quinta-feira, 25 de março de 2010

TEATRO NA INTERNET

Peças de teatro podem ser vistas pela internet

Luís Felipe Soares - Do Diário do Grande ABC

Levar o teatro para a tela do computador. Esse é o objetivo da Cennarium, empresa on-line que irá disponibilizar em seu domínio eletrônico uma série de espetáculos. As pessoas poderão assistir a peças teatrais sem sair de casa. A iniciativa pioneira começa a funcionar no sábado, quando é comemorado o Dia Internacional do Teatro.

"A intenção do projeto é fazer com que o teatro esteja sempre presente na vida das pessoas. Nunca vamos acabar com a experiência presencial", explica Roberto de Lima, diretor da Cennarium. "Estamos conseguindo unir esse tipo de arte com as possibilidades do mundo virtual."

A partir do fim de semana, mais de 25 peças, entre elas comédias, dramas e apresentações no estilo stand-up comedy, estarão em cartaz no site www.cennarium.com. Os interessados devem fazer cadastro simples e adquirir créditos para terem acesso ao produto escolhido, como as peças Monólogo de Uma Esposa, Escuta, Zé Mané!, Casal TPM e Cacilda.

Um crédito equivale a R$ 1. Com os créditos comprados, a pessoa escolhe a montagem e tem 24 horas para assistí-la - sistema idêntico ao do pay-per-view de filmes em canais da TV fechada.

Quem define o valor do ‘ingresso'' é o grupo que apresenta a peça. O preço mínimo será de R$ 10 e o máximo, conforme sugestão da Cennarium, não deverá ser superior à meia-entrada da exibição convencional. A ideia é de que entre duas e quatro peças, por semana, sejam incluídas no cardápio virtual.

Além de terem seu trabalho disponibilizado na internet, atores e diretores ganham ‘minissite'' especial sobre seu espetáculo. Sinopses, making ofs e fichas dos artistas são disponibilizados no espaço.

A primeira fase do projeto irá valorizar peças teatrais das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Um dos objetivos é levar sucessos desse eixo para outros Estados do Brasil, principalmente onde há poucos teatros físicos e grandes espetáculos dificilmente chegarão.

As filmagens foram iniciadas há sete meses e a empresa já conta com mais de 40 títulos em seu arquivo. A gravação de uma peça movimenta entre cinco e 12 câmeras, montadas de modo a dar dinamismo aos vídeos. Aparelhos especiais de som e luz são instalados de maneira estratégica nos teatros sem afetar o projeto original da peça nem causar interferências na apresentação. "O Sai de Baixo, por exemplo, era uma encenação em palco. Não é isso o que queremos. O objetivo é que o teatro se mantenha fiel e ganhe uma magia a mais", diz Lima.

A Cennarium afirma ter investido R$ 10 milhões no projeto e não cobra nada para que os espetáculos teatrais se unam ao projeto. As companhias recebem 50% da receita líquida da venda dos ingressos virtuais, além de poderem fazer propaganda de produtos relacionados a seu trabalho. A empresa exige apenas o direito de transmissão.

A iniciativa terá o desafio de trazer para frente do computador aqueles que não gostam de ir ao teatro. "Quebrar essa distância é o primeiro passo", afirma o diretor.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Colapso

















Fonte: Canal Teatro

COLAPSO acontece pouco antes das eleições presidenciais de 2002. Os personagens são:

BONALDO CALIDH (Osmar Prado), presidente da Morvhan & Calidh, um dos homens poderosos do Brasil, negociante de armas para os iraquianos e destruidor de baleias azuis;

TUTA MORVHAN (Lena Brito), senhora da alta sociedade, frutinha de Cataguases, casada com o embaixador Morvhan, segue seu destino segurando um yorkshire chamado Zaratustra;

WALLACE MORVHAN (André Mattos), embaixador do Brasil, pedigree conceituado, estirpe internacional, sócio da Morvhan & Calidh, casado com Tuta, torce pelo Fluminense;

CIZÂNIAA (Emanuelle Araújo), atriz, modelo e manequim, tem o dom da discórdia, namora Tim Alessandra, tem um caso com Tuta Morvhan, desaparece misteriosamente; e

TIM ALESSANDRA (Ricardo Tozzi), escritor teatral, sem condição de sonhar com o futuro, administra uma queda no seu idealismo, conhece Cizâniaa, e torna-se biógrafo de Bonaldo Calidh. As tramas surgem dos encontros desses cinco personagens.

