Fui assistir, sábado passado, no SESC Ginástico, ao musical “Gonzagão,
a lenda”. Uma trupe de teatro, composta
só por homens, se propõe a contar a vida de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Desde
o inicio, num lindo texto de abertura, os atores pedem licença às memórias, aos
personagens e se desculpam pela “imprecisão dos fatos e relevantes ausências”.
Uma poesia só. Desde já convida a plateia a embarcar na homenagem sincera e
necessária a Luiz Gonzaga.
O texto de João Falcão, que também assina a direção,
consegue armar a passagem de uma mulher sobre a trupe de homens, onde amores do
passado, brigas de poderes e interesses por mulheres tornaram o grupo de atores
unidos e sem a presença feminina. Aliado a isto, conseguem contar a história de
Luiz Gonzaga desde menino até sua carreira de sucesso. As principais passagens
da vida do cantor estão presentes na trama assim como as musicas, que também
servem para contar a história dos atores incomodados e encantados com a
presença da jovem atriz.
Não tenho competência para falar sobre a história de Luiz
Gonzaga. Conheço varias musicas que estão no repertório da peça e confesso que
me emocionei muito com o que vi no palco.
A direção de João Falcão é bastante ágil, voltada para a
comédia de bom gosto, com musicas sempre muito bem interpretadas. Os atores
totalmente entregues são bonecos vivos nas mãos do diretor que atinge em cheio
o seu objetivo. Marcas ousadas, umas até bastante difíceis quando dois atores
falam o mesmo texto, quase se confundindo, aliado a marcas leves com a linda
cena de pai e filho se encontrando após o mais novo estar crescido e homem
feito.
A direção de movimento de Duda Maia é também um destaque
positivo no espetáculo. Lindo balé contemporâneo em cena, xaxado, xote, tudo
presente. A grande sacada do espetáculo é aliar as marcas ágeis com um movimento
limpo e competente, e Duda Maia faz brilhantemente.
Na equipe técnica, o cenário de Sergio Marimba criou objetos
de cena lindos e bastante funcionais. A luz do grande Renato Machado é uma
beleza. Usando corredores, coisa rara no teatro hoje em dia, e focos muito bem
posicionados, acompanha toda a história com a competência de sempre. Além de
tudo de lindo, o figurino de Kika Lopes é espetacular!!!! Lindo de mais da
conta, sô! Uma belezura total e absoluta. Vai ganhar Prêmio Shell sem sombra de
duvidas!
Destacou também a excelente direção musical e lindos
arranjos de Alexandre Elias e os brilhantes músicos Beto lemos, Daniel Silva e
Hudson Lima, Rick de La Torre e Rafael Meninão e Marcelo Guerini.
Os atores estão ótimos! Laila Garin cantando que é uma
beleza! Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fábio Henrique, Paulo de
Melo, Renato de Paula e Ricca Barros, todos envolvidos com o trabalho,
corretos, atuais, modernos, afinados, divertidos, sérios, tudo perfeito. E, não
menos importante, a grande sacada, a grande revelação é Marcelo Mimoso, com a
voz idêntica a Gonzagão, emprestando todo o seu talento de músico e de ator
iniciante para esta homenagem fantástica a Luiz Gonzaga. Um belíssimo achado
ter Marcelo Mimoso no espetáculo.
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