terça-feira, 23 de outubro de 2012

GONZAGÃO, A LENDA

  


Fui assistir, sábado passado, no SESC Ginástico, ao musical “Gonzagão, a lenda”. Uma trupe de teatro,  composta só por homens, se propõe a contar a vida de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Desde o inicio, num lindo texto de abertura, os atores pedem licença às memórias, aos personagens e se desculpam pela “imprecisão dos fatos e relevantes ausências”. Uma poesia só. Desde já convida a plateia a embarcar na homenagem sincera e necessária a Luiz Gonzaga.

O texto de João Falcão, que também assina a direção, consegue armar a passagem de uma mulher sobre a trupe de homens, onde amores do passado, brigas de poderes e interesses por mulheres tornaram o grupo de atores unidos e sem a presença feminina. Aliado a isto, conseguem contar a história de Luiz Gonzaga desde menino até sua carreira de sucesso. As principais passagens da vida do cantor estão presentes na trama assim como as musicas, que também servem para contar a história dos atores incomodados e encantados com a presença da jovem atriz.

Não tenho competência para falar sobre a história de Luiz Gonzaga. Conheço varias musicas que estão no repertório da peça e confesso que me emocionei muito com o que vi no palco.

A direção de João Falcão é bastante ágil, voltada para a comédia de bom gosto, com musicas sempre muito bem interpretadas. Os atores totalmente entregues são bonecos vivos nas mãos do diretor que atinge em cheio o seu objetivo. Marcas ousadas, umas até bastante difíceis quando dois atores falam o mesmo texto, quase se confundindo, aliado a marcas leves com a linda cena de pai e filho se encontrando após o mais novo estar crescido e homem feito.

A direção de movimento de Duda Maia é também um destaque positivo no espetáculo. Lindo balé contemporâneo em cena, xaxado, xote, tudo presente. A grande sacada do espetáculo é aliar as marcas ágeis com um movimento limpo e competente, e Duda Maia faz brilhantemente.

Na equipe técnica, o cenário de Sergio Marimba criou objetos de cena lindos e bastante funcionais. A luz do grande Renato Machado é uma beleza. Usando corredores, coisa rara no teatro hoje em dia, e focos muito bem posicionados, acompanha toda a história com a competência de sempre. Além de tudo de lindo, o figurino de Kika Lopes é espetacular!!!! Lindo de mais da conta, sô! Uma belezura total e absoluta. Vai ganhar Prêmio Shell sem sombra de duvidas!

Destacou também a excelente direção musical e lindos arranjos de Alexandre Elias e os brilhantes músicos Beto lemos, Daniel Silva e Hudson Lima, Rick de La Torre e Rafael Meninão e Marcelo Guerini.

Os atores estão ótimos! Laila Garin cantando que é uma beleza! Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fábio Henrique, Paulo de Melo, Renato de Paula e Ricca Barros, todos envolvidos com o trabalho, corretos, atuais, modernos, afinados, divertidos, sérios, tudo perfeito. E, não menos importante, a grande sacada, a grande revelação é Marcelo Mimoso, com a voz idêntica a Gonzagão, emprestando todo o seu talento de músico e de ator iniciante para esta homenagem fantástica a Luiz Gonzaga. Um belíssimo achado ter Marcelo Mimoso no espetáculo.

“Gonzagão, a lenda” emociona do início ao fim, pela verdade dos atores, pelas musicas excepcionais, pelas vozes afinadíssimas, pela equipe técnica de primeira linha, pela homenagem. Um espetáculo imperdível e muito recomendado.

Nenhum comentário: