Aplicativo para celulares - APP TEATRO BRASIL
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vai colocar o melhor do teatro da palma da sua mão. Download gratuito!
Eu já estou usando!
Está em cartaz por curtíssimo tempo, no Espaço SESC, cm Copacabana, a comédia “Uma Revista
de Ano – Politicamente Incorretos”. Texto de Ana Velloso com supervisão de Tânia
Brandão. Aprendi a gostar do gênero “Revista”. Sinto falta deste tipo de
espetáculo que nos faz rir justamente de coisas e causos acontecidos em nosso
país ao longo de um ano. E olha que o Brasil é o país da piada pronta, o que
não falta é assunto para as Revistas. Assim como o Fantástico de domingo, a
peça “Politicamente Incorretos” resume com sabedoria “os melhores piores fatos”
de meados de 2014/meados de 2015. A começar pelos fiascos da abertura da Copa,
o fracasso do jogo, a mentirada dos debates para presidente, as derrapadas de
um grande empresário brasileiro e outras pitadinhas de humor apimentado jogadas
aqui e ali durante as apresentações. Sensacional transformar a história do
grande empresário falido em uma paródia com X-Man. Com um texto incrivelmente bom,
o tema “atores em busca de um texto para montagem de uma peça”, que faz a
costura entre as cenas, merecia um tratamento menos comum.
A direção de Sérgio Módena é sempre criativa e interessante.
Gostei muito como faz a ligação entre o gari da Marques de Sapucaí e o programa
de TV “De Frente com o Gari”. Além disso, a disposição de cada “cantinho” dos
atores no palco, auxiliam as rápidas trocas de roupas e cenários. Gosto da
forma como respeita o teatro de arena e faz com que os atores “girem” para que
todo o público possa ver o espetáculo sem perder nada.
O elenco está ótimo. Todos compõem muito bem seus
personagens. Destaque para o hilário Gari de Édio Nunes; a candidata verde de
Ana Velloso (que canta lindamente), a velhinha da plateia e a composição ótima
de uma candidata de um certo partido vermelho, de Cristiana Pompeu; o Magneto
de Cristiano Gualda; a perfeita composição do carnavalesco famoso de Hugo Kerth;
e, não menos importante, o cego ditador de Wladmir Pinheiro. Sabemos quando o
elenco está se divertindo em cena e isto nos contagia.
O que chama atenção na montagem, assim como nas outras que vi na
UNI-Rio, é a garra de todos em cena. Os atores se doando, aparecendo quando são
solicitados, um grupo forte que não perde a diversão e a seriedade em cena.
Empregando o que lhes foi ensinado, sem medo de errar. E se errar, que sirva de
lição.
Após dois anos sem férias, parti para as minhas, novamente
no velho continente. Desde que viajei para aquelas bandas, não penso em mudar o
rumo. O objetivo é conhecer o máximo de países da região. A imagem que tinha de lá era: frio, silêncio, paz e tranquilidade. Porém, desta vez foi
diferente. Na Espanha, verão, me deparei com milhares de pessoas nas ruas das
cidades que visitei. Japoneses com suas máquinas fotográficas, dando lugar aos
smartphones, impedem a visão de monumentos. Eles não conseguem ver sem
as câmeras. Além disso, o mundo está todo igual. Também
por lá as pessoas ficam o tempo todo com a cara enfiada em seus celulares. No
metrô, na rua, no shopping, no almoço, no teatro, no cinema, estão todos
conectados. Parece que não basta viver a experiência, é necessário compartilhar
o tempo todo com qualquer pessoa. Eu também me peguei viciado no Instagram
(@aouila). Não consegui me desligar do Brasil. As notícias chegavam pelas redes
sociais e pelas mensagens de whatsapp. O mais incrível desta vez foi poder
ligar para a família, de graça, via wi-fi, de dentro da loja da Apple! Ficamos mais conectados ainda.
Está em cartaz no Teatro Leblon a inteligente comédia
Selfie. Muito bem escrita por Daniela
Ocampo, a história nos conta a história de um rapaz que perde os dados de seu celular e,
junto com isto, toda a sua vida armazenada: fotos, projetos, textos,
arquivos. Fica clara a dependência da máquina. Para ter tudo de volta, ele
busca com amigos e familiares as informações arquivadas em seus celulares,
sem sucesso. Durante esta busca pelo seu passado arquivado, ele tem
a idéia mais brilhante de todos os tempos: ser um computador, com self-wi-fi,
onde pode acessar a internet num piscar de olhos. Sua vida vira um tormento. Pra lá de workaholic, ele se torna um chato. Um sabe-tudo. Sua vida perde o sentido. Em determinado
momento, a tranquilidade e as coisas mais simples da sua vida, como o empinar
de um pipa, começam a lhe fazer falta. É quando surge a proposta da peça: é
possível viver sem a conectividade do mundo atual?
A direção do Marcus Caruso é um ótimo casamento com os
recentes trabalhos da dupla de atores, vistos em Dois Para Viagem (peça com
Matheus Solano e Miguel Thiré no elenco), e O Cara (texto e direção de Miguel
Thiré, encenada por Paulo Mathias Jr.). Gosto muito do teatro onde se valoriza
o ator, a palavra, sua expressão corporal e vocal para contar a história, e
Caruso faz isso muito bem. É uma gincana, um crossfit. A agitação dos momento
de “selfie” com a tranquilidade do soltar pipa, são dois momentos lindos.
A dupla Matheus Solano e Miguel Thiré é afinadíssima. São amigos e cúmplices em cena. Emprestam
seus corpos para dar vida a máquinas imaginárias de abrir cérebro, são mulheres
e idosos. Todos os personagens têm composições completamente diferente dos
outros tipos. Miguel se desdobra mais, pois cabe à ele interpretar os coadjuvantes do
personagem principal, interpretado por Matheus. Estar na platéia é um presente
para todos. Matheus e Miguel são professores para novos atores, e alunos exemplares,
quando aplicam as técnicas de teatro aprendidas. E isso tudo ao mesmo tempo.
Merecem indicações a prêmios de teatro.