segunda-feira, 31 de agosto de 2015

ESTÚPIDO CUPIDO


Conheci Françoise Forton, a Tetê da novela Estúpido Cupido, numa apresentação de As Lobas, no Teatro Clara Nunes. Depois da peça, houve um jantar no Hotel Copa D`Or, que virou hospital. Nossa primeira gargalhada juntos foi num restaurante no Largo do Machado, quando fomos assistir um show duma cantora amadora. Peço licença para contar outra história nossa: foi no Scala Rio, que virara teatro. A peça, “Com a Pulga Atrás da Orelha”. Durante 3 dias seguidos eu fui lá na saída esperá-la para jantarmos depois. No quarto dia... ela me apareceu loura!! “Loura?”- perguntei. “Loura...”- ela respondeu... Era a personagem de Kubanakan quem pedia a transformação. E por muito tempo a chamei, carinhosamente, de Loura.

Está em cartaz no Imperator, um dos melhores teatros da cidade do Rio de Janeiro, o musical Estúpido Cupido. Escrito por Flávio Marinho, a peça começa com as amigas Tetê e Ana Maria se encontrando para falar da festa de reencontro dos amigos do colégio. Ana Maria tem a missão de tentar convencer Tetê a comparecer e encarar o ex-marido Frank, a ex-amiga-desafeto Wilma e o garotão da época motivo de suspiro das meninas da turma, Teddy. A fluência de como a história é contada e a alternância entre presente e passado, é muito bem resolvida por Flávio Marinho. Alias, Flávio é craque. Sabe construir bons personagens, contar história com conteúdo, fazer rir e emocionar a plateia. Impossível não lembrar das nossas turmas da adolescência e, melhor, imaginar o que foi feito deles.

O cenário da Clívia Cohen é composto de estruturas em treliça prateada que se movem, ora como arquibancada, ora passarela, servindo muito bem para a movimentada  direção. O figurino, também de Clívia, é bonito, colorido e bem confeccionado. Com cores menos vibrantes para os personagens do passado, e cores muito alegres para os personagens do presente, a beleza do conjunto no palco é inegável. Bom também é ver o capricho da iluminação de Paulo Cesar Medeiros.




Como toda festa, as danças são muito bem vindas, por isso a coreografia de Mabel Tude é excelente. Gestos suaves e característicos da época – fim dos anos 60 e inicio dos anos 70. Sabemos que ali estão atores e não dançarinos profissionais e o mérito da coreografia é a competência com que todos executam o trabalho de Mabel. Liliane Secco é a diretora musical, acertando nos arranjos e tons dos números musicais, sabendo explorar com exatidão a capacidade vocal de cada ator. Os músicos Guilherme Viotti, Felipe Aranha, Jean Campelo executam não só os números musicais como também a sonoplastia. Gosto muito quando isto ocorre.

O elenco é composto de 11 atores, sendo 5 atuando como o passado dos personagens principais: Luisa Viotti, Julia Guerra, Ryene Chermont, Ricardo Knupp e Mateus Penna Firme. Todos cantam muito bem e sabem defender seus personagens para que sejam rapidamente reconhecidos com os seus pares “no presente”. Carlos Bonow é Teddy, o playboy da época e que ainda tenta se manter jovem, mesmo com a idade chegando. Tanto é que busca na ninfeta funkeira Danieli, interpretada por Carla Dias, a manutenção de sua jovialidade. Bonow e Carla Dias batem um bolão e são responsáveis por momentos de risos da plateia. Sheila Mattos é Wanda, a amiga-cobra, aquela que chega para atazanar a vida dos demais na festa. Aloisio de Abreu é Frank, ex-marido de Tetê, ainda apaixonado. Adoro Aloisio em cena! Seu momento Frank Sinatra é aplaudido com calor por todos. Clarice Derzié Luz é a engraçada e segura amiga Ana Maria. Ótima!

Confesso minha imparcialidade sobre Tetê, interpretada por Françoise Forton. Além de um carinho mais que eterno, dito e repetido várias vezes, vê-la em cena, realizando um sonho, é o que mais se pode esperar e desejar a um amigo. Sem sombra de dúvidas, sua Tetê é segura e extremamente emocional. A interpretação da música Estou Aqui é sensacional, o ápice da peça. Ali não é Tetê cantando, é Françoise. Linda como sempre, mostrando não só a sua garra como atriz, mas também que seu lugar é no palco, na tv, no cinema, ou seja, atuando para seu público.

Comandando a montagem, o sempre genial Gilberto Gawronski. Ótimo ver os personagens se comunicando com seus similares “do passado” e, ao mesmo tempo, tão presentes como integrantes da festa e coro vocal. A movimentação de cenário e a utilização do palco é inteligente, não havendo cenas sujas nem uma voz ou interpretação fora do tom. Um belo trabalho.

Queria eu poder encontrar amigos do passado numa festa... Lembro da turma da natação do América F.C. nas festas na casa da Patrícia Werner. Dos amigos do Instituto Guanabara nas festas no play da Priscila Iglêsias... Não lembro da novela, infelizmente. Talvez da abertura exibida à exaustão no Vídeo Show. Como sempre estudei à tarde, tampouco assisti reprise. Saí do teatro feliz e emocionado. Ver uma amiga feliz, bonita, realizada, é todo que se quer. Parabéns a toda equipe, ao produtor Eduardo Barata, elenco e músicos. Vida longa a Estúpido Cupido!!

 

Video de Françoise em Estúpido Cupido:

http://globotv.globo.com/rede-globo/memoria-globo/v/estupido-cupido-maria-tereza-sonha-em-ser-miss/2507234/


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