mundial que via a cultura como uma estratégia para o desenvolvimento social e econômico de uma nação, no Brasil essa visão pertenceu sempre à direita no que ela tinha de pior, a ditadura Vargas e a ditadura militar, talvez porque mesmo de maneira equivocada eles tivessem um projeto de Nação.

Teixeira Coelho disse em um artigo que “as ditaduras não gostam de projetos que transferem, do Estado para a sociedade civil, parte do poder de decidir o que vai ser feito em cultura”. Concordo com a afirmação dele, mas discordo da solução encontrada pelo governo. Com que direito se dá à iniciativa privada o poder de decidir o que será feito em matéria de cultura no país, e, mais grave, fazendo isso com dinheiro público?

A iniciativa privada pode - e deve - produzir o que ela bem entender. Desde que o faça, com o seu próprio dinheiro.

Longe de mim, incentivar a criação de uma arte oficial, mas acho ridículo se falar dos riscos do dirigismo cultural que corre nossa frágil democracia. Cá entre nós vocês acham que a França é um país onde existe arte oficial ou dirigismo cultural? Nem o mais insano dos insanos ousaria afirmar isso, e, no entanto, a França é o país onde o Estado mais investe em cultura por habitante no mundo.

Mas se é para encarar o dirigismo cultural, confesso que nessa matéria integro a turma que acredita que o menos nocivo dos mecenas ainda é o Estado, desde que democrático de direito. Ao dirigismo cultural implantado pelo marketing coorporativo prefiro o do Estado. Talvez porque tenha compreendido há muito que a democracia nunca será culturalmente pluralista, contrariamente ao que se imagina, porque haverá sempre uma preferência a determinar uma moda, além da opinião pública.

Infelizmente o pluralismo não existe nesta matéria. Há o politicamente correto. Eu desejaria que fosse pluralista, mas não creio que seja possível e sei que haverá sempre escolhas abusivas. Todos os ministérios sempre fizeram e todos os grupos de pressão sempre fizeram escolhas abusivas. Mesmo boas escolhas são escolhas abusivas. Mesmo no século XVII quando Luís XIV apóia Molière, Corneille, Racine, ele é abusivo porque muitos foram preteridos e, talvez não fossem tão bons quanto, mas tivessem também valor.

E o sistema continua abusivo, continua sendo a escolha de uma época e de um grupo de pressão que até pode impor qualidade, mas que impõe o seu gosto. Infelizmente a democracia não é democrática em matéria de cultura contrariamente ao que se crê porque, com efeito, há sempre um grupo social que dirige os outros e que impõe, contra os quais as pessoas não ousam ir contra, com isso não se pode dizer que a democracia é pluralista em matéria de cultura.

Ariane Mnouchkine costuma dizer que o teatro irriga necessariamente a sociedade como um todo, talvez por isso as grandes empresas não se interessem por ele, mas com certeza isso legitima, sem complexo, o modo de financiamento público do teatro. E, Mnouchkine diz mais: “não é ilegítimo nem ilógico pensar que a cultura deveria ser subvencionada por todos os ministérios aos quais presta serviços incomensuráveis. É notório que somos bons para a saúde mental, que somos preventivos contra a delinqüência e a violência, eficazes contra a ignorância, portador da honrosa imagem da França no exterior, nós somos, por conseguinte, indispensáveis aos ministérios da Saúde, da Justiça, do Interior, da Educação nacional, do Turismo e das Relações exteriores, sem esquecer a Juventude e os Desportos e os Assuntos sociais”.

Entretanto, ao menos no nosso Brasil, ainda que a Constituição brasileira de 1988 no artigo 215 diga: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”, a realidade é bem distinta.

Tudo está errado desde a origem. A criação das leis de incentivo fiscal tinha como objetivos trazer recursos da iniciativa privada como um paliativo para a incapacidade do governo de assumir suas responsabilidades. Nesse país onde a perversão parece endêmica, o que fez o Estado? Liberou geral. Transferiu para a iniciativa privada a responsabilidade pela criação/gestão de uma política cultural, em comum acordo com a classe artística dominante que, estabeleceu de imediato excelentes relações com os diretores de marketing.

Não vou citar exemplos, mas Deus é testemunha do beija-mão promovido pelos artistas e seus captadores de recurso nos escritórios desses diretores de marketing. Não é preciso esperar a abertura da caixa preta do Ministério da Cultura - aliás, já permitiram o acesso aos arquivos da ditadura? - para conferir os nomes dos principais ídolos nacionais envolvidos. Basta conferir nos programas das peças patrocinadas pelas principais empresas nos anos 80/90 e descobrir quem estava de conluio com quem. Tinha gente que achava que patrocínio era renda vitalícia. Os captadores de recursos fizeram a festa. Sei de gente que com cinco anos de profissão construiu um patrimônio que inclui apartamentos no Leblon, casa em Búzios…em compensação, sei de gente, que com mais de 30 anos de teatro não conseguiu comprar um kitchenette na Prado Júnior.

Essas discussões de hoje são - grosso modo - um bate boca entre duas correntes da classe artística nacional, a dominante - que não quer perder privilégios, e a dominada - cansada de apanhar e disposta a brigar pelo seu quinhão.

De um lado, a classe dominante, a que tem acesso aos diretores de marketing, dona dos espetáculos que integram a chamada “indústria cultural” cujo objetivo principal é o lucro; não quer que se mexa na Lei porque não se mexe em time que está ganhando.

Do outro, a classe dominada, cansada de viver à margem produzindo espetáculos engajados com a pesquisa de novas linguagens cênicas, a elaboração de uma estética, normalmente frutos de meses de ensaios regados a sanduíches e café.

Depois de seis anos e meio de bate boca, de incompetência, aliadas a tal perversão endêmica da qual falei linhas acima, chegou a hora da solução. E, essa solução passa obrigatoriamente, pela definição de um conjunto de regras claras e rigorosas a serem aplicadas e respeitadas. Pois como dizia Albert Camus em A Queda “quando as pessoas não têm caráter, é importante que haja um método”.

E esse método deve levar em consideração alguns tópicos ausentes desse debate quase tão inepto quanto ininterrupto: não existe criação artística sem educação artística e não existe teatro sem público.

No lugar de brigarmos por Leis de Incentivos deveríamos nos empenhar em lutas que obrigassem o Estado a assumir suas responsabilidades. Formando professores, fazendo valer a obrigação dos cursos de Educação artística nas escolas, do maternal ao último do Ensino médio, permitindo a formação de platéias, que garantirão num futuro distante, talvez, mas seguro, que os teatros desse país não mais vivam à míngua e, os que dele vivem percam essa postura de mendigos.

Assim como no lugar de brigar por cotas e dividir um país deveríamos lutar para que a escola pública fosse o melhor destino para todos, sem distinção de classe ou de cor de pele. Que o exemplo fosse dado de cima, obrigando vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, governadores, ministros de estado e presidente da república a educarem seus filhos e netos nas escolas municipais, estaduais e federais.