Depois de fechar acordos internacionais, de apoiar a construção de Brasília, de viver à sombra da última ditadura militar, de se converter à economia de mercado, de contagiar o estado, a Igreja e a sociedade com seus propósitos de poder e fortuna... Bonaldo Calidh salta da discrição do trabalho obsessivo para as colunas sociais a fim de conquistar, de vez, o coração da amiga Tuta Morvhan.

Wallace Morvhan divertiu-se tanto no século XX que não teve tempo para trabalhar; tornou-se sócio da Morvhan & Calidh para continuar sorvendo o que a existência oferece de incrível. Sua mulher, a embaixatriz Tuta Morvhan tem um romance que atravessa décadas com o magnata Calidh e agora um caso amoroso com Cizâniaa que por sua vez namora Tim Alessandra que graças a ela torna-se biógrafo de Bonaldo Calidh, comparando-o a Alexandre, Napoleão e Disney.

Os velhos endinheirados e os jovens ambiciosos vivem a vida dos potentados. Até que: um contrato entre a Morvhan & Calidh e os iraquianos se mostra irregular; Bonaldo exibe-se como matador de baleias azuis; o romance dos pombinhos Tuta e Bonaldo é dinamitado pela jovem Cizâniaa; surge o dossiê Pink sobre as atividades sexuais do embaixador; Tuta passa a odiar Bonaldo, assassino de baleias; Cizâniaa, a vadia de Tuta, desaparece misteriosamente; e Wallace não suporta a pressão internacional e morre.

Após a primeira eleição de Lula, por força de escândalos internacionais, a consagração do amor de Bonaldo e Tutinha é adiada. Bonaldo afirma a existência da máquina do viver artificial do Prof Zepar Robertinho. Os dois desaparecem dos noticiários, abandonam o Brasil, despedem-se da vida convencional e entram na dupla cápsula da “Nave de Caronte” que navega para a mais gélida solidão. Tuta Morvhan e Bonaldo Calidh, on the rocks, até... 2010.

Direção:
Hamilton Vaz Pereira - De 09 de Abril a 30 de Maio - Quinta a Sábado às 21h e Domingos às 19h

Vicente Celestino - musical

Fonte: O Globo

O rosto de Alexandre Schumacher não parece o de Vicente Celestino. A voz de Alexandre Schumacher é de baixo, e Vicente Celestino era tenor. No entanto, em 1996, Alexandre Schumacher encarou sem microfone e sem problemas os mais de dois mil lugares do Guairão, em Curitiba, ao apresentar lá a peça "Mary Stuart". Foi em boa parte por ter um respeitável alcance vocal que o ator recebeu o convite para viver o cantor e seu vozeirão em "Vicente Celestino, a voz orgulho do Brasil", espetáculo musicado de Wagner Campos que estreia amanhã no Sesc Ginástico. Com direção de Jacqueline Laurence, a peça é uma produção da companhia Limite 151 e também traz no elenco, entre outros, Stella Maria Rodrigues e Camila Caputti interpretando a cantora, diretora, atriz e autora Gilda de Abreu, mulher de Celestino.

Esta será a primeira montagem nos quase 20 anos da companhia Limite 151 que não parte de um texto clássico, de dramaturgos como Shakespeare, Tennessee Williams, Nelson Rodrigues ou Molière. O autor de "Vicente Celestino...", Wagner Campos, é maestro e músico da própria companhia e quis criar não um musical, mas uma peça musicada, pois, nela, as canções, em vez de fazer a ação avançar, apenas se alternam com a história.

