quarta-feira, 29 de abril de 2009

MARIA STUART

Quase no fim da temporada da peça Maria Stuart, no CCBB, vai minha opinião.

A historia a gente ja sabe. O texto é de Frederich Schiller e conta a boa e velha historia da rainha da escócia que foi aprisionada pela rainha da inglaterra. Esta ultima, por ciume ou dispeito, e por grana, claro, resolve matar a rival escocesa. Mais ou menos isso. Se quiser saber vá ver a peça. É muito texto, disso nao podemos deixar de falar, e muito bem traduzido por Manuel Bandeira. Tudo bem datado, como "ide" em vez do simples "vá", só pra dar exemplo. Mas soa bem aos ouvidos. A gente entende toda a trama e nao perde uma palavra sequer.

A direção do Antônio Gilberto é limpa, sem salamaleques, segura e, posso ousar dizer, elegante. Conduz com maestria os atores principais, dá agilidade às cenas, mesmo com bifões gigantescos, e por incrivel que parece nao nos dá sono. So peço que atente para alguns atores que estão comendo as ultimas silabas das palavras. Varias vezes aconteceu durante a récita que assistimos.

O cenário do Helio Eichibauer conta apenas de um super praticável (tablado) e uma cadeira de Rainha. Este praticável serve para tudo: masmorra, trono, colina, mesa... otimo casamento da direção com o cenário. Muito bem construido por sinal.

A luz do Tomás Ribas é o grande cenário e o grande feito da peça. Linda luz. Usando sempre branco, amarelo e vermelho, divide as cenas, auxilia, ilumina, brilha, esconde, gera dúvida, enfim, tudo que o texto pede e a direção solicita. Linda luz, parabéns.

O figurino do Marcelo Pies é muito interessante. Todos em tons de vermelho para os seguidores da Rainha, e tons de preto para os seguidores de Mary Stuart. Mas nada tão vermelho assim. Alguns personagens, em momentos de dúvida se apoiam ou nao uma ou outra "rainha" têm seu figurino manchado de vermelho, para os que usam preto, e manchados de preto, para os que seguem a Rainha da Inglaterra e estao vestidos de vermelho. Sábia intenção. Ninguem é 100% a favor desta ou daquela versão dos fatos. Sempre há a dúvida. E as borras nos tecidos, vestimentas, é exatamente isso. Ou será que to viajando? Mas assim entendi.

Já o elenco, primeiro os homens. Variando entre o fraquissimo e o excelente, é muito desigual. Destaque para os atores mais experientes, que dominam a cena e conduzem com maestria as cenas. Gosto do Mario Borges, mas o acho um pouco exagerado. Só um pouco. Gosto muito de Ednei Giovernazzi, que entra em cena e arrebenta!

Das atrizes, Amélia Bittencourt é a ama de Mary Stuart, confidente e amiga, quase a mãe da Rainha, e está otima. Sabe fazer este papel com diginidade. Menos satisfatória é Clarice Niskier, que nao está de toda ruim, mas tem frases que merecem ser esquecidas para nao manchar sua carreira de atriz, como na cena em que brada "Eu sou a Rainha da Inglaterra"... minha vontade era me esconder de vergonha.

Já Julia Lemmertz, esta sim, uma brilhante atriz. Sabe tudo. Domina cada frase com maestria. Tem todas as intenções das vírgulas na ponta da língua! É uma atriz completa. Corpo, voz, interpretação, dedicação. Um exemplo para todas as gerações. A peça é ela!

Pra quem gosta de teatro, o espetáculo é imperdível. Três horas sentados numa poltrona apertada do CCBB é pra quem gosta muito de teatro. E como vivo disso, e amo Teatro, fiquei muito feliz em ver a peça.

Vá e tire suas proprias conclusões. Eu recomento.

2 comentários:

Renato Corrêa disse...

Concordo em número e grau.

Susana disse...

Fui, realmente as palavras soam bem aos ouvidos. A Júlia Lemmertz arrebenta! Amei ter visto. A rainha ficou a desejar (cadê a rainha Elizabeth?) ela some em imponência perto da Maria Stuart da Escócia.