Mas nesse país quando algo funciona os picaretas se reúnem para destruí-la. É mais fácil acabar com o exame da Ordem dos Advogados do Brasil sob pretexto de que o alto índice de reprovação é prejudicial aos pseudos-advogados formados pelos “trocentos” cursos das pseudo-faculdades criadas com o aval do Governo do que fechar todos os cursos, valorizando o bom, valorizando a meritocracia, princípio republicano básico.

Mas lá vou eu fugindo do nosso tema…

Uma das provas da nossa imaturidade, e ingenuidade, no tema chegou ao meu conhecimento numa discussão recente na Escola de Belas Artes na Bahia. Fui surpreendida por uma informação de que existe há anos uma luta para que a Cultura receba o equivalente a 2% do orçamento da União. Expus à platéia a minha surpresa, explicando que a França desde 1936 e mais intensamente desde 1947 graças a um homem chamado Jean Vilar lutou durante décadas para que 1% do seu orçamento fosse destinado à Cultura. Fato que só seria possível em meados da década de 80, após a eleição presidencial de maio de 1981, de François Mitterrand que deu a Jack Lang, primeiro ministro da Cultura socialista, carta branca para tornar realidade esse sonho. E, mesmo depois de mais de meio século de lutas, na França de hoje a realidade não é mais essa. Como podemos nós, engatinhando, saindo das fraldas nessa questão, acreditar que podemos obter os tais 2%? É a hora de usar aquele conhecido bordão “menos, gente…menos”.

Na verdade o que falta ao nosso Brasil, além de maturidade da classe envolvida nessa história, são homens da envergadura de André Malraux, François Mitterrand e Jack Lang. Homens que por voluntarismo político e crença nas artes mudaram o rumo da história das políticas públicas na área da cultura na França fazendo da exceção cultural francesa um exemplo mundial.

Por que falo tanto da França? Porque é o país do primeiro ministério da Cultura, que esse ano comemora 50 anos, o país no qual o Estado mais investe em cultura por habitante no mundo, e a parte do Estado não vem apenas do ministério da Cultura, mas do ministério des Affaires étrangères et européennes, como eles chamam o ministério das Relações Exteriores, lembrem-se que a diplomacia cultural é uma invenção francesa e tem sido usada com frequência como arma de charme; do Ministério da Educação, pois como formar platéias sem passar pela Educação e vários outros.

Sou francófona e francófila assumida, mas não perdi o senso crítico, sei que existem proporções a serem guardadas, que o modelo francês não é reprodutível, e que o paraíso não existe. Mas, a política cultural francesa deveria ser, se não um exemplo, um modelo. E, como tal, ser analisado e não copiado, mas aperfeiçoado e adequado aos nossos tristes trópicos. Costumo comparar a política cultural francesa à democracia, o regime que na prática se demonstra o mais perto possível do ideal.

No dia em que um dos nossos políticos for capaz de pronunciar um discurso como o de Jack Lang, então com apenas 42 anos de idade, no dia 17 de novembro de 1981 diante da Assembléia Nacional francesa (veja aqui o site) e anunciar que o orçamento do Ministério da Cultura vai ser dobrado, que será fixada uma data objetivo para alcançar o sonhado 1%, para lembrar que toda ação governamental é cultural; que não deve existe apenas um, mas 27 ministros da Cultura no governo; para lembrar que todos os brasileiros e não apenas uma única classe social, tem direito à cultura, para identificar o combate da esquerda a um manifesto cultural e colocar o ministério pelo qual ele é o responsável “a serviço de um projeto de civilização”, nesse dia nós teremos percorrido a metade do caminho em busca da implementação de uma verdadeira política pública para o teatro brasileiro.

Enquanto não formos capazes de produzir e eleger homens com a envergadura de Malraux, Mitterrand e Lang, enquanto nosso Congresso Nacional tiver a cara que vemos diariamente nas televisões e nos jornais, nós vamos continuar discutindo, discutindo, discutindo… e nossas políticas públicas na área da cultura farão companhia ao sonho do Brasil país do futuro, que como dizia uma canção de Toquinho, “futuro que insiste em não vir por aqui”.

PS - Não poderia fechar a coluna de hoje sem falar da tragédia do AF-447. Para isso faço minhas as palavras de Antoine Pouillieute, Embaixador da França no Brasil: “O Ano da França no Brasil é um ano de partilha, de alegrias e de tristezas. Hoje, este evento está de luto pelo desaparecimento do voo AF-447. Nossos pensamentos devem se voltar para as 228 vítimas desta tragédia. Eles devem também dirigir-se a sua família a quem devemos a verdade e fraternidade: a verdade ao dizer o que nós sabemos, tudo o que sabemos; a fraternidade para ajudá-los a superar o inaceitável e fazer de um conjunto de destinos destruídos uma humanidade superior. Os desaparecidos do voo AF-447 estão em nossos corações: tenhamos um instante de recolhimento por eles. Obrigado, Antoine Pouillieute, Embaixador da França no Brasil”

Deolinda Vilhena é jornalista, produtora, Doutora em Estudos teatrais pela Sorbonne, pós-doutoranda em Teatro na ECA/USP com bolsa da FAPESP

quinta-feira, 11 de junho de 2009

ADIVINHA QUEM É??

Hairspray Broadway Musical Tour Montage

Enquanto a versão brasileira não chega, data prevista pra dia 06 de julho, fica aqui um aperitivo. Na montagem brasileira, que vai estrear no Oi Casa Grande, Edson Celulari vai fazer o papel de John Travolta. Bem... na verdade fará o papel da mãe da gordinha protagonista. Vamos rir muito disso!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

ESTRANHO CASAL




Quem na vida nunca teve q abrigar um amigo necessitado? Nem q fosse por uma noite? E se essa noite virasse semana, um mês, um ano? Loucura total seria? Pois quando estive em Lisboa, hospedado na casa do meu amigo-irmão, a primeira coisa q fiz quando cheguei na casa dele foi trocar os móveis da sala de lugar e arrumar todos os seus sapatos num lugar distante do quarto dele. Claro que quando ele chegou tomou um susto! Queria os sapatos mais perto dele! Já os móveis... bem, ficaram como eu deixei. Durante o mês em que lá estive, fiz o possivel pra não incomodá-lo. Lavei louça, fiz almoço e jantar, lavamos roupa... ei... pera ai! Isso parece tema da peça "Estranho Casal"!

Pois está em cartaz no Teatro do Leblon, a comédia Estranho Casal, de Neil Simon. A peça é mais ou menos o que relato acima, apenas difere da minha história pelo fato de que os dois homens estão separados de suas mulheres e precisam morar juntos. Um toma pra si as tarefas domésticas enquanto o outro toma pra si a tarefa de desarrumar tudo. Na verdade, o bagunceiro está adorando isso tudo. E o arrumadinho também. Porém quando o assunto é mulher na jogada, literalmente, pois eles adoram um jogo de pôker, a coisa muda de figura. E é aí que as frustrações, cobranças, diferenças de comportamentos, começam a aflorar e as brigas de casal se tornam uma constante.