- A dramaturgia aqui é importante. A peça não faz só uma reunião das músicas do Vicente Celestino, ela analisa a transformação da música brasileira. Não sei se o Wagner teve essa intenção, mas, para mim, ele fez um tratado sobre música - afirma Alexandre Schumacher, referindo-se à chegada da bossa nova quando fala de transformação. - A bossa nova trouxe esse "jeito de cantor de apartamento", como o Celestino dizia. Era um modo de cantar que o Mário Reis já tinha feito antes, que o Chet Baker fazia lá fora, mas que, por adquirir esse ar de movimento, representou o fim para a geração do Celestino, para a música feita por gente como Catulo da Paixão Cearense. Em 1967, o Celestino, que teve mais de 50 anos de sucesso, viu-se indo a Salvador só para duas apresentações. A peça mostra como ele percebe que está deixando de ser requisitado, além da desconfiança que ele tinha dessa nova geração. Essa desconfiança aparece, por exemplo, quando ele é chamado para gravar um programa com os tropicalistas e fica sem saber o que aquela turma estava querendo dele.

"Vicente Celestino..." também fala da relação do cantor com Gilda de Abreu. Ela não se encaixa na figura de mulher que abdica totalmente do trabalho pelo marido, pois teve sua própria carreira de sucesso. Mas a atriz de "Bonequinha de seda" e diretora de "O ébrio" - filme e canção que levaram Celestino a tal popularidade que ele, que não bebia, passou a ter uma coleção de garrafas de bebida em casa com as tantas que começou a receber dos fãs - acabou de fato parando de cantar e se tornando uma empresária do marido.

- Ela realizou muito com o próprio Celestino, porque gravou muita música com ele, como "Ouvindo-te", e o dirigiu no cinema. Mas chegou um ponto em que ela foi realmente se dedicar a ser uma espécie de empresária do Celestino, talvez por ver que não tinha o impacto como cantora que o marido provocava - conta Schumacher, que anos atrás chegou a criar com um amigo um pocket-show com músicas de Celestino, com autorização da família e patrocínio, mas o show não aconteceu (porque não havia uma pessoa jurídica para a produção). - A relação de Vicente e Gilda não era só de amor. Existia uma amizade incrível, pelo menos em comparação ao que vejo nos casais por aí.

- Não dá para contar a história de Vicente Celestino sem a Gilda - completa Stella Maria Rodrigues, que faz Gilda de Abreu a partir dos 33 anos, enquanto Camila Caputti a vive mais jovem. - Foi uma mulher absolutamente empreendedora, mas que quis ser, também profissionalmente, a companheira do marido, quase 20 anos mais velho que ela.


segunda-feira, 15 de março de 2010

ERA NO TEMPO DO REI

Em 2008 li o livro "1808" (Laurentino Gomes) que conta a chegada da Familia Real Portuguesa ao Brasil, fugida de Napoleão (aquele...). Em 2009, tive o prazer de conhecer Portugal, fui de Lisboa a Guimarães (onde tudo nasceu) e aprendi um pouco da história de lá, e consequentemente da história de cá. Em 2010, devorei a segunda edição do livro "O Português que nos Pariu" (Ângela Dutra de Menezes). Depois de um mês em Lisboa, retornei ao Brasil em março de 2009, mas meu coração e minha alma só chegaram (de verdade), em outubro, quando estive em Salvador e pude observar que, de fato, somos (?) quatro cidades irmãs: Lisboa, Porto, Rio de Janeiro e Salvador. Pronto, não havia mais motivos para "continuar" lá. Aqui também é Portugal, e lá também é Brasil.

Ruy Castro também entrou na roda dos 100 anos da vinda da Familia Real e, em 2007, lançou "Era no tempo do Rei", um romance histórico, cômico, que promove o encontro de D Pedro I, com o protagonista de um dos clássicos da literatura nacional, Leonardo, de 'Memórias de um sargento de milícias', escrito por Manuel Antônio de Almeida. Por obra do acaso, os dois, ainda adolescentes, acabam se tornando amigos e participando de uma aventura capaz de mudar os rumos do país e até do mundo. Não cabe aqui contar as aventuras e nem o fim desta história, para isso, o teatro está lá, para ser visto.

A adaptação do livro para o teatro, feita por Heliosa Seixas e Julia Romeu, consegue pegar as principais partes do livro, as principais histórias e transpor para o palco em texto e em música. Dessa forma, conseguimos ter boa parte do romance de Ruy Castro muito bem desenhado no palco.

