
Combinamos, então, nos encontrar depois, no restaurante. Lá,
ela me recebeu – agora sim – de braços abertos e lágrimas nos olhos. Só nós
dois. Abraçados e chorando felizes. Um dos momentos mais felizes da minha vida.
E dela, certamente.
Está em cartaz no teatro do Centro Cultural Correios o
musical Agnaldo Rayol, A Alma do Brasil, em homenagem ao cantor. Figuras
importantes da história da MPB virando espetáculos musicais está na moda. Sou
totalmente favorável a este novo formato brasileiro de fazer musicais. Aos
jovens é permitido conhecer quem foi, e ainda é, referência. Aos demais, os
bons tempos voltam. O mais importante deste musical é que Agnaldo Rayol está
vivo, cantando e ainda emocionando as plateias por onde passa.

O cenário e figurino do sempre competente Flavio Graff estão
à altura do homenageado. Cortinas de renda que permitem projeções, roupa de
época, com glamour, bem confeccionadas. A luz de Felipe Lourenço é bonita e
auxilia bastante na condução da história, uma vez que o teatro tem um palco
pequeno. Mérito grande a Direção Musical de Marcelo Alonso Neves, craque nos
arranjos e interferências sonoras, muito bem reproduzidas pelos músicos.
A direção de Roberto Bomtempo é muito boa. Atento para os
momentos exatos de emoção nos números musicais, intercalados com a história da
Agnaldo, e rígido nas composições dos personagens evitando exageros. A cena de
Hebe Camargo com Agnaldo Rayol é emoção pura.

Mona Vilardo e Fabricio Negri, cada um ao seu momento, otimos
em cena, com competência e respeito aos personagens. Também competents quando
cantam, muito bem preparados e de altíssimo nível.
E, não menos importante, Marcelo Nigueira é o próprio
Agnaldo Rayol em cena. Canta tão bem quanto o original. Aplausos de pé em
vários momentos, pela sua competência vocal e atuação. No dia da estreia,
segurar a emoção como ele fez ao entregar uma rosa para o próprio Agnaldo
Rayol, durante a peça, e não perder o rumo do personagem, é para poucos.
Entendo o empenho do Marcelo, também produtor, em promover a homenagem, a esperar o tempo
certo para realizar um projeto de qualidade e, por que não, um sonho. São poucos
os artistas, da época de Agnaldo Rayol, já homenageados em cena. Cauby e
Orlando Silva viraram teatro. Rayol era merecedor e Marcelo faz com elegância
esta justa homenagem.

Na estreia, Agnaldo Rayol estava presente. Plateia,
homenageado, equipe e atores emocionados. Lágrimas e aplausos para “Agnaldo
Rayol – A Alma do Brasil”, ótimo e competente musical que o Centro Cultural
Correios nos presenteia.