Toda a equipe técnica é escolhida a dedo. Cenários de José Dias, figurino de Ney Madeira, luz de Paulo Cesar Medeiros e trilha sonora de Billy Forghieri. E, logicamente, o resultado nao poderia ser outro. Tudo funciona. Tudo é muito bem escolhido, pensado e executado.

A tradução da peça é do autor de novelas Gilberto Braga, que segue à risca a necessidade de velocidade do texto e consegue utilizar palavras que nos é muito familiar, e, com isso, nos faz ficar cada vez mais perto daquela história, como se estivéssemos inseridos naquele apartamento.

A direção de Celso Nunes, que como bem disse um dos meus amigos que foram comigo à peça, é um primor: "ainda bem que existe um diretor que sabe dirigir comédia". Ele foi além: "é tão bem dirigido que todos os atores estão fazendo a mesma peça". É isso mesmo. Às vezes vamos ao teatro e cada ator está fazendo um espetáculo, um tempo diferente dos demais, cada um na sua. Aqui não. É tudo sincronizado. Todos estão se entregando aos seus papéis e não se preocupando em aparecer mais que o outro. A direção vai ganhar o prêmio Shell de teatro. Anote aí.

Tudo isso não teria acontecido se Edson Fieschi e Carmo Dalla Veccia, os protagonista, nao tivessem lido a peça, visto o filme e reunído um elenco engraçadissimo de homens (Leonardo Netto, Marcelo Varzea, Marcos Ácher e Rogério Freitas) e um elenco hilariante e brilhante de mulheres (Bel Garcia e Susana Ribeiro) que roubam a peça como duas gaúchas gostosonas. Edson e Carmo, como os amigos que dividem apartamento, estão excepcionalmente bem em seus papéis. Totalmente à vontade como se a peça fosse escrita para eles.

Um espetáculo para vários prêmios de teatro. Totalmente profissional que não deixa a menor duvida na platéia de que o ingresso pago vai ser devolvido em gragalhadas inesquecíveis.

Este é imperdível. Uma aula de teatro.

O Zoológico de Vidro (The Glass Menagerie)

Estréia esta semana, no Teatro Maison de France.
Vamos todos?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

QUANDO AS MÁQUINAS PARAM

Está em cartaz na sala Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim, a peça "Quando as máquinas param", de Plinio Marcos, escrita em 1967. Mas parece q foi escrita em dezembro de 2008, quando a crise economica mundial, atual desculpa para demissoes, diminuição de verbas, aumento dos lucros dos empresários, passou a ser manchete dos jornais do mundo todo. O drama vivido pelo casal pode perfeitamente estar inserido em qualquer classe social hoje de qualquer país do mundo. Seja em Portugal, ou no Rio de Janeiro, ter um cobrador batendo à porta, ou um telefonema dizendo q sua conta de celular nao foi paga, não é mais motivo de vergonha pra ninguém. A industria da cobrança veio justamente nos mostrar que todos, absolutamente todos nós, estamos consumindo mais, as crises estao cada vez mais presentes e, por incrivel que pareça, as dividas de todos nós só faz aumentar.

Comigo nao é diferente. Me identifiquei com os cobradores, com a falta de um salário fixo (ok, sou produtor, e as vezes os trabalhos somem, as vezes são tantos q nem dá pra dar conta) e com o pagar fiado pra poder continuar vivendo, ou sobrevivendo.

O texto é atualissimo. Mesmo nas discussoes entre mulher e homem, sobre a vergonha do palavrao e do que o vizinho vai achar, está tudo muito atual. Até o marido descontar suas frustrações em cima da mulher, também é atual. Nao é à toa que o numero de mulheres que fazem denuncias para a delegacia de mulheres contra agressoes sofridas pelos seus companheiros só aumenta.

Sobre a peça, a dupla de atores está muito bem em seus papéis. A atriz Ana Berttinez está tão envolvida no personagem que chega a chorar de verdade ao fim da peça. É uma otima atriz que domina totalmente a cena. Comovente. E ao seu lado, Rômulo Rodrigues dá conta do recado, só precisando melhorar um pouco algumas entonações das palavras e acreditar mais em si mesmo. Algumas vezes seu personagem escapa das suas mãos, mas ele consegue domar a fera.

O cenário e a luz estão num casamento perfeito. Adorei as lâmpadas incandescentes iluminando os atores. Mas cuidado com o excesso de jornal no piso. É gratuito? É pra incomodar? Eles sao pobres sim, mas sao limpinhos.... logo, muito jornal acaba atrapalhando até aos atores. Gosto da disposição do cenário, dos móveis de época, das "paredes" que criam uma saida estratégica. Muito bem pensado. Mas o figurino realemnte é um achado. As cores, as escolhas das roupas, a superposição de peças dizendo que são roupas doadas, e ao mesmo tempo trabalhadas" para aqueles personagens, o escudo do Corintias, a camisa azul q mais parece um uniforme, ótimo. Muito bem construído.

A direção da encenação as vezes cria uns movimentos que nao tinham necessidade, como a gafieira rapidamente dançada pelos dois atores, mas quem sou eu pra achar alguma coisa?? Só acho que nao precisava ter ação nesse momento, já q as palavras dizem tudo. Gosto do "mini flash back" de quando a mulher diz ao marido q está gravida e ele faz um comentário. A vida dos dois passa em revista, aos olhos da mulher, em segundos. Gosto disso. Gosto também das cadeiras colocadas em lugares diferentes do "olho no olho". Mas, se estivessem os atores realmente se olhando nos olhos, o rendimento deles seria muito maior. Gosto da ousadia. E gosto da fuga do lugar comum.

E como sempre digo, quando há verdade no trabalho, tanto dos atores, quanto de toda a ficha técnica, a gente ve logo. Sabemos que ali existe uma verdade, uma busca por acertar, uma vontade de fazer bem feito, uma dedicação. E a recompensa é ver este ótimo trabalho de equipe que eu recomendo a todos que assistam. Uma peça extremamente atual, feita com competência, segurança e respeito, nao só com o publico, mas com o texto e com o autor que se está propondo a encenar.

Aplausos de pé.
Até já!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O FILHO DA MÃE

Quando um assunto vira uma peça de teatro de sucesso, parece que algumas pessoas querem pegar carona na cauda do foguete. E algumas peças caroneiras conseguem alçar vôos proprios com propriedade e independencia. Falar sobre mãe é mais do que batido, mas a forma de se falar desse assunto é que transforma este ou aquele episódio teatral, o famoso "diferencial", em alguma coisa nova e divertida e emocionante.