Completando o texto, as músicas, afinal é um musical. E quem nos alimenta com músicas e letras impecáveis? Carlos Lyra e Aldir Blanc, claro. É música das boas. Saí cantarolando algumas partes das canções e ri de outras, pois a história e a História estão preservadas e muito bem contadas através das melodias. Temos minueto, fado, valsa, choro, vira, batuque e marcha rancho. Temos letras bem cantadas, muito bem compreendidas pelo publico e executadas com excelência pelos musicos, dirigidos por Délia Fischer, que homenageando a bossa nova, criou um arranjo para uma determinada música que lembra "O negócio é amar", de Carlos Lyra e Dolores Duran.

Nello criou um competente e belo cenário. Piso de pedras pintadas, casario bem ao estilo Debret e quadros gigantes simbolizando o interior do Paço Imperial. Consegui ver perfeitamente que estamos falando daquela região entre a Praça XV até a Candelária, entrando e saindo pelo Arco do Teles e parando na porta do Real Theatro de São João, na Praça Tiradentes, que é a casa de espetáculos mais antiga do Rio de Janeiro, inaugurado em 13 de outubro de 1813. Atualmente este é o Teatro João Caetano, onde a peça está sendo encenada. Cenário criativo, histórico e muito bem construído. O Figurino de Ney Madeira também não deixa nada a desejar. Muito bem confeccionados, de bom gosto (como sempre) e parecendo que os atores acabaram de sair de uma tela de Debret. Mas a luz de João Paulo Neném... meus amigos... que luz. Queluz! Sem trocadilhos, diria que é uma luz palaciana, de tão bonita. Impecável, conseguindo fazer uma fotografia só vista em cinema. Premio Shell, anota.

O elenco está muito bem. Leo Jaime e Isabela Bicalho fazem um par divertido como Dom João e Carlota Joaquina; Tadeu Aguiar, Rogério Freitas e Luiz Nicolau defendem seus papéis com valentia, sotaque e precisão; mas são Alice Borges, André Dias e Soraya Ravenle que dominam o palco quando aparecem. Que atuações! E, não menos importantes, Christian Coelho e Renan Ribeiro, interpretam Dom Pedro e Leonardo, respectivamente. Perdão, mas meu coração pulsa mais por Renan, pois o vi miúdo ainda na novela "Alma Gêmea", recém saída do "Vale a pena ver de novo" e agora vejo um grande garoto, cantando com beleza, afinação e uma atuação livre de amarras, ousada e sem medo. Completam o elenco, ora como coro, ora como povo, os atores Jefferson Almeida, Ana Terra Blanco, Raí Valadão, Evelyn Castro (que eu ví no Raul Gil homenageando Abel Silva recentemente na BAND), Bruno Camurati, Flavia Santana e Darwin Del Fabro.

Sueli Guerra é danada na arte de coreografar e na direção de movimento. Sabe tudo. Aplausos de pé. Consegue fazer dom João dar piruetas de minueto e consegue fazer dona Maria, a Louca, dançar um can-can no meio de uma valsa! Céus! Genial!!

E... na direção geral, ninguém mais, ninguem menos que João Fonseca. Outro Shell (olha eu distribuindo o prêmio dos outros!)! Prezados leitures, com todos os elogios feitos aí em cima nessas mal traçadas linhas, vocês acham que é por obra e graça de quem? Existe uma mão sábia e poderosa, que eu tive a honra de beijar (igual a Dom João, no seu trono, em momento beija-mão) e dizer "Querido, é uma honra poder te abraçar, poder olhar para voce e dizer: tu és f***da! Lá vem mais Shell". João ri. Sabe que as palavras têm poder. É apenas um comentário de um fã que acompanha tudo que ele faz. E ele é um gênio. Sabe ser criativo até na hora de trocar o cenário! Ele merece.

Me emocionei. Senti saudades da "terrrrinha". Fiquei orgulhoso de ser brasileiro e poder ver um musical genuinamente nacional, contando nossas histórias, falando do Brasil, por brasileiros e para brasileiros. Tomara que a produção consiga levar escolas para verem a peça e que os alunos aprendam, não só como se faz teatro, mas que nossa História é rica em furdunços, risos e aventuras (amorosas ou não!).

