Minha homenagem a esta Dama do teatro brasileiro, Bárbara Heliodora, que nos deixou hoje.
(foto de Guga Melgar)
Faz tempo acompanho as montagens de teatro da Uni Rio. Algumas foram resultado dos trabalhos finais de curso de diretores e atores. Todas ótimas. Lembro de “Deus”, de
Woody Allen, que gostei muito. Ainda dou risadas de uma menina andando de “velotrol”
pelo palco, para entregar uma carta. Gargalhadas na época! Teve “Roda Viva”, única
montagem autorizada por Chico Buarque, mas que ficou restrita à universidade. “A
Casa de Bernarda Alba”, de Garcia Lorca, tinha um cenário muito interessante, um
pano grande saindo do teto até as cadeiras no chão, onde as atrizes bordavam e
costuravam coisas. “Ralé”, de Maxim Gorki, o cenário eram andaimes.
Está em cartaz no teatro da Uni Rio “O Jovem Frankenstein”, com texto
original de Mel Brooks (gênio da comédia americana) e Thomas Meehan, adaptado
com perfeição e atualidade por Alexandre Amorim. Diz aquela famosa enciclopédia
da rede mundial, que a história deste musical é assim: “Ao receber o testamento de
seu avô, o professor universitário Dr. Frederick Frankenstein faz a
viagem que mudará sua vida: vai à Transilvânia para reivindicar a herança.
Ao chegar, é recebido um corcunda vesgo e a sexy assistente arrumada
para Frederick, eles vão para o castelo de Frankenstein e são
recebidos por uma “serva assustadora” de seu avô. Após uma exploração noturna,
Frederick encontra o livro intitulado "Como Consegui", de
seu avô, e inicia uma aventura para realizar o maior dos experimentos: dar vida
a um tecido inanimado”. Ou seja, dar vida ao monstro mais famoso dos
tempos do cinema de terror.
A cenografia é assinada por Cris de Lamare, com quem tive o prazer de
trabalhar na Tv Globo. Ótimas as soluções dos tecidos plotados, escadas e máquinas.
Mas o que nos deixa de boca aberta é um boneco gigante, verde, iluminado com
luz negra. Ótimos adereços de Ricardo Barboza e Silas Pinho. No figurino, João de Freitas Henriques também não deixa por
menos e veste com perfeição e composição de época. A luz de Anderson Ratto, certamente
foi prejudicada pela falta de estrutura do teatro da Uni Rio. É competente, mas
falta iluminar os painéis do fundo do cenário, que são importantes para a
composição dos ambientes.
Impossível citar todo o elenco. Perdi a conta de quantos são em cena.
Uns 30? Mas destaco o brilhante Igor, interpretado por Bruno Nunes. Anotem este
nome. Aplausos também para Luiz Gofman, que certamente estará num musical
profissional em breve. Aplausos para Flora Menezes, que faz Elizabeth Benning.
Hilária, canta bem, uma voz e presença cênicas muito bem explorados. Ainda no
elenco principal, Ester Dias interpreta Frau Blucher, e Carol Pita e Júlia
Nogueira se revezam no papel de Inga, a assistente.
Rubens Lima Jr é mestre. É dos grandes. Sábio, professor, generoso,
entende como ninguém de musical, de teatro. Está no lugar certo: uma universidade,
ensinando a quem está se dedicando a estudar artes cênicas, com um mestre, em
todos os sentidos, da arte de interpretar. Com "O Jovem Frankenstein" está a
prova cabal de que Rubinho merece todos os nossos aplausos e agradecimentos por
levar atores/estudantes a realizar muito mais do que musicais com grandes
patrocínios não conseguem. Rubinho faz com recursos pequenos um musical
extraordinário. Se igualando ao sucesso do “Book”, de 2014. Obrigado, Mestre!
Seus espetáculos são uma aula de bom gosto, de bom teatro, de como fazer um
grande sucesso.
A temporada na Uni Rio termina dia 05 de abril. (Mas já li que vão para os teatros da UFF e UERJ). Talvez não dê
tempo de você assistir, mas, faça um esforço. Busque informações, a peça
certamente irá para algum outro teatro do governo, com entrada franca, e você
vai poder assistir. Veja o bom musical de teatro, feito com o talento de jovens
atores, cuja energia, o conjunto, o amor à arte de representar, a vitalidade,
estão ali, diante dos nossos olhos. Que garra! Viva o projeto Teatro Musicado,
Viva o teatro universitário brasileiro!