Fui assisti ao espetáculo "O filho da mãe", que estava em cartaz no Teatro Ipanema. E deve, com certeza, passar para algum outro teatro muito em breve. A peça, escrita pela Regiana Antonini é a historia de uma mãe que mora com o filho e, como toda mãe que se preocupa com a felicidade do filho, acaba por mimá-lo e quase sufocá-lo. Com pequenas passagens de tempo, pontuadas por objetos encontrados durante a arrumação da mala de viagem do filho, a peça conta uma pequena passagem na vida desses cumplices, amigos, confidentes, controladores, enfim, amigos apesar de mãe e filho, que têm uma estrada, cada um no teu tempo, ainda a percorrer pela frente. É claro que algumas piadas foram escritas para arrancar o riso a qualquer preço da platéia, e as vezes fica um cadinho de mais da conta, uai, o excesso de vontade de fazer graça.

A peça eu digo, com todo carinho, q começa a pegar o espectador depois do primeiro 1/3 do espetáculo. Até lá, a gente fica um pouco com birra daquela mãe louca, que pensa, é inteligente e lança questões. No segundo terço da peça a gente ri de se acabar com a cena da mãe bebada e do teste da revista pra saber se o filho é ou nao é gay. E no terceiro terço, a gente se emociona, torce por eles, quer a felicidade, se lembra da nossa mãe. E como a peça é uma comédia, tem um final surpreendente, inteligente e... que lança questões.

Dentre os pontos positivos da peça, estão a propria autora, e atriz, Regiana Antonini, divertidissima como mãe, do também talentoso Pedro Nercessian. Palmas também para os deliciosos e espalhafatosos figurinos do Marcelo Marques para a mãe. Mostra bem a loucura e a suavidade que é aquela mãe. Ah, outro ponto mais que positivo, e que eu adoro, é a existencia do bordão. Depois da terceira vez que o bordão é dito, a platéia já fala sozinha, basta o personagem começar a falar.

Uma sugestao para a direção é arrumar aquela mesa cheia de copos, laptop, flores... os copos chegam em uma cena e ficam até o fim. Poderiam ser retirados sem problema, pois a mae entra e sai de cena diversas vezes. Outra sugestão é marcar mais as passagens de tempo, pois nao é só o figurino que consegue nos fazer entender que voltamos ao tempo. Um trabalho mais em cima da luz ou da sonoplatia ia auxiliar na compreensao dessas mudanças. E também como sugestão, usar mais o belo cenário do Marcelo Marques, pois tem muita beleza pra ser apenas uma composição.

Sem dúvida o patrocínio recebido foi muito bem empregado. Nós da platéia vemos que ali tem diversos trabalhos com o objetivo de colocar a peça em cartaz com qualidade e talento. Existe um trabalho caprichado, de bom gosto, feito com carinho e respeito ao publico. Eu me emocionei, eu ri, me diverti e, se voce gosta de um espetáculo leve para esquecer seu dia-a-dia, vá ver a peça e com certeza, saia de lá lançando suas proprias questões.

Até a proxima.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Que é que tá faltando?

Uma nova pérola do excelente Paulo Gustavo. Um dos poucos comediantes que me faz rir tanto que chego às lágrimas!
Divirtam-se

sábado, 30 de maio de 2009

To indo ao teatro...

... vou ver "O Filho da Mãe", no Teatro Ipanema! Já já te digo o que penso sobre a peça.
Té já!

AINDA BEM QUE FOI AGORA

Está em cartaz no Teatro Candido Mendes o espetáculo simpaticissimo chamado "Ainda bem que foi agora". O texto é de uma dupla de sucesso atualmente nos teatros cariocas, Julia Spacaccini (Os Estonianos) e o Rodrigo Nogueira (Play). Em dupla ou em vôos solos, esses dois já tem traçado seus destinos de sucesso nos teatros brasileiros. E devem seguir a diante sem a menor duvida sobre o rumo de suas prosas, seus teatros. O texto é inteligente e divertido. Uma conversa, um conto, sobre a vida de um casal que se conhece, se apaixona, casa, descasa... ei, pera ai? Isso nao é "A História de nós dois" que também está em cartaz no mesmo teatro? Sim. É. Mas nao é. É o mesmo mote, mas a história é outra. E essa, assim como a outra, é muito bem escrita e nos conta tudo aquilo que já sabemos, mas conta com humor e inteligencia.

O cenário do Nello Marrese e o figurino do Ney Madeira já são motivos de comemoração para o espetáculo, pois os dois, sempre corretos, sabem exatamente o que fazer para garantir aos atores um trabalho lindo e competente. A luz, por conta do horário alternativo, sofre um pouco, mas mesmo assim ilumina muito bem o espetáculo. Só a projeção das fotos do casal é que fica um pouco prejudicada pelos "varais de roupa" que confundem um pouco nossa visão das imagens.

O casal de atores, Andrea Mattar e o Carlos Vieira estão muito a vontade em seus papéis, pois já vêm de uma temporada de sucesso no Galeria Café, onde, a meu ver, a peça tinha um rendimento um pouco melhor que no Candido Mendes, mas ainda bem que a mudança de teatro foi para um também intimista. A peça funciona muito bem em espaços intimistas. Ainda bem que foi agora!!

Mas sem duvida nenhuma a direção do Marcelo Saback faz toda a diferença do espetáculo. Com soluções muito criativas, como o "mar" de Ipanema, o zigue-zague em "w" dos atores na frente do palco no baile de carnaval e o hilariante momento da mesa de bar nos diverte, emociona ao publico e confere ao espetáculo uma aglilidade e uma inteligencia que se soma ao texto.

Sempre que chego às lagrimas e fico de boca aberta com espetáculo é sinal de que "a coisa" é boa. E dessa vez isso conteceu, quando Andréa (ok, o personagem) perguntou se alguem acreditava em Amor à Primeira vista e o casal ao meu lado gritou dizendo que sim, que com eles tinha acontecido isso. Pois eu acredito. E já aconteceu comigo. Entao, nesse momento, senti falta do meu amor à primeira vista e me identifiquei com a peça. E com a história da peça. E tive vontade de voltar a ter um amor, como o dos personagens.

Ainda bem que fui ver a peça. Ainda bem que foi agora.

Nao perca. É um lindo e honesto e competente trabalho.
Abraços,
O proprio!

APOCALIPSE SEGUNDO DOMINGOS OLIVEIRA

As discussões sobre Deus e o Diabo, sobre vida, sobre por que estamos na vida, sobre conceitos de certo e errado, tudo passa pela minha cabeça ao longo do dia. Uma mãe que morre para dar a luz ao filho, o sexo sem fronteiras, as doenças, as guerras, as iras e os ódios. Parece realmente que nosso mundo está de cabeça para baixo. Uns com tanto dinheiro, uns com 4 patrocinadores, outros sem nenhum dinheiro, outros sem nenhum patrocinador. Isso são conflitos que me fazem questionar os métodos de Deus sobre como andam as coisas no mundo de hoje. E é aí que entra a história da peça do Domingos Oliveira.