Mais uma peça imperdivel estréia nos palcos cariocas. Tomara que todos possam assistir. Emocinado, recém chegado do teatro, agradeço a oportunidade de ter visto esta ópera.

domingo, 14 de março de 2010

PRODUTO

Na peça PRODUTO, de Mark Revenhill com tradução de Rachel Bipani, em cartaz no Teatro Poeira, temos uma história muito interessante de um diretor que conta para uma atriz famosa o roteiro de um filme que ele irá dirigir brevemente, caso "os deuses do patrocínio" resolvam investir naquela história. O personagem principal, vivido por Ary Coslov, pode ser que esteja a beira de um conflito em sua carreira: ou ele faz esse filme de qualquer maneira por ser a ultima oportunidade que os patrocinadores estão oferecendo a ele, ou ele não faz este filme e ficará pra sempre à sombra do que ele foi no passado e atualmente desacreditado do meio cinematográfico. Pra isso ele conta com a ajuda de uma atriz famosa para que, ao tentar convencê-la, ela aceite fazer o filme e ele volte aos holofotes.

Se o filme vai sair ou nao vai sair, pouco importa. O amor do personagem em contar aquele roteiro, a sua tentativa de convencer a moça a fazer o filme é que é a propria peça. Existe milhões de alternativas para as vidas daqueles seres humanos ali no palco: (diretor e atriz) pode ser que ela tambem esteja em decadencia e, fazer aquele filme, seja sua tábua de salvação. Quem vai saber?

A adaptação do original é muito criativa e competente, pois, embora as referencias sejam todas americanas do norte, conseguimos compreender todos os movimentos e entrelinhas usados no texto para criticar, ironizar e brincar com o que temos visto hoje em dia no cinema.

A direção do Marcelo Aquino, permite aos atores, principalmente ao Ary Coslov, uma criação de um personagem que, ao contar a história, envolve não só a atriz, como todo o publico. É muito dificil contar uma história e prender a atenção do publico, mas o Marcelo faz com que Ary se sinta a vontade e seguro para tal. A opção de só ter duas poltronas como cenário (de Marcos Flaksman) é mais que acertada. Tudo está em nossa cabeça, nós é que vamos construir nossos cenários de acordo com aquele roteiro que Ary está nos lendo. Uma direção que permite aos atores usufruirem daquilo que têm de melhor.

O figurino de Rô Nascimento é a roupa mais confortável e bem vestida que os atores podem usar, pois estão de dia dentro de um escritório de um diretor. Ambos vestidos para uma reunião de trabalho. A luz de Aurélio de Simone destaca as poltronas e não interfere muito na história. Já a trilha sonora, criação do proprio Ary Coslov, é irônica, divertida e sarcástica. Ilustra com perfeição locais, épocas e acontecimentos históricos.

Gabriela Munhoz interpreta uma Olívia que se assusta, se diverte, se ilude, se entrega ao diretor apenas com gestos. Ela nao fala. Mas, falar pra que? Gestos falam mais que palavras. Seja num movimento do pé, uma negação com a cabeça, um olho de soslaio. É um papel dificil, pois a estrela é o outro personagem. E Gabriela é generosa com o colega e sabe que o brilho é dele. Ponto pra ela, que brilha também.

Ary, mestre, querido, um exemplo de diretor e, agora nesta faceta que eu nao conhecia, um excelente ator. Conta para nós um roteiro impossivel de um filme bastante americanizado, mas conta o roteiro como se fosse James, seu personagem, e não como Ary, nosso mago. Papel dificil e defendido com louvor por Ary. Sinceramente? Uma das melhores interpretações até agora. Se ele ganhou o premio Shell como diretor por "Traição", ele merecia uma indicação como ator por "Produto".

Um espetáculo que todos os atores e diretores devem assistir. Uma peça incrivel e obrigatória. Parabéns a toda equipe.

sexta-feira, 12 de março de 2010

IMPERDÍVEIS

Três excelentes espetáculos - obrigatórios - no Rio de Janeiro:

1 - Acabei de chegar do ensaio aberto de "Tango, Bolero e Cha Cha Cha". Ri muito! Diversão garantida. Depois vou novamente e faço aqueles comentários e sugestões. A peça está um brinco. Edwin Luisi mostrando que é um ator completo. E ainda as brilhates e hilárias Marcia Cabrita e Maria Clara Gueiros. Humor do inicio ao fim. Otimos figurino e cenário do querido e competente Marcelo Marques. Teatro Clara Nunes, estréia dia 18 de março.