Sábiamente e com um humor irônico que eu ADORO, Domingos discute, acusa, aponta, brinca de ser Deus, comanda toda uma história baseada no simples (???) fato de que Deus está cansado dessa bagunça toda e quer acabar com o Amor. Pq pelo amor existem as guerras, as taras, o sexo livre, a paixao, enfim, o Amor também seria a desgraça alheia. E pede auxilo às Fidelidades. Quem nao gosta nada disso são os Adônis, deuses do amor. E Adones enfurecido se junta ao Diabo e às suas endiabradas assistentes e sua "esposa" Maléfica.

E no meio disso tudo Deus resolve julgar dois cassos exemplares de perversão pura e tem que decidir absolve os pecadores ou, literalmente, manda todo mundo pro Inferno. Mas Deus de emputece com tudo, se cansa, joga a toalha e mata todo mundo. Do Diabo aos seus asseclas e descobre que, no fim das contas, sempre esteva apaixonado pela sua principal assistente: a Vida.

O texto é muito inteligente, nao é pra qualquer um nao. E, graças a Deus, sem trocadilhos, a platéia era repleta de cerebros inteligentes e que só riam quando as piadas e as ironias eram realmente interessantes e engraçadas. Ponto para a platéia!!!

Sobre a cenografia, figurino e luz, nao tinha uma plaquinha com o nome de ninguem, mas adianto que estão muito bem representadas no palco. Tudo funcioa super bem. Gosto muito do cenário e da luz. O figurino atende perfeitamente ao espetáculo.

A direção é inteligentissima, pois consegue tirar partido de 40 atores em cena e ainda manter a harmonia entre eles.

Já o elenco, uns mais fracos, outros brilhantes, funcinoam melhor no conjunto do que no individual. Mas vê-se claramente que é uma equipe. E uma equipe vencedora.

Pena que a temporada está acabando, pois sinto falta de espetáculos inteligentes como esse. E tomara que eles voltem em outro teatro. É uma peça polêmica, sem duvida, mas o que se discute tem tudo a ver com o que estamos vivendo nos dias de hoje.

Recomendo.
Abraços!!

domingo, 17 de maio de 2009

CONFRONTO - espetáculo obrigatório

Desde que conheci Lisboa, nao consigo parar de comparar a cidade com o Rio de Janeiro. É impossivel achar que são cidades independentes. As vezes ando no Rio e me vejo em Lisboa. E desde que voltei de Portugal nao consegui fazer as pazes com o Rio, e nem com o Brasil. Nao tem praia de Ipanema, Corcovado nem vitória do Flamengo que me faça voltar a ter o amor que eu sentia pelo Rio antes de conhecer o tal "lá fora".

E hoje, apos a peça "Confronto", pude notar que meu amor pelo Rio jamais será o mesmo.

Depois q assisti ao filme Tropa de Elite, no cinema, nada de pirataria, entedi que por cá somos todos reféns dos comandos coloridos que dominam as favelas. E hoje, na peça "Confronto", escrita brilhantemente por Domingos de Oliveira e pelo Luiz Eduardo, mesmo autor do livro que deu origem à peça, "A Elite da Tropa", pude voltar a ter, por alguns minutos, a esperança de um dia voltar a amar o Rio de Janeiro.

A peça, em forma de documentário, começa com uma suposição interessante: apesar de toda fábula ser uma história inventada, ela tem por base um fato real. Logo... todas as fábulas podem ser, ter, um fundo de realidade. E assim a peça nos mostra uma série de confrontos. De classes sociais, de policiais, de alto escalao de um governo do estado, no caso do Rio de Janeiro, e o confroto do "nao tem jeito" com a esperança.

Ninguem vence. Por enquanto. E quem nos garente que alguém vá vencer um dia? Daí... onde foi parar meu amor pelo Rio? Parou fora daqui.

O texto e a direção de Domingos de Oliveira, nos mostra que é possivel trazer para o teatro uma parte do livro, que, com a ajuda do mesmo autor, tem uma dinâmica entre altos e baixos de nervosismo e humor, sempre um lado apoiando o outro antes que o publico se canse de sofrer ou rir. A direção da peça é ágil, dinamica e utilizando os recurosos que o diretor em tem mãos: atores de talento inegável, luz, figurino e o minimo possivel de cenografia. Tudo bem costurado, armado, conduzido e, enfim, com clareza para criar um espetáculo onde se vai falar, novamente, tudo que já foi dito sobre a violencia urbana do Rio de Janeiro.

A Cenografia de Ronald Teixeira começa com um belissimo piso plotado, onde se interpreta um mar de lama, um rodamoinho de sangue ou ainda um ralo pra onde se vai toda a baixaria possivel. Compondo, cadeiras, mesas e bancos pretos. Apenas dois adereços para situar uma casa de suburbio, com flores de plástico, e uma casa de rico, o tabuleiro de xadrez. O figurino também é dele e veste todos os atores com competência. Destaque para o sapato branco do chefe da policia civil e o esvoaçante vestido da mulher do traficante e cantora de boite de streep tease.

A luz do Russinho é ótima!!! Com a supervisao de Maneco Quinderá, Russinho cria ambientes, separa cenas, usa a luz como grade de cadeia, enfim, ilumina a peça com competencia.

A trilha sonora é adequada, mas senti falta de um funk na favela e de novas e, quem sabe, emocionantes regravações para Cidade Maravilhosa. Carmen Miranda cantando o hino da cidade ficou fora do contexto. Ah, sim, e uma ária de ópera durante um desabafo de um preso também passou longe de ser verdadeiro. Não mais sobre trilha sonora, mas sobre sonoplastia, muitas vezes perdemos o que nos é narrado pela voz de Domingos de Oliveira, cuja dicção é falha quando está nos offs.

O elenco é de todo muito bom. Destaque para Paulo Giardini como o governador do estado, Camilo Bevilacqua, como o chefe da policia civil e Michel Bercovitch como o secretário de segurança publica. Ainda no elenco, Delson Antunes, como um PM vingativo, Alexandre Mofati como o contador da facção criminosa rival e Fernando Gomes como um dos integrantes da inteligència da policia estão bem escalados e atuando bem. As mulheres do elenco dão conta do recado muito bem, assim como os demais componentes da peça.

Ao final, fomos brindados cum um belissimo depoimento de Augusto Boal sobre a esperança nossa de cada dia e, como publico pagante, apesar dessa historia eu ja saber de cor e salteado, saí do teatro com infinitos pensamentos sobre como posso melhorar minha cidade para voltar a amá-la como a amava antes de "ir lá fora".

Como sempre digo, esta é minha opiniao e graças a Deus a internet está aqui pra isso, para que cada um diga o que pensa e arque com as consequencias das suas opiniões. Eu arco com as minhas. E assim como quem produz se expoe, aqui me exponho. "Nao quero causar impacto, em tempoc sensaçao", Lulu Santos ja disse. Mas quero poder dizer livremente aquilo q penso sobre as peças de teatro que assisto.

"Confronto" é um espetáculo de teatro com o que há de melhor para um publico que já é cativo nas platéias e um publico que se está chegando agora. Vá sim ver a peça, tire suas conclusoes e, principalmente, acredite que é possivel o Rio de Janeiro voltar a ser amado.

Abraços a todos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

PLAY

Está em cartaz no delicioso Teatro Solar de Botafogo a nao menos deliciosa peça 'Play'. Um gostosissimo jogo de palavras, jogo de interpretações e jogo com a platéia que prende o publico do inicio ao fim, com diálogos bem interessantes e de dupla, ou tripla, interpretações. Tem momentos bem inteligentes na peça, e no texto do Rodrigo Nogueira. Como exemplo, uma cena que adorei, os atores estao falando sobre ingressos de teatro, quando a intençao muda e "parece" que estao falando sobre o relacionamento entre eles, mas nao estao. Ainda é sobre os ingressos. Genial.

A ideia de se basear no Sexo, Mentiras e Videotape pra contar essa historia, escrever este texto é muito interessante. Até que ponto as mentiras podem ser verdade? Até que ponto, o jogo da verdade-ou-mentira comanda nossas ações diárias? Ou nossos "dramas diários"? So mesmo vendo a peça e participando deste "to play" (brincar, jogar, atuar, apertar o botão do videotape) pra entender, ou nao, como a mentira nos envolve o tempo todo.

A direção do Ivan Sugahara é agil, com marcas bem definidas de espaços e dando aos atores oportunidades de mostrarem seus talentos. Sem falar que comanda com maos de ferro toda a ligação entre cenário, figurino, luz, trilha e projeção.

E falando na parte técnica, o cenário é composto de uma bem costurada cortina de voil de cima a baixo, limitando a caixa cenica, criando coxias, e 5 cadeiras e 2 meses, muito bem construidas, que se transformam em belos ambientes. Mérito de Rui Cortez que assina toda a direção de arte, incluindo os otimos figurinos.

A luz de Renato Machado nao varia muito e nem pontua os cenários, mantendo tudo sempre numa geral branca.

Agora são os atores que merecem os aplausos. Todos estao otimos. Daniela Galli ganha a gente logo de cara, Maria Maya tem DNA! E nao foge às origens! Òtima! Os meninos Jonas Gadelha e Rodrigo Nogueira sabem exatamente as intenções de suas falas e de seus personagens. Todo o elenco é muito bom.

Tem um momento que a peça fica um pouco cansativa, mas é um pequeno momento. Parece que a brincadeira está girando em volta dela mesma. E fica no ar aquela sensação de q nao se vai chegar a lugar nenhum. Mas o jogo ja está feito e cabe ao publico esperar para o desfecho final. E, como é de se esperar, um bom final.

Vale a pena ve mesmo a peça e deixar se envolver por esse jogo. É jogo q nao acaba mais! E o saldo muito positivo.

Bela produção!!

domingo, 3 de maio de 2009

A HISTORIA DE NÓS 2




Está em cartaz no Teatro Cândido Mendes, em Ipanema, a peça do título, de autoria de Lícia Manzo. A logomarca do espetáculo faz um brincadeira com a palavra HistóRia, onde sugere que se ria daquela relação entre as duas pessoas, personagens, da peça. Ou melhor, da Comédia Romântica, como bem diz o subtítulo. E é isso mesmo. Uma comédia, onde o povo ri do óbvio e do não tão óbivio assim, onde todas as historias do inicio, meio e fim de um relacionamento podem ser bem exploradas. O que eu mais gostei do texto é que, apesar daquilo tudo ja ter sido dito, dessa vez é dito com propriedade, segurança e com competencia, pois se diz de uma forma honesta e clara. Sem pieguices e sem bla bla blá. O recado é dado rápido e rasteiro. A peça dura só 1 hora e 5 minutos, mas... pra que mais? Gostei muito do texto.

Vou falar mais ainda do texto pq é o que move o teatro. Sao discutidas as relações entre todos os casais, e o da peça nem de longe é um casal modelo. Tem todos os tipos de brigas triviais de um relacionamento. Praticamente um prato cheio para todos os terapeutas mandarem seus pacientes, clientes, ao teatro correndo para verem a cagada que fazem (eu fiz) com suas relações interpessoais de conho amoroso (hahaha). Uma parte ótima da peça é quando o marido questiona a esposa no "ajudar" a cuidar do filho. Ela sábiamente diz que nao existe "ajudar", pois só se ajuda alguem a fazer aquilo que nao é tarefa sua, e criar um filho é tarefa dos pais em igualdade de peso. Ponto para Freud!

O cenário da Clivia Cohen é bacana. Tudo em tons de madeira, aproveitou o espaço do fundo do palco para criar portas de armários onde os atores guardam e retiram o que precisam, somando a duas caixas de guardar coisas que viram a cama da peça. Ótimo. Funcional. Mas nada criativo. Dá o recado.

O figurino do Cao Albuquerque é perfeito. A mesma roupa o tempo todo aos atores que servem a vários propositos. Combinam com os adereços e compoem outras roupas se combinando na harmonia de cores.

A luz de Maneco Quinderá é como sempre linda. Ilumina e nao concorre com os atores.

A trilha sonora do Rodrigo Penna é como sempre bem escolhida e divertida.

As projeções de Miguel Pachá sao bem feitas e acrescentam ao espetaculo as cenas que nao se passam no palco, como a do Supermercado e a do fim da peça. Bem produzido.

Os atores estao otimos e seguros. De inicio achei a Alexandra Richter melhor que Marcelo Valle, ela se entregando mais e ele curtindo menos. Mas ao longo da peça, fica claro que ele é o que realmente se entrega com paixão e emoção e ela, mais técnica, pode até roubar a cena em alguns momentos, mas a emoção do Marcelo Valle fala mais alto. Ele compõe tão bem o marido, bofe, hétero, machão, que me fez ter asco do personagem, pois é assim mesmo que os meninos têm se comportado ultimamente. Por isso gostei imenso (como dizem os portugas). Ela, chatissima (a personagem) compoe tão bem sua esposa-mãe que nos faz ter raiva do bebê por ter se metido na vida de um casal tão bacana. Ao fim da peça, me surpreendeu ver Marcelo Valle chorar de verdade em cena, o que emocionou a todos nós da platéia. Isso é que é entrega! A ponto da colega Alexandra olhar para ele com aquela cara cúmplice de que "tá tudo bem. tá tudo bem". Otimos trabalhos dos dois. Que entrega, que técnica.

Mas, sem sombra de dúvida o prêmio Shell da peça vai para a direção do Ernesto Píccolo, que consegue nos fazer esquecer que estamos num teatro de arena com mísero palco de 5 x 5 metros, nos remete a vários planos e cenários, nos insere na trama, é agil, emotivo, inventivo e criativo em marcas que poderiam ser óbvias. Os atores estao com suas falas bem ditas, as pausas e respirações estao corretas, claras, sem pressa. Tudo dirigido com o carinho que esta história deles dois merece ser mostrada e contada.