2- Vi também o ensaio aberto de "A Gaiola das Loucas". Miguel Falabella e Diogo Vilela deitam e rolam em cena. Lindas vozes cantando belissimas musicas. Figurino excelente de Claudio Tovar. E, o melhor de tudo é ver Jorge Maya interpretando um mordomo hilário. Teatro Oi Casa Grande.

3- Ary Coslov excelente na peça "Produto". Contar histórias é dificilimo. Imagina ter que contar um roteiro de cinema? Ary faz isso com o pé nas costas. Estreou dia 09 no Teatro Poeira.

Espetáculos OBRIGATÓRIOS para quem gosta de diversão.

Vou dormir feliz hoje. Obrigado aos Deuses do teatro por me deixar fazer parte desta máquina!

domingo, 7 de março de 2010

quinta-feira, 4 de março de 2010

Gota D´Água-Breviário

Sob direção de Heron Coelho, os atores Georgette Fadel e Cristiano Tomiossi numa cena da peça A Gota D'Água - Breviário, que eu assisti no SESC Copacabana faz tempo e adorei. Se não me enganho, Georgette foi indicada a um prêmio por esse trabalho. Belissimo!

terça-feira, 2 de março de 2010

Era no tempo do Rei


Em ERA NO TEMPO DO REI, Ruy Castro promove o encontro imaginário entre os jovens D. Pedro I e Leonardo, protagonista do clássico "MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS" de Manuel Antonio de Almeida. Três anos depois de sua publicação, Heloísa Seixas e Julia Romeu adaptaram o romance para o teatro e os personagens de Castro ganharam a companhia das canções inéditas de Aldir Blanc e Carlos Lyra. O espetaculo tem estreia nacional no dia 12 de março, no Teatro João Caetano, com direção de João Fonseca e produção da Tema Eventos.

O elenco é encabeçado pelos jovens Christian Coelho (Pedro) e Renan Ribeiro (Leonardo) e traz nomes como Léo Jaime( ROCKY HORROR SHOW, VICTOR VICTORIA), Soraya Ravenle e Izabella Bicalho (duas das mais consagradas atrizes do teatro musical brasileiro contemporâneo), André Dias (AVENUE Q), Tadeu Aguiar( THEY'RE PLAYING OUR SONG, MY FAIR LADY) e a personalíssima Alice Borges, entre muitos outros.

O musical mostra o momento em que o jovem príncipe Dom Pedro descobre as ruas do Rio de Janeiro e nelas vive inúmeras aventuras, com a ajuda de seu parceiro, Leonardo, menino pobre, porém livre. O que Pedro não sabe é que seus atos poderão acabar ajudando sua mãe, a princesa Dona Carlota Joaquina em seus planos para neutralizar Dom João e tomar o poder. O ardiloso inglês Jeremy Blood, amante de Carlota, o temido chefe de polícia do Rio, Major Vidigal, o malvado Calvoso e a aterrorizante Bárbara Onça são alguns dos personagens dessa trama ao mesmo tempo instigante e engraçada, em que as brincadeiras infantis se misturam às grandes conspirações internacionais.

A peça traz 19 canções inéditas de Carlos Lyra e Aldir Blanc, dois dos maiores patrimonios da Musica Popular Brasileira, compostas especialmente para o espetáculo. Na realidade, Lyra foi o autor da ideia de fazer a versão musical do romance. "Carlinhos leu ERA NO TEMPO DO REI e disse ao Ruy que o livro daria um grande musical", revela Heloisa Seixas. "Os dois pensaram imediatamente no Aldir Blanc para fazer as letras das músicas, já que ele, além de ser um cronista do Rio, é grande fã de MEMORIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS, de onde Ruy 'pediu emprestado' o Leonardo, o Vidigal e a época. Depois nos chamaram para escrever o libreto".