Uma observação irrelevante. É uma peça para um publico jovem, de 20 a 50 anos se identificar direto. Já os mais velhos, vao relebrar seus tempos daquelas histórias vividas iguais a do casal.

Nao perca este espetáculo. Principalmente se vc está iniciando um namoro, se está no meio dele ou se simplesmente acabou de dar, ou tomar um pé na bunda. Voce vai mudar seus conceitos e fazer uma terapia de grupo e ainda por cima se divertindo.

Veja e comente.
Abraços.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A FARSA DA BOA PREGUIÇA



To entrando em casa, ainda no calor dos aplausos da peça A Farsa da Boa Preguiça, de Ariano Suassuna, no SESC Ginástico. Como todo Auto que se preze, Deus e o diabo mandam e desmandam na vida dos seres humanos, tudo temperado com os sete pecados. A história de Ariano Suassuna ainda traz o que eu mais adoro em teatro: tudo em versos rimados! Isso é que é criatividade! É um misto de repente com poesia de cordel, uma delicia. Ri muito.

A direção é do experiente e talentoso João das Neves. Marcas bem intrressantes, explorando a qualidade que cada ator pode ter para contribuir nao só para o personagem que defende, mas defender acima de tudo a história que estão contando. A harmonia entre toda técnica da peça é o mais impressionante do espetáculo. Direção irrepreensivel. Anotem ai. Vai ter Shell na peça.

Outro Shell é para o figuirno de Rodrigo Cohen. Uma pesquisa, uma riquesa de detalhes, um exageiro de coloridos e degradês que encantam nao só ao público, mas principalmente aos atores. Eles estao felizes à beça por usar um figurino tão lindo e caprichado. Tudo com referencias nordestinas. Nao falta nada, tá tudo lá. Rendes nas mangas e nas golas, fitas nas saias, acabamento impecável de costura. Um primor. Todo figurinista e amante da moda deve ver a peça.

O cenário do Ney madeira é lindo! Cheio também de tecidos como referencias nordestinas e da literatura de cordel, ajuda a localizar o elenco e o publico no tempo e no espaço e tudo que é necessário para contar aquela história é muito bem construído e rico em detalhes locais. Impossivel nao deixar de falar dos bonecos mamelungos, de Gil Conti e da Io Io Teatro de Titeres. Quase a cara dos atores-personagens, os bonecos estão muito bem inseridos na trama e muito bem manipulados pelo elenco.

A luz do Paulo Cesar de Medeiros é bonita. Nada de novo no front, mas também nao precisa mais do que isso. Destaco a guirlanda de lampatinhas bolinhas coloridas que enriquecem todo o cenário.

A direção musical é do premiado Alexandre Elias que consegue fazer o publico quase cantar com suas melodias recheadas de zabumba, sanfona e triângulo. Deliciosas todas as musicas.

E é o elenco que dá um show em cena. Brincando com riquissimos personagens. Destado, nesta ordem, do brilhante genial para o maravilhoso impecável: Bianca Byington, Guilherme Piva, Vilma Melo, Daniela Fontan, Leandro Castilho, Ernani Moraes, Flavio Pardal e Francisco Salgado. Ótimos todos. Mas sem sombra de duvida, Bianca e Piva são os donos do palco.

Uma das cenas mais lindas ja vistas por mim em teatro, vi hoje na peça. Ao final, os "anjos" que chegam dos céus para "arrumar" a casa dos humanos, voltam lá pra cima. Mas quem sobe são os bonecos. Emocionante. Só vendo pra saber o que quis dizer.

Espetáculo imperdível. Vá ver, se emocionar e se divertir.
Abraços,

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A CASA DA MADRINHA

Fui na estréia da peça infantil e... prefiro não comentar. Assim a gente não faz inimigos.
Mas, como toda produção tem seu mérito, vá ver a peça, descubra os méritos e tire suas conclusões.
Abraços.

OS ESTONIANOS

No meu vizinho Teatro Poeira (o teatro da Andréa Beltrão e da Marieta Severo, em Botafogo) está em cartaz até fim de maio "Os Estonianos".

O texto da Julia Espadaccini é muito ágil, divertido, interessante e rico em detalhes e em situações atuais sobre, também, relacionamentos, duvidas freudianas e a vontade de se livrar da prisão em que nós mesmos nos inserimos. Como diz o psiquiatra Paulo Rebelato, em entrevista para a revistga gaúcha Red 32, o máximo de liberdade que o ser humano pode aspirar é escolher a prisao na qual quer viver. E é desta prisão que os personagens querem se libertar. Quem sabe achando que ir morar na Estônia seja a solução?

A direção do Jorge Caetano é segura e eficiente. Pontua as cenas com boas e divertidas marcas, deixando os atores preocupados apenas com o texto e com suas proprias atuações. Sem grandes balés no palco. Claro que tudo isso é pontuado por cenas deliciosas de comédia, e o diretor faz isso muito bem. Pequenos toques que fazem toda a diferença no espetáculo.

O cenário é composto por "bancos" (ok, nem tudo é banco, mas tudo é sentável) de onde saem e entram os objetos de cena e parte do figurino. Muito bem construídos e muito bem escolhidos.

O figurino é bom. O bacana é que todos os atores têm alguma peça de roupa que os incomoda, assim como nas suas vidas. E no fim da peça, esta peça de roupa é retirada. Para alivio geral e individual.

Eu gosto muito da luz. É da Ana Kutner, uma das atrizes da peça. Usa os refletores com sabedoria e competencia.

Os atores estão todos muito bem. Todos com verdade e entrega aos seus papéis. Eu destaco Jorge Caetano. Talvez por ser o diretor da peça e da Cia de Teatro Casa de Jorge, ele tem dominio total sobre o texto e sobre as cenas. Sempre que abre a boca, nao se ouve uma mosca no teatro.

Um espetáculo delicioso. Dei várias gargalhadas, daquelas minhas que contagia a platéia. Vá ver. É muito bom.

Até já!

MARIA STUART

Quase no fim da temporada da peça Maria Stuart, no CCBB, vai minha opinião.

A historia a gente ja sabe. O texto é de Frederich Schiller e conta a boa e velha historia da rainha da escócia que foi aprisionada pela rainha da inglaterra. Esta ultima, por ciume ou dispeito, e por grana, claro, resolve matar a rival escocesa. Mais ou menos isso. Se quiser saber vá ver a peça. É muito texto, disso nao podemos deixar de falar, e muito bem traduzido por Manuel Bandeira. Tudo bem datado, como "ide" em vez do simples "vá", só pra dar exemplo. Mas soa bem aos ouvidos. A gente entende toda a trama e nao perde uma palavra sequer.

A direção do Antônio Gilberto é limpa, sem salamaleques, segura e, posso ousar dizer, elegante. Conduz com maestria os atores principais, dá agilidade às cenas, mesmo com bifões gigantescos, e por incrivel que parece nao nos dá sono. So peço que atente para alguns atores que estão comendo as ultimas silabas das palavras. Varias vezes aconteceu durante a récita que assistimos.

O cenário do Helio Eichibauer conta apenas de um super praticável (tablado) e uma cadeira de Rainha. Este praticável serve para tudo: masmorra, trono, colina, mesa... otimo casamento da direção com o cenário. Muito bem construido por sinal.

A luz do Tomás Ribas é o grande cenário e o grande feito da peça. Linda luz. Usando sempre branco, amarelo e vermelho, divide as cenas, auxilia, ilumina, brilha, esconde, gera dúvida, enfim, tudo que o texto pede e a direção solicita. Linda luz, parabéns.

O figurino do Marcelo Pies é muito interessante. Todos em tons de vermelho para os seguidores da Rainha, e tons de preto para os seguidores de Mary Stuart. Mas nada tão vermelho assim. Alguns personagens, em momentos de dúvida se apoiam ou nao uma ou outra "rainha" têm seu figurino manchado de vermelho, para os que usam preto, e manchados de preto, para os que seguem a Rainha da Inglaterra e estao vestidos de vermelho. Sábia intenção. Ninguem é 100% a favor desta ou daquela versão dos fatos. Sempre há a dúvida. E as borras nos tecidos, vestimentas, é exatamente isso. Ou será que to viajando? Mas assim entendi.

Já o elenco, primeiro os homens. Variando entre o fraquissimo e o excelente, é muito desigual. Destaque para os atores mais experientes, que dominam a cena e conduzem com maestria as cenas. Gosto do Mario Borges, mas o acho um pouco exagerado. Só um pouco. Gosto muito de Ednei Giovernazzi, que entra em cena e arrebenta!

Das atrizes, Amélia Bittencourt é a ama de Mary Stuart, confidente e amiga, quase a mãe da Rainha, e está otima. Sabe fazer este papel com diginidade. Menos satisfatória é Clarice Niskier, que nao está de toda ruim, mas tem frases que merecem ser esquecidas para nao manchar sua carreira de atriz, como na cena em que brada "Eu sou a Rainha da Inglaterra"... minha vontade era me esconder de vergonha.

Já Julia Lemmertz, esta sim, uma brilhante atriz. Sabe tudo. Domina cada frase com maestria. Tem todas as intenções das vírgulas na ponta da língua! É uma atriz completa. Corpo, voz, interpretação, dedicação. Um exemplo para todas as gerações. A peça é ela!

Pra quem gosta de teatro, o espetáculo é imperdível. Três horas sentados numa poltrona apertada do CCBB é pra quem gosta muito de teatro. E como vivo disso, e amo Teatro, fiquei muito feliz em ver a peça.

Vá e tire suas proprias conclusões. Eu recomento.

RELAÇÕES

Até dia 10 de maio está em cartaz a peça Relações, do meu amigo Leandro Muniz, no Teatro da Casa da Gávea. Se você gosta da discussão, muito bem humorada, de como está o comportamento das pessoas quando se diz "num relacionamento", não perca. É diversão na certa.

O texto é ágil, rapido, engraçado e pontua todos os tipos de relações entra casais, suas brigas, encontros, desencontros e acertos. Tudo muito bem escrito e pensado para que o ator, atores, possam dizer o texto com fluência. A direção do proprio Leandro, opta por valorizar o texto e deixa os atores sem definir personagens, mas isso nao importa, pois as relações é que são as estrelas da peça. Por isso é um espetaculo divertidissimo.

Nao tem cenário, nem figurino, e nem luz. As unicas referencias de figurino sao simples e que apenas completam o texto.

Os atores estão todos dedicadissimos ao espetáculo e se encaixam perfeitamente no jogo de palavras proposto pelo autor-diretor.

Vale muito mesmo à pena ver a peça do Leandro. Cada vez melhor na escrita, ele nos brinda com hilarios e inteligentes diálogos.

Nao Perca!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

3 peças vistas e 2 a serem vistas

Leitores,sei que voces sao assiduos, porem como nao os conheço, nao faço ideia de quantos sao. Isso nao importa. O q importa é que fui ver as peças "A casa da madrinha" - infantil, e as adultas "Relações" e "Maria Stuart". Em breve farei os comentários sobre as três. Este fim de semana vou assistir a 2 peças e também publicarei comentários sobre as mesmas.
Aguardem!
Abraços

sábado, 4 de abril de 2009

RISO SOLTO e RINGUE DA COMÉDIA

Dois espetáculos, mesmo teatro (Vanucci), quatro atores. Três do Ringue, um do Riso. Começando pelo Ringue.

Ringue da Comédia é mais um espetaculo de esquetes ao estilo Terça Insana, Os Pândegos, PoutpourRir, Cócegas, Surto... mais um. Nada além, nada além de uma ilusao... So posso criticar os atores, pq nao tem cenário nem luz e o figurino é bem simples para cada um dos personagens criados. O ator mais seguro é o André Silveira, conhecido pelo seu trocador de onibus que se apresentou no Domingão do Faustão. Mas tirando o trocador, seus outros personagens nao merecem grandes destaques. Tem uma atriz, que infelizmente nao sei o nome, que está ótima no personagem que imita Marisa Monte. Essa menina vai longe, pois tem voz, canta bem e seus personagens sao completamente diferentes um do outro. Tem ainda uma lourinha que só destaco um personagem que ela faz imitando uma ninfeta cuja fala é problemática e a gente nem entende muito o que ela fala. Muito bom. De resto, é mais uma comédia neste ringue que é nossa vida teatral carioca.

Riso Solto é o solo do Alessandro do Vale. Ele está excepcionalmente seguro no palco. Acompanho o Alessandro há pelo menos 3 anos e vi seu amadurecimento e sua perseverança. Eu sempre acredito que o exercício da presença no palco é o único remédio para se conseguir um ótimo desempenho diante das câmeras de TV. E Alessandro ouviu meus conselhos há muito tempo ditos. A peça é uma bobagem, também costura de pequenos esquetes. É o que chamamos de “show de humor”, onde, pra variar, o Zé Povinho se amarra. As velhas piadas sobre homossexuais estão lá. E todos se acabam de rir. As velhas piadas sobre Deus estão lá e... adivinhem? Idem! Ponto pro Zé Povinho. E com essa troca entre Alessandro e o publico, quem ganha é o espetáculo. É a diversão. A peça tem até cenário, muito bem construído e desenhado, que abriga todo o figurino que Alessandro usa em cena para divertir o publico no seu show de humor. É, sem duvida, um show feito com amor. Amor pela arte de divertir a platéia, amor pelo seu oficio. O texto deixa a desejar, mas o que me importa seu carinho agora... e por aí vai. E se agrada ao Zé Povinho... como diria Ancelmo Góis... deve ser terrível... você sabe.

Não deixem de assistir aos espetáculos e de tirarem suas próprias conclusões. Pra quem não quer pensar e apenas dar uns risos soltos aqui e acolá, neste ringue da comédia que é nossa vida, vá ao Teatro Vanucci e divirta-se!

Abraços!