João Fonseca (diretor de uma recente e inesquecível GOTA D'AGUA e atualmente em cartaz com OUI OUI, A FRANÇA É AQUI) teve dois meses para montar o musical. "É uma loucura levantar uma produção desse porte em tempo tão curto", diz João Fonseca. "Mas não me faltaram estímulos: a riqueza do texto, as lindas e complexas criações de Carlos Lyra e Aldir Blanc, a possibilidade de trabalhar com alguns dos maiores atores de musicais do país, além de conhecer esses dois jovens talentos, o Renan e o Christian".

Responsável pela direção musical, Délia Fischer (BEATLES NUM CÉU DE DIAMANTES) optou por uma formação com grande diversidade de instrumentos para a execução da música ao vivo: bateria, percussão, baixo acústico, violoncelo, violino, flauta, clarinete, clarone, saxofone, piano, teclado, violão, guitarra, bandolim e cavaquinho. "É uma reunião de vários ritmos brasileiros. Respeitei as indicações do Carlos Lyra mas o musical é um processo vivo e algumas cenas têm vida própria e ganham sentido diferente do que a canção inicialmente propunha", explica Délia. "Estou lidando com o que há de melhor na música popular brasileira, as composições são coisas de gênio. O espetáculo é instigante para o espectador, de extrema riqueza tanto nas letras quanto na parte melódica e harmônica", complementa.

Num musical histórico, a cenografia e o vestuário são de vital importancia. Ney Madeira concebeu 55 figurinos especialmente para a montagem. "Eles buscam o universo da fábula, uma vez que se trata da versão contada por D. Maria, cuja célebre loucura permite que carreguemos nas tintas da criação, subvertendo um pouco a estética vigente na época ou desfocando as personagens, que podem assumir, na aparência externa, as características enfatizadas no texto. A sensualidade tropical que permeia todo o texto é o viés que conduz a criação e está presente em todo otrabalho", define.

A ficha técnica se complementa com a excelente Sueli Guerra na coreografia e direção de movimento e com Nello Marrese, que assina a cenografia que é composta por nove painéis, além da reprodução dos Arcos da Lapa e do Arco do Telles. "Pensei em uma cidade construída através de pinturas e esboços dos grandes pintores da época, em especial Debret e Taunay, com a predominância do âmbar, castanho e dourado. E o piso do palco será todo de pé-de-moleque, esses grandes cascalhos que ainda podem ser vistos em algumas ruas do centro da cidade e no interior do Paço Imperial".

Em tempo: todo acontecimento artistico e literário que leve a assinatura de Ruy Castro, é garantia de qualidade.

O ELENCO E A EQUIPE

Bárbara - Soraya Ravenle
Dom João - Leo Jaime
Dona Carlota - Izabella Bicalho
Jeremy Blood - Tadeu Aguiar
João Calvoso - André Dias
Dona Maria - Alice Borges
Major Vidigal - Luiz Nicolau
Leopoldo Espanca - Rogério Freitas

Apresentando:
Pedro - Christian Coelho
Leonardo - Renan Ribeiro

Coro: Ana Terra Blanco, Bruno Camurati, Darwin Del Fabro, Evelyn Castro, Flavia Santana, Jefferson Almeida e Raí Valadão

Direção Musical: Delia Fischer
Figurinos: Ney Madeira
Cenários: Nello Marrese

Coreografia e Direção de Movimento: Sueli Guerra

Direção de João Fonseca

ERA NO TEMPO DO REI é uma realização da TEMA EVENTOS CULTURAIS (que presenteou a memória brasileira com SASSARICANDO - E O RIO INVENTOU A MARCHINHA) , dirigida por Maria Angela Menezes, Amanda Menezes e Zezé Osório.

SERVIÇO:

ERA NO TEMPO DO REI de Heloisa Seixas e Julia Romeu, baseado no livro de Ruy Castro.
Local: Teatro João Caetano - Praça Tiradentes, s/nº
Telefone: 2332.9257
Estreia: 12 de março
Horários: Quintas, às 19h,
Sextas e sábados, às 20h
Domingos, às 18h

Preços:
R$ 40,00 (plateia)
R$ 30,00 (balcão nobre e galeria)

FONTE: http://brazil.broadwayworld.com/article/Rui_Castros_ERA_NO_TEMPO_DO_REI_is_now_a_Brazilian_musical_20010101

segunda-feira, 1 de março de 2010